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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Uma nova espécie... o animal ANTIRRACIONAL (Parte I)

Recordemos, antes a tudo, que o mundo natural é dividido - por classificação de seres e organismos - em Reinos (segundo Cavalier-Smith: 2 Impérios e 6 Reinos).

Contudo, para efeito do que iremos refletir, basta-nos considerar a antiga divisão adotada universalmente pelas ciências naturais, a saber: Reino Mineral, Reino Animal e Reino Vegetal.

Mais especificamente, nossa reflexão se deterá sobre o comportamento relativo aos seres de um destes Reinos, o Animal.

No universo do Reino Animal, por muito que seja dependente e esteja sujeito ao ciclo da vida e da rede intrínseca de relações numa ampla e complexa cadeia organizacional de todos estes seres, é, sem dúvida o homem, o animal dominante.

O que coloca o homem objetivamente no topo desta cadeia de relações diversas é o uso da razão.

Por isto se diz que o homem é o único animal racional. Todos os demais seres vivos do reino animal são considerados animais irracionais.

Sendo assim, vamos retomar a conceituação básica de razão, que nos permite dizer que o homem é um animal racional e os demais são animais irracionais.

Etimologicamente o vocábulo razão vem do latim rationem (cálculo, medida). Apesar de na história do conhecimento este termo encontrar um leque abrangente de significados, pode ser tomado de modo geral como sendo a faculdade de medir, calcular, avaliar, ponderar uma realidade antes de decidir.

Portanto, a razão é a capacidade que se tem de avaliar um fato de modo crítico, reflexivo, antes de fazer uma escolha.

A respeito dessa capacidade preferimos dividi-la em duas noções de entendimento. O que chamamos de pensamento instintivo e pensamento reflexivo. Noutros textos deste blog já abordamos mais sobre isto (A anti naturalidade do bicho homem...; O mundo carece de silêncio...). Retomemos.

Partimos da premissa de que todo animal tem a capacidade de desenvolver algum tipo de inteligência - não reflexiva, naturalmente – mas, na medida em que todo animal é capaz de se deter diante de uma determinada situação e fazer uma escolha. A possibilidade de escolher estimula o pensamento ou raciocínio em algum nível, mesmo que seja de forma instintiva, isto é, sem analise crítica ou reflexiva. A isto chamamos de pensamento instintivo.

Ora, todo animal irracional, numa situação de confronto, por exemplo, está habilitado a fazer uma escolha fundamental: ou ataca ou foge. Essa escolha fundamental é o que chamamos de pensamento instintivo.

O animal irracional não tem capacidade de elaborar esta escolha reflexivamente, isto é, não é capaz de avaliar criticamente a situação e considerar alternativas de entendimento, diálogo, acordo, etc. Mas, dentro do universo de registro de informações que possui, ele realizará uma escolha.

O animal irracional possui, portanto, um conjunto de registros e informações. Daí deriva uma linguagem própria – não elaborada com conceitos e significados como a humana – mas que é suficiente para que exprima a situação que enfrenta com sons diversos, os quais são compreensíveis especialmente entre os de sua própria espécie.

Ainda que o limite patente dessa construção inteligível fique reduzido a um padrão comportamental repetitivo e sem campo para especulação (padrão sem especulação reflexiva = instinto), há uma rede de informações que são basilares da comunicação deste animal consigo mesmo (no ato das escolhas internas que faz na luta instintiva pela sobrevivência), na comunicação que estabelece com os de sua espécie e na comunicação de aviso ou ameaça que estabelece com os de outras espécies.

Já o animal racional é capaz de se deter diante da situação de confronto e reconsiderar as escolhas sob outros aspectos. É capaz de construir um dia-lógos, ou seja, uma comunicação com uma linguagem cheia de significados, conceitos, justificativas, enfim, com motivos razoáveis para alterar a sequência dos fatos.

Isto faz do homem um sujeito construtor da história, autor e protagonista dela como dominante de todos os Reinos Naturais. Ao passo que os demais seres – mesmo os animais irracionais que tem algum tipo de inteligibilidade – compõem o cenário épico, o enredo, as tramas, as personagens, as figurações, enfim, todo o conjunto do teatro da vida natural, no máximo, como coadjutores, contudo, via de regra, como sujeitos incapazes de construir história.

Em outras palavras, como já dito noutra ocasião, o animal racional pode escolher uma saída alternativa para o impasse, convidando, por exemplo, seu oponente, para um chá, um café, uma cervejinha e... desfazer a razão principal motivadora do confronto. Pode mudar o “roteiro”...

Não que fará isto sem grande esforço. Mas o que nos interessa aqui é que esta via alternativa pode ser construída pelo animal racional, ou seja, ele está apto a isto. Este uso elaborado e complexo da inteligência é o que o distingue fundamentalmente dos animais irracionais.

Este dado é ontológico, isto é, é intrínseco à natureza da espécie humana. Já é dado por sua constituição genética.

Por mais que se domestique um papagaio ensinando-o a falar, ele não será capaz de fazer uso crítico daquela linguagem humana cheia de conceitos, significados, sentidos, etc. A rede de significados em sua magnífica complexidade são inatingíveis por este animal irracional que reproduz fantasticamente a linguagem do animal racional.

