Páginas


Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Enfrentando a crise da realidade...

É sabido de todos – ou ao menos percebido por uma maioria - que nossa época é atípica em muitos aspectos, devido à esmagadora quantidade e velocidade de informações, que causam uma verdadeira “fissura nuclear” na capacidade de consenso entre os homens (a fissão do núcleo atômico é o princípio da explosão e propagação da bomba nuclear).

Na era em que, seguindo o super dogma da “metodologia científica” em voga, como sendo o único parâmetro para se obter a “verdade” sobre as coisas, as teorias mais incoerentes são admitidas como marcos históricos da realidade.

Embora tais conhecimentos admitam contestação teórica - desde que demonstrável segundo os mesmos critérios metodológicos - não admitem questionamento prático, ainda que os desastres resultantes destes desmandos indiquem a causa.

Mesmo assim, todos se debruçam ciosamente sobre as conseqüências do fato gerado, ignorando a causa geradora por reverência à evolução tecnológica e cultural, fazendo-se de rogados diante do “grande” saber acumulado pelos homens.

Isto se mantém, desgraçadamente, ainda que os frutos evidentes do conjunto resultante da aplicação prática de tais teorias de conhecimento demonstrem, pelo conjunto dos fatos, as desastrosas conseqüências dos erros advindos deste conjunto de saber que é, a um só tempo, contraditório e incompatível com os princípios imutáveis da verdade.

Vamos pegar um exemplo prático bem localizado.

Hoje, o psicologismo familiar e educacional vem coibindo, muitas vezes por força de lei, o direito natural dos pais e educadores de corrigirem seus filhos e alunos (não se trata de legitimar os terríveis casos de violência contra a criança), intimidando o dever de se estabelecer limites francos para a liberdade que está apenas em processo de DESENVOLVIMENTO.

Resultado: os jovens e adolescentes dessa geração, sem que tenham formação plena de consciência, ignoram desde cedo o princípio da autoridade.

Logo, como a sociedade poderá esperar que eles, um dia adultos, venham a aceitar os limites postos pela própria sociedade civil, através das instituições do estado democrático?

Acreditar que isto se dará naturalmente - reservada as decentes proporções na comparação analógica - é o mesmo que criar um poodle como se fosse um pitbull ou um pitbull como se fosse um poodle, visto que a índole varia de indivíduo para indivíduo.

É óbvio que todo ser humano possui aptidões de assimilação muito para além do pragmatismo instintivo de um poodle ou de um pitbull.

Mas, é óbvio também que o ser humano tanto pode assimilar os impactos da realidade com resignação ou com revolta, desenvolvendo em conseqüência uma índole mais graciosa como a de um poodle ou mais violenta como a de um pitbull.

Seja como for, não se pode universalizar pragmaticamente o modelo de criação tratando igualitariamente os gênios e as índoles como se todos os gênios e índoles fossem de um bichinho de estimação sensível e frágil, criado dentro de um apartamento e depois despejado na selva amazônica para sobreviver por contra própria. As chances de sobrevivência serão mínimas, é óbvio.

Maior estupidez há em supor que se poderá transformar a selva amazônica no ambiente “civilizado”, “seguro” e “tranqüilo” do próprio AP, para pretender que seu bichinho mimado sobreviva nela.

Esta não é a realidade da vida. A realidade às vezes nos dá verdadeiras surras, que fazem as palmadas de nossos pais e o castigo imposto pelos nossos educadores, parecerem verdadeiros mimos, e agradáveis carinhos que nos fizeram mais fortes para a crueldade do mundo.

A vida é dura e cheia de confrontos e temos que estar preparados para elaborar os desafios e desafetos que ela nos impõe, por vezes, com pavorosa violência...

Isto não significa, contudo, que se deva transformar o ambiente familiar civilizado - do AP e das escolas - numa franca vida selvagem e sem limites civilizatórios no trato e na educação.

Os filhos não precisam ser educados como animais selvagens para sobreviverem à realidade de selva no mundo. Têm que ser educados como homens, prontos para dominar a vida na selva de pedra.

Na verdade, o que defendemos aqui é a realidade de que as crianças nem são animais selvagens para serem tratados com truculência de caçadores armados até os dentes e nem são animaizinhos domésticos para serem mimados num culto idolátrico.

Crianças são seres humanos com consciência e capacidade de pensamento, escolha refletida e juízo crítico, AINDA EM DESENVOLVIMENTO, mas aptas para serem estimuladas a compreender a regra universal dos homens: liberdade que supõe limites!

E para estabelecer limites deve existir autoridade.

