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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

sábado, 15 de janeiro de 2011

“A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

No mundo, todo mundo vive de olho em todo mundo...

A redundância é proposital, sim.

Esse é o clichê que todo crítico, que se pensa sabido – não me excetuo - usa para começar com elegância a censurar a realidade: “na sociedade em que vivemos”...

Dependendo do vazio filosófico que segue à crítica barata, e da falta de compromisso com a verdade, tal clichê se torna a pior espécie de moralismo que existe. O que o torna ainda pior é o uso padrão por gente que se acredita bem enquadradinha em “bons” padrões de moralidade...

Antes de começar a “espiar” - com “s” - a participação de todos na sociedade em que vivemos, neste processo de observação alheia, começo por “expiar” - com “x” - admitindo-me participante na comunhão dos “expiadores”, que fazem o justo e devido mea culpa neste processo de percepção da realidade.

Aqui, outra vez a redundância é tão proposital quanto o é o repeteco cheio de hipocrisia desse clichê dos mauricinhos e patricinhas padronizadinhos da sociedade em que... adivinhem... “da sociedade em que vivemos “ (eles e nós)...

Os críticos diuturnos da sociedade em que vivemos” – entre os quais ainda não sou perfeita exceção – passam a compor, muito rapidamente, para escapar ao que abjetam na sociedade em que vivem, as tais redes tribais, que são modos alternativos de protesto contra a tal sociedade em que vivemos...

Assim, as variadas tribos lutam por seu espaço na sociedade em que vivemos...

E, todas, formadas por blocos rígidos e obtusos de padrões comportamentais iludidos de pura ilusão (olha a redundância sarcástica aí de novo)... lá, neste gueto de resistência ao desmando geral da sociedade em que vivemos, prevalece a fé dogmática de que na liberdade tribal se estará imunizado contra a perversão múltipla que daí se origina...

Na multiplicação das sociedades alternativas dentro da sociedade em que vivemos, o poeta das trevas profetizava, com hinos de louvor à besta da auto libertação - nas décadas de 70 e 80 - a “solução” patética de quem julga odiosamente o mundo sem, antes, julgar com honesto amor a si mesmo: “Viva! Viva! Viva a sociedade alternativa...” louvam, ainda, os discípulos do tal profeta, que é preciso dizer: é falso!

Assim, no núcleo tribal das tais sociedades alternativas, cuja função dominante é o viver para criticar a sociedade em que vivemos, todo mundo se maquia segundo o estereotipo padrão da sua tribo.

Roupa, cabelo, moda, literatura, música, até linguagem própria - numa quase língua dentro da língua - definem os tipos “malucos beleza”, ideais das tais sociedades alternativas, sendo captados assim pelas lentes dos big brothers de plantão do mundo real...

Afinal, é só “dar uma espiadinha”... uma “espiadinha” constante... na vida alheia...

Mas, quando se trata de espiar e expiar a vida pessoal...

Qual é mano? Tá vacilando? Eu to di boa... na onda, tá sacando?!... tô na moral, tá ligado?!”

É muito curioso notar como a certeza do padrão moral da bandidagem – através nos novos jargões revolucionários que emergem do submundo do crime para as altas esferas do sucesso – ganha, a passos largos, a linguagem popular de quem vira estrela de horário nobre do dia para noite...

Tá ligado na onda do que tô dizendo meu?!

Há, contudo, os eruditos que, com linguagem mais sofisticada e usando apenas as gírias do eruditismo acadêmico, também estão “conectados” na percepção do fenômeno. O sociólogo Peter Berger, por exemplo, mergulha na constatação desse fenômeno e escreve inteligentemente uma profecia bastante lúcida sobre esse problema e sua dramaticidade na Obra: Modernidade, pluralidade e crise de sentidos.

O título é tão feliz quanto à precisão do conteúdo que... quase dispensa a leitura da Obra... quase, eu disse... neste caso, vale a pena dar uma “espiadinha”...

Uma sinopse sucinta do livro, a partir só do título da Obra, no meu atrevimento seria: a modernidade, protestando contra si mesma, multiplica sua pluralidade (em todos os setores da sociedade em que vivemos) e isto, gera uma estupenda crise de sentidos...

Como a mecânica interna deste fenômeno é cíclica, então, os novos sentidos gerados pela multiplicação da pluralidade dos grupos que buscam espaço externo para seus sentidos internos (as tais tribos), agem, novamente, na sociedade em que vivemos, modernizando compulsivamente os modelos comportamentais...

