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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tragédias, Fé, Esperança e Amor...

Nos últimos dias, a Região Serrana do Rio de Janeiro, que liga Juiz de Fora à capital carioca, têm nos feito perceber mais de perto a impressionante e indomável força da natureza. Para os habitantes desta região, literalmente, o mundo parece estar desabando pela imponência das chuvas...

Antes de tudo, nossa manifestação de solidariedade às comunidades serranas, ainda sob impacto de previsão de mais chuvas... As imagens televisivas impressionam, chocam... Sejam-lhes a Graça e a Providência os mais evidentes suportes nesta hora. Estas são as nossas súplicas ao Bom Deus! Rezarei a Santa Missa por todos envolvidos na tragédia...

A cada ano o volume e o impacto das tragédias têm surpreendido, com o crescente e espantoso número de vítimas de morte aumentando assustadoramente.

Num misto de perplexidade e conformação, igualmente sofridas, nos perguntamos:

São os dados estatísticos que estão em evidência como nunca estiveram antes?

São as forças da natureza que parecem não dar tréguas, ultimamente, na reorganização de seus ciclos, tão sensíveis aos eventos cósmicos e na relação do globo com suas forças brutas internas e/ou com sua relação intrínseca com a movimentação dos demais corpos celestes na órbita do minúsculo sistema solar, interferindo na rotina e na força desses ciclos?

Ou são, ainda, eventos cujas evidências se multiplicam como conseqüência natural, embora trágica, às ocupações indevidas do tecido urbano em áreas de risco?

Muitas outras especulações poderiam ser feitas, desde aquelas mais sóbrias, sensatas e melhor fundamentadas na lógica, até aquelas mais sensacionalistas do tipo: é castigo de Deus? É a natureza dando uma resposta vingativa à destruição provocada pelo homem?

Enfim, o panorama da tragédia natural literalmente nos desaloja... nos desaloja expulsando-nos com ou sem vida da segurança dos nossos tetos... Desaloja-nos da nossa passividade para com a dor e o sofrimento alheio. Desaloja-nos do estado de inércia da consciência. Desaloja-nos do vão sentimento de inatingibilidade, que nos prende - a rigor - ao nosso umbigo. Desaloja-nos do egoísmo, da impiedade, da indiferença, do mau humor, da insensibilidade, da vaidade, da ambição, do amor próprio...

A tragédia destrói de uma só vez a perecibilidade dos bens materiais, aos quais nos aferramos tanto. Bem como destrói, em sucessivos e tenazes golpes seqüenciados, a infindável lista de vícios morais acima iniciada...

É... a tragédia destrói...

E o que resta de pé na realidade material e na realidade sensível do homem, que é acertado de cheio pelo impacto da calamidade, tem que ser totalmente abandonado para ser completamente recomeçado... muitas vezes do zero, como diz o povo, numa lógica matemática inexoravelmente exata!

Quem escapa com vida, tendo sido diretamente afetado pela surpresa imprevisível da natureza, convive com a morte, que apenas saltou do seu corpo para aquele outro corpo que é entendido como parte do corpo da própria história... também destruída...

Seja como for, é preciso compreender: a natureza não ataca...

Ela, apenas, também é tão falível quanto aquele que é por ela falido...

Ela, apesar da assustadora demonstração de força destruidora, está apenas desabando em si mesma... está sendo vencida em seus próprios limites...

Só, que, no caso daquilo que denominamos tragédia, ela se desmancha, sem conseguir sustentar-se, em cima da fragilidade imponente do homem ou com conseqüências dramáticas para ele...

Em meio ao barro socado de vidas solapadas na Região Serrana do Rio de Janeiro, nas última horas, a conclusão estarrecida de uma criancinha pequena: “parecia que o mundo estava acabando...”

Os mundos, de fato, acabam... O mundo de dezenas de famílias, de centenas de mortos e de milhares de vítimas dessa última tragédia, acabou...

Mas, os mundos também recomeçam... recomeçarão de alguma forma para todos eles, ainda que não possam vislumbrar por enquanto quando, como, onde...

Eis a certeza deixada pela Esperança. A Esperança é tão excelsa que, na Escritura Divina, é considerada Virtude Teologal. Mesmo para os que perderam seus entes queridos, ela surgirá na formidável e consoladora forma de esperança de uma vida melhor para os que partiram... onde “não haja mais choro e ranger de dentes”... Na Missa que rezarei, incluirei a todos estes, para que não se lhes encerre a esperança de obter no Juízo da Vida o beneplácito de Deus!

O que move esta esperança?

É outra Virtude Teologal: a Fé!

A fé na possibilidade de um único sobrevivente nos escombros soterrados nas encostas, ascende um pavio luminoso de esperança e, a anima (alma), volta a brilhar e lutar para salvar e manter vivo quem ainda resiste sob o peso da catástrofe...

A fé emerge no âmago do sobrevivente como um suspiro grato pela certeza – vivida só por quem experimentou a evidência de que não se salvaria – de que, na verdade, quem o salvou, foi Deus. Afinal era impossível se safar sem uma Mãozinha que segurou um fio de vida, mesmo que nos pareça que Ele deixou escapar pelos Divinos Dedos todo o resto...

A Esperança e a Fé, soterradas no espírito humano pela avalanche de coisas passantes, faz rolar, na carona da Tragédia, a pedra do amor próprio... e com isto faz sair para fora do túmulo do egoísmo, o amor ao próximo mais distante e desconhecido, bem como ao Próximo, até então, muitas vezes “Inexistente” no coração do homem que descobre a terríveis penas o seu próprio nada...

O Amor, então, nasce das entranhas abertas pela Fé e pela Esperança...

E onde o Amor se torna perfeito, isto é, na presença de Deus, então, a Fé a Esperança poderão descansar, finalmente, em paz...

“Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.” (1Co 13, 13)

O Amor, portanto, não é somente a maior das três virtudes teologais. É também a única que não desaparecerá:

“A caridade jamais acabará...” (1Co 13, 8)

Sim, só o Amor não acaba, pois o amor existe em Si mesmo. A Fé é apenas um degrau até o patamar da Esperança na escada que sobe ao encontro do Verdadeiro Amor.

“A Fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (Hb 11, 1)

Ora, se entramos na Glória de Deus, isto é, se temos a Visão Beatífica de Deus, então, não é mais necessária a Fé. Não é preciso crer no que se vê, pois, se vê.

Sendo a Fé dispensada de seus prestimosos serviços, a Esperança perde seu fundamento e é absorta no Fundamento do Verdadeiro Amor. Afinal, esperar o quê, se a perpetuidade já nos colocou frente a frente com o Amor?

A tragédia destrói, sim, dolorosamente, tudo o que lhe cerca... nada sobra para os que foram premiados por estarem no olho da calamidade... não sobra nem a Fé, nem a Esperança para quem foi engolido por ela até o suspiro final...

Depois de acabar tudo para os que tragicamente deram o último suspiro desterrados pela truculência da calamidade, sobra alguma coisa?

Sobra só o amor dos que ficaram e o Amor que Vive e Reina! Este não acaba nunca! Nenhuma tragédia alcança...

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

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