Hoje, uma reflexão rápida... Sem mergulhos intensos no âmago da questão abordada... Será que consigo??? (rsrs)... bem, tentar é possível...
Mas, qual é mesmo a questão a ser abordada?:
Abordarei uma das causas que me leva a fazer tantas reflexões e manter um blog de reflexões densas na contramão da praticidade objetiva do leitor atual...
Além de honrar o estatuto constitutivo da minha natureza – humana (pensante) – refletir é uma necessidade requerida nestes tempos.
Seria muito pouco, em qualquer época – mesmo nos dias atuais - corresponder à vocação do ser humano de pensar, refletir, ponderar, enfim, usar a razão crítica, se eu oferecesse a mim mesmo o exercício de tal capacidade de maneira reduzida, sem levantar questões mais profundas...
Por quê?
Entre tantas respostas possíveis e necessárias, uma realça: preciso escapar - e rápido - da estraçalhante velocidade das informações, notícias e conteúdos do pensamento atual, tão ligeiro quanto fugaz...
Tudo é super prático... muito mais que isto: é para lá rápido... o fest está muito pra além do food, não é mesmo?
O sistema da sobrevivência, que funda o homem no paradigma da velocidade, eclodiu com o modo de produção industrial. Mas, antes disto, no oeste americano fora inaugurada a era do gatilho mais rápido. Agora, em todo ocidente movido pela mecânica da concorrência voraz, continua valendo o saque mais rápido. Bang! Bang! Fazer o quê?! Para disparar não é necessária uma razão diferente do simples direito de sobrevivência, estimula a lei de mercado...
Com a mão roçando o coldre da subsistência, não há tempo para pensar... É sacar, apontar e disparar... três operações quase num único movimento... Engatilhar um pensamento é dar ao concorrente a possibilidade de disparar e abater... e aí?... rá, ré, ri, ró, rua...
Se o tempo é capital, quem é que pode se dar ao luxo de refletir? Especialmente refletir contra o sistema de resultados práticos?
O homem moderno construiu a tecnologia da velocidade. As redes sociais e multimídias, nesta era digital, fazem do sistema binário o canhão de campanha nas frentes coletivas. As habilidades individuais no uso destas tecnologias digitais, na competição pela busca do sucesso, são um colt 45 para os mais atrevidos, que atiram a curtas distâncias na busca por resultados e um winchester para os mais técnicos, que atiram a distâncias médias e longas na busca do mesmo objetivo.
A realidade é que se atira para todo lado. Quem para a pensar vira alvo da dinâmica hiper mutável.
Há, todavia, neste modelo antirreflexivo, um padrão inteligente de raciocínio. Honestamente, não se pode dizer o contrário. Não é que se trate de um raciocínio tacanho ou medíocre, devido ao fato de desenvolver-se de modo super veloz. Esta hiperatividade, ao invés, desenvolve e promove raciocínios brilhantes que são produzidos neste ambiente favorável para este modelo mental. É, de fato, surpreendente, a eficácia e eficiência lógica do raciocínio rápido e direto deste modus pensandi. O raciocínio se torna binário também: eficiente, preciso e rápido... rapidíssimo... põe veloz nisso...
Mas, se por um lado, todo este raciocínio rápido é o valor efetivo deste modelo, enquanto dinamizador de resultados eficazes e eficientes, por outro, é sua corruptela, visto que não há espaço nem tempo para a necessária ruminação reflexiva das idéias.
E este frenesi estrangula a sensatez. Faz-se e faz-se bem feito, sem dúvidas... mas, as questões fundamentais que dão melhor e maior sentido ao ser pensante ficam em aberto:
Convinha ter feito? Os resultados foram bons qualitativamente, para além do êxito quantitativo? Quais as conseqüências em médio prazo? E em longo prazo?... Em curto prazo nem há tempo de perguntar, pois que a superposição de eventos sequer possibilitam esgotar os prós e os contras do feito...
As conclusões tiradas correspondem à efetiva verdade dos fatos ou se ilude com o utilitarismo das aparências da verdade? As coisas são apresentadas como elas de fato são ou a realidade está se virtualizando de tal maneira a transformar o mundo num grande teatro de encenações?
Ora, se é assim que funciona o sistema vigente, que exige formato correspondente entre aqueles que pretendem fazer a diferença, que aventura insensata é essa de ousar refletir na contramão da história?
É a aventura da verdade, na qual não há desventura!
A verdade é e permanecerá sendo, ainda que se encontre embaçada pela lógica binária do sucesso rápido e do resultado quantitativo, baseado na qualidade das aparências, sem compromisso com as essências...
Afinal, tudo passa... Também esta matemática de resultados, cedo ou tarde, irá passar...
Digo mais, engolirá a si própria, ficando entalada com o multiplicado volume da falta de sentido e do vazio real existencial...
Sendo assim, só para não ser pedante na pretensão de antecipar o fim daquilo que parece estar só começando, me valho da praticidade lógica – só desta vez – para exprimir com rapidez de raciocínio e com pouca ponderação reflexiva esta conclusão direta e sem maiores questionamentos.
Em outras palavras: preenchi o espaço reflexivo de hoje, mas não motivei a reflexão com raízes mais arraigadas. Como sou da paz e na quero concorrer com ninguém, apesar de correr na direção da verdade, admito: esta postagem é só um estalinho... quem sabe um tiro de espoleta... no máximo um tiro de festim...
Na corrida pela verdade - e não pelo sucesso - então, vale recordar: é com tiros disparados de festim que partem, na disposição de vencerem os próprios limites, os grandes atletas.
No que diz respeito ao atletismo do raciocínio, continuarei arrastando a Cruz da Prudência, vagarosa que só...
Sem maiores problemas continuarei perdendo, na perspectiva do sucesso, cada etapa temporal da existência, mas, como a tartaruga, mais confiante na constância da perseverança que no atrevimento lépido e inconseqüente da lebre, não perderei de vista o prêmio da chegada: a vida eterna!
Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN
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