Não fosse assim, porque todos concordam que devam existir: forças policiais (armadas para matar, se for preciso); exército (para garantir por força bélica a ordem nacional); poder legislativo (para fazer leis que obriguem aos homens submissão às regras de convivência social); tribunais de justiça (para regular, pela autoridade da magistratura, o cumprimento das leis); enfim, toda uma estrutura de sociedade voltada fortemente para a regulação, garantia e aplicação dos direitos e deveres individuais e coletivos do ser humano, por força do paradigma da autoridade civil?

Ora, se os pais e educadores não têm direito de corrigir seus filhos com os recursos da punição necessária para coibir que a liberdade descambe para libertinagem, que direito têm os pedagogos educacionais, baseados em teorias psicológicas que pretendem impor aos pais e mestres, de exigir que a sociedade puna e coíba - por autoridade ainda mais severa (a policial, por exemplo) - estes mesmos indivíduos quando eles, tornados adultos sem limites ou fronteiras, transferirem para o tecido social a desordem que DESENVOLVERAM, em casa, sob os auspícios insanos destas teorias psico-educacionais?

Se carne gorda e álcool atacam o fígado e produzem dor de cabeça, a “melhor” receita para o utilitarismo do sistema vigente, ao que parece, é receitar neosaldina.

Assim, todos ficaram felizes: o açougueiro e o pecuarista, que não deixaram de vender a carne gorda, o comerciante e o fabricante de bebidas que não deixarão de faturar com seu negócio, o médico e o farmacêutico que não deixaram de fazer fortuna, e, por fim, o próprio consumidor, que poderá manter seu desfrute sem deixar de resolver o inconveniente da dor de cabeça...

Uma beleza! Todo mundo feliz da vida... Dá-lhe carne gorda, pinga e neosaldina... O fígado que se exploda...

Assim funciona a sociedade organizada, com seus sistemas de educação e correção.

Desenvolvem complexos sistemas educacionais que na prática acabam por favorecer o desmando e a desordem, a partir da má escolha e do mau uso da liberdade que imputam às vítimas dos sistemas pautados em teorias de reconhecida titulação.

Depois, para completar o ciclo desse sistema de “ganha-pão” honesto, constroem gigantescos sistemas correcionais para controlar a ordem social.

E tudo rende que é uma beleza... Todo mundo ganha, no final...

Só não as crianças, as quais apenas terão que aprender a virar no mínimo um(a) gatuno(a) arisco(a) na administração da renda, depois de adultas, para conseguir sobreviver na selvagem disputa do mercado de trabalho, e resistir, caso consiga esta façanha, às bocadas do Leão do IR...

Opa... que há por trás desses questionamentos severos contra os sistemas e suas ideologias? Uma repugnância revolucionária? Um ideal anarquista contra a perpétua falha dos sistemas organizacionais da sociedade?

Claro que não. Nada disto. É apenas uma constatação da realidade, para melhor auferir as falhas do necessário padrão organizacional do homem, que é um ser social.

Os mecanismos que são aplicados no tecido social com base nas teorias das novas ciências como psicologia, sociologia, pedagogia e afins, são todos devedores dos modelos antropológicos incapazes de compreender o homem pelo que de fato o homem é.

Arriscam uma compreensão do homem a partir de seu comportamento, e esta noção do homem não é capaz de dizer a verdade sobre ele mesmo, na medida em que os comportamentos podem contradizer sua própria natureza.

Em outras reflexões deste blog já tratamos disto mais amiúde. Aqui, apenas queremos tocar a ferida aberta para que se perceba que é preciso tratá-la antes que uma infecção irreversível tome todo o corpo da sociedade humana, levando-o a uma septicemia generalizada e grave.

Se tapar o sol com a peneira impedisse a insolação, eu me comprazeria em viver conformado passivamente, valendo-me das benesses desses sistemas e seus corporativismos institucionais fraudulentos. Faria minhas reflexões aplaudirem o conjunto das realizações e feitos do conhecimento acumulado pelo homem, para vender-lhes o fruto de minha inteligência.

Eis porque me tornei monge e fiz voto de pobreza. Não tenho necessidade de vender o que penso.

Mas não sou dono da verdade, por isto fiz também voto de obediência. Assim, estou sujeito à regulação de terceiros. Contudo, os que tem o direito de me corrigir, têm antes o dever de não se oporem à verdade.

Quanto à castidade, é só uma pequena surra na minha indomável vontade de fazer o que quero e quando quero. Desse modo, educado para DESENVOLVER a totalidade do meu ser, aumentam as chances de que eu possa me tornar mais perfeito e dócil, na obediência ao bem comum e na pobreza da minha consciência para o benefício da verdade na consciência alheia.

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

Nenhum comentário:

Postar um comentário