Este mecanismo, da compulsão, vai passando, pouco a pouco, à opressão...

Depois à obsessão e...

Se dependesse do diabo, certamente terminaria numa possessão coletiva...

Ainda bem que a possessão só pode ocorrer com estrita permissão de Deus... e o Diabo é muito orgulhoso para ficar dobrando os joelhos diante de Deus para pedir as coisas... o faz raramente... e raramente Deus o concede... e quando o concede é para vencer o próprio Diabo com a ilusão de que ele poderá reinar para sempre no coração do possuído...

Raciocínio este que por si só prova que há mais teatro nas “sessões descarrêgo” (com direito à vaga de caísta: aquele que é pago para cair) do que libertação espiritual propriamente...

E depois, que conversão é esta baseada numa mudança de vida que se resume apenas a uma presunçosa coleção de vitórias na vida terrena?!...

A alma? A vida eterna?... que bobagem – pensa o inconsciente deles – se minha fé é forte o bastante para exigir de Deus os resultados que eu quero na vida presente, quem é Ele para negar-me o Paraíso, não é mesmo?!

E a bola de neve rola ladeira abaixo... voltemos a ela, a “bola da vez”, isto é, as “espiadinhas” na vida alheia da sociedade em que vivemos...

Por enquanto, o gigante de gelo da frieza egoísta de cada tribo - do tribunal de suas “espiadinhas” na vida alheia – está adormecido na grande massa social...

Chegará a hora – e a hora é essa - em que esse gigante de gelo irá despertar a consciência da hibernação do julgamento de si mesma, causando verdadeira avalanche de crises existenciais...

Sabe onde?

Isso mesmo: na sociedade em que vivemos...

Claro, como poderia ser na sociedade em que não vivemos?!...

E as sociedades alternativas que se cuidem, pois o profeta-poeta já morreu e não vai ressuscitar para salvar a consciência de ninguém do pesadelo de ter deixado de cuidar das “traves no próprio olho” para ficar, dia e noite, dando “espiadinha” no cisco da vida alheia (virtual, artística ou real, privada ou pública)...

E já que o Papa disse na sua última catequese de quarta-feira, que o “Purgatório não é um ‘espaço’ onde as almas são purificadas, mas um ‘fogo interior’ que purifica a pessoa...” (http://www.zenit.org/article-26965?l=portuguese), então, como não haverão de arder pavorosamente, nas terríveis chamas do juízo de si mesmo, as almas, quando as consciências descobrirem que viveram só para dar uma “espiadinha” no comportamento alheio da sociedade em que vivemos?!...

Pensa que estou livre disto?!...

Por isto que desde já fiquei monge, para ir purgando a consciência de mim mesmo na severidade do juízo próprio... eis a minha principal “expiação”!

Mas, enquanto não chego à perfeição, vou dando uma “espiadinha” na relação intrínseca do “espírito revoltoso” que “conecta” o modelo mental dos últimos cinco séculos, “tá ligado”?!

Como todo fenômeno, também este das sociedades alternativas, que exalam seu ódio e indignação com a sociedade em que vivemos, tem seu movimento interior causado por um mecanismo universal. A engrenagem principal deste sistema temerário do julgamento alheio é: a revolta.

O indivíduo revoltado contra os fatos e as circunstâncias – e muitas vezes contra si mesmo - busca identificar-se com os grupos que exprimem o mesmo protesto íntimo, ou seja, a tribo em que se encaixa...

Engraçado e mesmo incrível é que, justo na era da sociedade em que vivemos, acostumada a “espiar” tudo referente à vida e ao comportamento alheio, ninguém parece perceber a relação intrínseca deste mecanismo do espírito revoltoso (http://freiflaviohenrique.blogspot.com/2010/11/o-reinocentrismo-atual-na-esteira-do_13.html).

