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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

sábado, 29 de janeiro de 2011

O encontro de Jesus com Zaqueu ( Lc 19, 1-10) p/ Dom Farès Maakaroun

Amados meus,

A passagem que acabamos de ouvir da Sagrada Escritura, o encontro de Jesus com Zaqueu, para nós sacerdotes possui uma característica fundamental, pois é o encontro que Jesus celebra o Sacramento da Confissão, o Magnânimo Sacramento da Misericórdia de Deus ao Homem.

Jesus, em suas atitudes e na sua forma de dialogar com Zaqueu, transmite a nós sacerdotes o quanto devemos ser e agir, para que o sacramento da confissão, o magnânimo sacramento da Misericórdia, seja vivido entre o sacerdote e o penitente

O encontro de Jesus com Zaqueu quase como um fato casual. Jesus entra em Jericó e atravessa a cidade acompanhado pela multidão (Lc 19, 3). Quanto a Zaqueu, sobe a árvore levado pela sua curiosidade. Às vezes os encontros de Deus com o homem revestem-se precisamente da aparência da casualidade. Mas nada é «casual» entre Deus e o Homem.

Na minha experiência em ministrar o sacramento da confissão, muitas vezes fico perplexo com o fato de que alguns fiéis chegam a confessar-se não sabendo bem sequer o que querem. Alguns tomam a decisão de ir confessar-se apenas porque sentem falta de ser ouvidos. Outros, pela necessidade de receber um conselho. Outros ainda, pela necessidade psicológica de libertarem-se do peso do «sentido de culpa».

Porém, muitos, para minha alegria, sentem autêntica carência de restabelecer uma relação com Deus.

Pois bem! Tal é o caso de Zaqueu. Se, num dado momento, não se tivesse verificado a «surpresa» do olhar de Cristo, ele teria ficado talvez um mudo expectador da sua passagem pelas estradas de Jericó. Jesus teria passado ao seu lado, não dentro da sua vida. Ele próprio não suspeitava que a curiosidade, que o levara a um gesto tão singular, era já fruto duma misericórdia que o precedia, atraía e, bem depressa, mudaria no íntimo do coração: «Quando chegou àquele local, Jesus levantou os olhos e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, pois tenho de ficar em tua casa” (Lc 19, 5).

Quando Jesus disse: «Tenho de ficar em tua casa». É uma proclamação. Antes de indicar uma decisão de Cristo, estas palavras proclamam a Vontade do Pai. Jesus apresenta-Se como alguém que tem um mandato concreto. Ele próprio tem uma «lei» que deve observar: a Vontade do Pai, que cumpre com tal amor que dela faz o seu «alimento» (Jo 4, 34). As Palavras com que Jesus Se dirige a Zaqueu não são apenas uma forma de estabelecer uma relação, mas o anúncio dum projeto traçado por Deus.

O encontro dá-se no âmbito da Palavra de Deus, que se identifica com a Palavra e o Rosto de Cristo. Isto mesmo constitui o início necessário de todo o encontro autêntico para a celebração da Penitência.

No sacramento da Confissão, nós sacerdotes somos instrumentos dum encontro sobrenatural com leis próprias, que devemos apenas respeitar e favorecer. Deverá ter sido, para Zaqueu, uma experiência impressionante ouvir chamar-se pelo seu nome. E ouve proferi-lo com uma ternura tal que exprime não só confiança, mas familiaridade e de algum modo urgência duma amizade. Sim, Jesus fala a Zaqueu como a um velho amigo, que talvez O esquecera, mas nem por isso Ele renunciara à sua fidelidade e, por conseguinte, entra com a doce pressão do afeto na vida e na casa do amigo reencontrado: «Desce depressa, pois tenho de ficar em tua casa» (Lc 19, 5).

Diz Jesus: «Tenho de ficar em tua casa» seguindo o mapa misterioso das estradas que o Pai Lhe indicou, Jesus encontrou no Seu Caminho também Zaqueu. Detém-Se na sua casa, como se tratasse dum encontro previsto desde o princípio. A casa deste pecador está para se tornar, um lugar de revelação, o cenário dum milagre da misericórdia. Certamente que isso não acontecerá, se Zaqueu não libertar o seu coração, não se arrepender profundamente de seus vícios e enganos.

O homem, por si mesmo, nada pode; e nada merece. A confissão, antes de ser um caminho do homem para Deus, é a chegada de Deus à casa do homem.

Amém! Aleluia!

Dom Farès Maakaroun

Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Greco-Melquita no Brasil

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