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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A verdade é dogmática, imutável e inexorável?

Estou ciente de que alguns dos textos postados neste blog têm intrigado bastante um ou outro leitor. Primeiramente, é importante que se diga que este é o objetivo deste blog: postar REFLEXÕES e PROVOCAÇÕES DO PENSAMENTO.

Como provocar o pensamento sem levantar questões contundentes e até mesmo incômodas, a partir da realidade instalada?

As consciências – ainda que relutem em admitir - estão instaladas na grande inércia coletiva da falsa “caridade”, pretendida com o “politicamente correto”. O desalojamento é o norte magnético destas provocações reflexivas:

“conhecereis a verdade, e ela vos libertará!” (Jo 8, 32)

O que estamos dizendo? Que dispomos da verdade e a transmitimos com inaudito acerto inquestionável e perfeita completude?

É óbvio que não. O simples fato de presumir isto já seria o primeiro passo para estabelecer limites à verdade que, não obstante seja absoluta em si mesma, não se acondiciona ou reduz pragmaticamente conforme o interesse ou conveniência de quem quer que seja. E isto, sobretudo, se aplica às nossas provocações reflexivas.

Todavia, o fato de que a verdade não pode ser apropriada indebitamente dela mesma, na tentativa de se compreendê-la e ou transmiti-la, não subtrai dela a contundência que lhe é própria e a imutabilidade que constitui sua natureza intrínseca.

Partamos de alguns exemplos práticos disto que estamos dizendo – mesmo que já tenhamos citado um ou outro nestas provocações ou noutros textos não postados aqui neste espaço - em concordância com um postulado fundamental sobre a verdade. Faremos isto a partir da afirmação peremptória do primeiro Grande Doutor da Igreja, que afirmava existirem os dogmas imutáveis da verdade! (Santo Ireneu de Lyon).

A verdade é, pois, dogmática? É imutável? Ou, como pretende o modelo mental relativista dos últimos cinco séculos, provar por “a” + “b” - como se fosse igual à “c” - que a verdade não é absoluta em si mesma?

Lembremos antes a tudo que dogma aqui não se refere às Verdades da Fé, mas, ao conceito filosófico de estabilidade perene de uma evidência. Mesmo assim, não perderemos a oportunidade de lembrar que tamanho é o impacto do paradigma relativista instalado que, não é incomum, no campo da teologia, ouvir teóricos – inclusive católicos – admitirem sem rubor que os Dogmas da Fé também possuem sua relatividade “epocal”, e estariam sujeitos à força superior da hermenêutica (interpretação do texto segundo contexto), que os circunscrevem relativamente à visão de uma determinada época, reduzindo-os em suas perenidades.

Mas, como disse, os Dogmas da Fé não são o objeto desta PROVOCAÇÃO REFLEXIVA. Só fizemos alusão ao fato para que não se perca a excelente oportunidade de fazer o devido registro, de como a perfídia do relativismo corrói os porões mais sólidos do senso comum, no tocante à imutabilidade da verdade.

Voltemos, então, à imutabilidade dogmática da verdade...

A verdade pode ser mutável? Se ela é imutável, tal imutabilidade não estaria relativa ao(s) parâmetro(s) da percepção e/ou limites do entendimento? E se ela está relativa às certas circunscrições da lógica investigativa, isto não a torna, portanto, certa maneira relativa também?

Tentaremos provocar o raciocínio na direção destas questões, como também elas hão de servir para produzir novas questões pertinentes ao tema, visto que: se, por um lado, a verdade não se pulveriza em fragmentos contraditórios, por outro, ela não se cristaliza numa percepção obtusamente particular, devido aos paradoxos que a fazem transcender às nossas percepções.

Consideremos um primeiro caso como parâmetro prático de reflexão, apresentando a seguinte seqüência de questões:

Ao findar o dia o que acontecerá - para nós que estamos no ocidente - com o sol? É possível que ele permaneça imóvel no céu impedindo que a noite abrace todo o oeste a partir da Europa? E depois de completado este fato inevitável e recorrente (o ciclo solar é assim desde o princípio da terra), é possível que após o sol ter partido do nosso horizonte, ele não retorne ao raiar de um novo dia, após completar o repetido ciclo?

Mesmo que alguém odeie o ambiente luminoso do dia ou, tendo hábitos notívagos, prefira apaixonadamente a noite, poderá haver esperança de que algum dia esta mecânica não aconteça, regozijando-se só com o dia ou só com a noite, conforme a preferência?

Ora, não é necessário ser cientista ou crente para afirmar, sem absolutamente nenhuma chance de errar, que não!

Enquanto o sistema solar existir tal como existe, quando no ocidente brilhar o sol diurno, no oriente a penumbra noturna reinará e vice-e-versa. Esta é uma verdade imutável para a humanidade. Tão dogmaticamente imutável que, se caso as forças cósmicas alterarem este padrão perpétuo de funcionamento, sucumbindo a relação intrínseca dos corpos celestes no sistema solar, o que aconteceria?

A terra, por exemplo, deixando de girar em torno do próprio eixo, viria a comprometer todo ciclo da vida e, conseqüentemente, o planeta morreria. Resultado: não apenas a nossa percepção desta verdade imutável iria ser transcendida, mas, na inexistência de vida humana racional, toda lógica compreensiva da verdade igualmente deixaria de existir.

De modo que nem o fato absoluto da verdade, nem a sua percepção relativa, existiriam mais ao passo que os astros remanescentes seguiriam nova ordem igualmente lógica e igualmente imutável, dentro de rigorosos parâmetros também imutáveis dentro do novo ordenamento.