Todo mundo está prestando atenção em todo mundo... e, como salientei anteriormente, apesar disto, de modo curioso e incrível, ninguém percebe a profunda conexão entre:

  1. as tais sociedades alternativas, preconizadas por aquele mesmo falso profeta que reconhece a “luz das estrelas... que nasceu há dez mil anos atrás” (você sabe bem quem é o falso profeta e quem é a luz das estrelas que ele anuncia, não é mesmo?!);
  2. o postulado iluminista (hum! Será que essa iluminação caiu das estrelas?!) do Princípio da Autonomia de Kant, o mago da razão pura... (deixa a Razão e a Pureza saberem disso...);
  3. o espírito revoltoso da reforma protestante que parte dos solas de Lutero, isto é, basta a força da fé na graça e na escritura e está tudo resolvido... aí o sujeito já é um iluminado e se julga forte e auto suficiente o bastante para dispensar a Tradição, os Sacramentos da Salvação, a Comunhão dos Santos... e, se bobear, pode dispensar até mesmo Cristo, caso Ele não faça como é exigido tão somente pelo modo como o fiel concebe a Fé, a Graça e a Escritura...;

É... a sociedade em que vivemos parece “espiar” - com “s” - tudo e todos, menos ela própria, visto que ninguém quer saber de “expiar” (com “x”, não confunda heim!)...

A sociedade em que vivemos não percebe o fio contínuo do erro, que só pluraliza e multiplica as crises de sentido na modernidade...

Ou seja, basta somente ter fé no “benefício” desses paradigmas - sem “expiar” com “x”, isto é, purgar a desgraçada conexão entre eles – e... “to di boa”...

A mensagem “libertária” comum destes três paradigmas é: preciso somente acreditar que estou pronto, acabado e livre para “espiar” a vida alheia e cobrar da sociedade em que vivemos – visto que a culpa é sempre do Estado, de fulano, de beltrano - sem precisar voltar o olhar contra mim mesmo e, pronto... “tô” salvo... os outros que se lixem, que comunhão de santos que nada...

Assim, as sociedades alternativas, inclusive “cristãs”, louvam:

Viva só a graça (segundo as necessidades de cada um)!

Viva só a escritura (segundo o entendimento de cada qual)!

Viva só a fé (segundo as convicções individuais)...

Tudo isto a partir de Lutero, mas, não segundo ele... segundo o bel prazer de cada qual, é claro! Afinal, cada um está certo de que é a sua tribo cristã aquela que “verdadeiramente” conhece a jesus (isso, com letra minúscula mesmo)...

Assim são as sociedades alternativas cristãs na sociedade em que vivemos. Elas se guiam através do olhar próprio e independem da verdade que as transcende. É este olhar que lançam sobre a Graça, a Escritura e a Fé... de preferência voltado contra todos, através da “espiadinha” na vida alheia... nada de Tradição e nada de “expiação” com “x”... ô glória!!!

Viva o Princípio da Autonomia de Kant... desde que seja questionada toda e qualquer tipo de autoridade, salvo a minha... essa ninguém tasca...

“Viva! Viva! Viva a sociedade alternativa!”, do profeta-poeta que pensa salvar a liberdade tornando-a escrava da completa falta de submissão e ordem...

Esse é o big brother da vida real...

O outro é só um plágio televisivo, que fatura rios de dinheiro justamente com a audiência que lhes dão tanto aqueles que gostam de dar uma “espiadinha” na telinha, quanto daqueles que se ruborizam de horror com as tais “espiadinhas”... esquecendo-se, estes últimos, que sua conclusão, é também uma “espiadinha” revoltosa contra a tal sociedade em que vivemos”...

Claro, antes que se diga, também eu, através desta reflexão, estou dando uma “espiadinha rapidinha” no fenômeno que varre o globo nos últimos cinco séculos, a saber: a “espiadinha” sem “expiação”...

A sociedade em que vivemos crê, individual e coletivamente, na sua “divinização”, na medida em que cada qual enxerga a perfeição do próprio Eu, e imperfeição no Eu do resto... quando, a verdade subsiste no fato de que: não há nem perfeição nem imperfeição quer no meu “eu” quer no “eu” do resto, na medida em que a perfeição é um estado a ser atingido em Cristo (cf. Santo Ireneu de Lyon).

Espiou com “s” direitinho o que eu disse? Pois é... eu estou “expiando”... com “x” mesmo...

Se não “expiou” até agora, aproveita para começar a “expiar”, desde já no purgatório da consciência o juízo de si mesmo...

É isso aí... já que vive “espiando” – do verbo observar – a vida alheia, não pense que se livrará de “expiar” – do verbo purgar – a própria vida... se não aqui, agora, na sociedade em que vivemos, depois, se der sorte, como diz o Papa Bento XVI, no “fogo interior” do purgatório...

Caso contrário, as labaredas da condenação perpétua de si mesmo, jamais lhe servirão como refrigério a Visão de Deus, o Único que nos Espia sem errar e o Único que Expia o bastante para nos Salvar... Ele que é o Verdadeiro Big Brother da realidade... Tá ligado?!

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

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