De resto, caso alguém queira se valer desta constatação para “provar” que tal imutabilidade neste caso foi rompida pelo novo paradigma, um lembrete: a imutabilidade é legal. Mas o que isto significa? Que ela segue leis, igualmente imutáveis dentro daquele conjunto ordenadamente matemático. Fora disto, já não é mais isto, é aquilo... Ou seja: enquanto é isto, é somente isto. Enquanto é aquilo, é somente aquilo...

Cada coisa é o que é – e não deixa de ser enquanto é – devido ao que é enquanto pode ser. Deixando de ser o que é, já não pode ser nem não ser, visto que já não é.

Logo, dentro dos limites legais do tempo e do espaço, tudo está sujeito a esta condição do universo. E não há exceção mesmo no âmago quântico das partículas cósmicas.

Ora, se esta é uma lei inexorável em todas e quaisquer galáxias e universos físicos (caso sejam mais múltiplos do que se imagina), então, mesmo dentro dos limites do tempo e do espaço, acabamos de identificar uma realidade absolutamente imutável... pelo menos enquanto o mundo natural existir, não é mesmo?!

Este é tão somente um exemplo demonstrativo da lógica inerente ao dogmatismo imutável da verdade, inexorável em si mesma.

Claro que este exemplo - entre tantos inúmeros que se poderiam citar - dentro do paradigma da naturalidade, possui também certa “mobilidade” rigorosamente sujeitas à imutabilidade das variáveis tempo/espaço.

Visto que tudo na natureza criada está sujeito à outro tipo de inexorabilidade - que são estes referenciais perfeitamente lógicos segundo as variáveis tempo/espaço - então, não estamos considerando, aqui, o argumento metafísico referentes aos mundos Sobrenaturais e preternaturais, segundo a teologia. Nem estamos considerando a metafísica no âmbito estrito da filosofia. Nosso postulado para tanger a verdade é muito mais modesto. Circunscreve-se à naturalidade, em suas evidências lógicas e não especulativas, mas, observáveis e demonstráveis.

Contudo, não obstante a evidência palpável do raciocínio lógico, não faltará nunca - hoje ou no futuro, como jamais faltou no passado - quem colocará em relevo, antes à patente evidência da realidade (como ela é em si mesma), um conjunto de hermenêuticas que a deformam para que seja compreendida como se quer.

Esse é o princípio que perpetua a antinomia à verdade: as hermenêuticas devedoras dos modelos mentais. Hoje, mais que em outras épocas, a forma mentis é o princípio causal da fragmentação contraditória entre tantas visões do mundo e do homem que pretendem se unir holisticamente.

Princípio estranho este. Causa-se o esfacelamento da verdade distorcendo-a num conjunto antilógico de raciocínios paralelos e intangíveis e, depois, se pretende fazer uma “colcha” com os retalhos de um conhecimento acumulado por teorias fundamentadas no cientificismo de teorias igualmente fragmentadas, contraditórias umas em relação às outras e antônimas, todas, à verdade enquanto tal.

Não é a primeira vez - e certamente não será a última - que, em nossas reflexões, faremos ecoar, por exemplo, no campo do conhecimento do homem sobre ele mesmo, a inominável falta de fundamento ontológico das mais variadas antropologias atuais.

Neste campo da antropologia temos um exemplo estupendo de um dogma imutável da verdade: o homem, desde seu primeiro momento como ente na fase celular do zigoto, jamais saltará “evolutivamente” para outra coisa que não humana. Isto é, jamais um zigoto humano poderá “evoluir/involuir” para outra natureza distinta da sua, seja ela animal, vegetal ou mineral.

Sem rodeios: a semente humana no ventre da mãe jamais virará abóbora ou outra coisa qualquer. E se alguém considera que isto, por mais evidente que seja não é um exemplo incontestável de dogma imutável da verdade, o que dizer?

Mas há quem conteste, mesmo assim, a imutabilidade da verdade. Tal é o paradigma relativista de nossa época, sobre o qual estão fundadas as multiplicidades teóricas do entendimento que o homem tem de si mesmo e do mundo que o cerca.

Resta saber o que o espírito humano, tão distinto por sua natureza sui generis, numa alucinação metafísica da reencarnação, iria fazer numa semente de abóbora ou num corpo de barata?

É o fenômeno da insensatez que varre o globo montado na vassoura - da quase bruxaria - do pseudo cientificismo. Fenômeno este que crê, fervorosamente, que os movimentos das partículas da matéria se desorganizam e se reorganizam para além dos inatingíveis limites impostos pela própria verdade. Assim, neste século se é um mendigo por retardamento mental e, noutro, um cientista brilhante e maluco. Valha-me Deus! E depois o que eu penso e digo é que é tido por inaceitável para muitos... só porque provoco a reflexão a partir de títulos propositalmente polêmicos...

Contra isto ninguém “põe a boca no trombone”, afinal, é preciso respeitar - sendo “politicamente correto” - a opinião alheia, mesmo que ela se oponha à verdade... só não a minha, mesmo que ela concorde com a verdade...

Logo, o homem moderno – e especialmente o pós moderno – é a maior vítima de si mesmo. Os critérios do seu autoconhecimento, especialmente na esteira do comportamentalismo extraído das ciências psicológicas, é a mais doída prova de que, com este ferramental, ele se adoece cada vez mais... e o pior: pensando curar-se.

Fazer o que né?! Cada doido com a sua mania...

Mas que a verdade está aí, atravessando os séculos, enquanto os pensadores que a contestam vão voltando ao pó um após o outro, isto é outro fato inexorável dos princípios imutáveis da verdade, não é mesmo?!

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

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