No sentido de não compreender os conceitos e significados das palavras que repete, o papagaio é um reprodutor de sons tanto quanto qualquer equipamento eletrônico sem vida própria. Com a diferença, claro, de que ele faz escolhas. Pode escolher recusar repetir algumas palavras e aceitar reproduzir outras. Pode aprender a desenvolver esta habilidade com a ajuda do treinamento de uma pessoa ou de modo autodidata (conheço um papagaio que a diversão dele é irritar um cachorro da casa. Vive imitando o latido do cãozinho para provocá-lo... rsrs)

De fato, não se pode negar a existência de uma linguagem nos animais irracionais. Por exemplo: se soltamos um bezerrinho recém nascido num curral cheio de vacas, ele emitirá um som que será distinguido pela sua mãe e ela, em contrapartida, mugirá um som num timbre que ele identificará. E assim farão até que um encontre o outro na multidão de vacas e bezerros.

A questão é: se vaca e bezerro conseguem estabelecer e identificar reciprocamente um timbre diferenciado que, ao mesmo tempo em que os fazem se identificar os fazem distinguir do resto do gado, quem pode dizer que isto não é uma forma de comunicação?

É claro que não se trata de uma comunicação com a linguagem elaborada pelos homens, que é uma linguagem reflexiva, cheia de códigos, símbolos, numa complexa construção de sentidos e de significados como apontamos anteriormente. Mas que é uma forma de linguagem, é!...

Talvez também possamos chamar de linguagem instintiva, derivada de uma construção daquilo que antes denominamos pensamento instintivo.

Dito isto, nós estamos rememorando as condições ontológicas (= estruturais e estruturantes) dos animais racionais e dos animais irracionais. E fortalecendo aquilo que a um só tempo aproxima-os – enquanto seres do Reino Animal – e distingui-os enquanto espécies ontologicamente diferentes.

Simplificando: o homem (animal racional) está geneticamente organizado para desenvolver esta faculdade do raciocínio complexo e elaborado a fim de estabelecer suas escolhas e, por conseguinte, habilitado para construir uma linguagem que corresponda a esta sua qualidade primária.

Assim também o não humano (animal irracional), embora qualificado para fazer escolhas num nível menos complexo e menos elaborado, através de uma linguagem também menos complexa e menos elaborada, cumpre - a rigor - o estatuto, por assim dizer, de sua constituição ontológica.

Sendo assim, o animal racional e o animal irracional são devedores das condições já dadas por suas constituições genéticas. Desenvolvem aquilo que já está determinado por antecipação na estrutura de seus DNA’s.

É este dado intrínseco da natureza (o DNA) que nos permite afirmar categoricamente: por mais que um papagaio repita palavras humanas não compreenderá o que diz; pela mesma forma, o homem, por mais que desenvolva tecnologias de vôo, jamais voará como um papagaio, ou seja, com asas próprias (a não ser na mitologia, roubando o sonho de Ícaro).

Pode parecer esdrúxula a ênfase nesta obviedade lógica das coisas, tal qual elas existem e si mesmas. Contudo, diante de uma nova espécie de animais – quanto ao uso da razão – que está surgindo, não será tão surreal assim.

Abordaremos sobre a novo grupo de animais emergentes no Reino Animal na parte II desta reflexão...

... O animal ANTIRRACIONAL (Parte II - continuação)

continuação...

Que novo grupo de animais é este que desponta no horizonte da era pós-moderna?

Ora, os animais racionais (dotados do uso sadio da razão) são assim chamados, como dissemos, em função do uso elaborado e complexo das idéias, registros e informações, que denominamos pensamento reflexivo.

Os animais irracionais (sem o uso da razão no sentido reflexivo do termo) são assim considerados pela forma simples e não especulativa das noções, registros e informações que possuem sobre a realidade que os cercam, coisa que chamamos de pensamento instintivo.

Como, então, devem ser chamados aqueles animais que, fazendo uso da razão, agem acintosamente contra toda ordem estabelecida na natureza?

Lembramos, antes, que a genética nos atesta que o elemento constitutivo da natureza está pré-definido no gene muito antes do desenvolvimento das aptidões como qualidades secundárias (sentido, vontade, consciência, reflexão/instinto, escolha, etc).

Antes de responder esta pergunta vamos avaliar (= usar a razão) o que segue...

É comum se dizer que o homem, dotado de razão, quando age insensatamente (ou contrariando o uso sadio da razão) está agindo irracionalmente.

Isto está correto?

Depende...

Se ao agir contrariando o uso sensato da razão (sem juízo crítico, sem re-fletir), ele o fizer como se fosse um animal irracional, isto é, reagindo impulsivamente por um pensamento instintivo - desde que não distorça ou extrapole o estatuto ontológico - então, neste caso, ele estaria agindo como um animal irracional, apesar de ser um animal racional (dotado de capacidade reflexiva, que lhe permite senso crítico e escolha medida, calculada, avaliada...).

De fato, ao longo da história, não poucas vezes o animal racional (único capaz de construir história analítica) demonstrou-se capaz de agir como as piores feras existentes entre as espécies de animais irracionais...

Que isto seja recorrente na história humana, é lamentavelmente um fato...

Não faltam violências entre indivíduos e coletividades - de guerras bélicas a guerras morais (as campanhas recentes entre os que julgamos aptos para nos governar não nos deixam mentir, não é mesmo?!) - enfim, é evidente a recorrência instintiva do homem ao animal irracional interior (???). Isto é um fato histórico desde a mais remota antiguidade até as mais promissoras previsões futuristas.

Isto nos permite algumas constatações:

- o animal irracional não consegue desenvolver-se a ponto de se tornar um animal racional;

- O animal racional – não obstante sempre se desenvolvendo - mostra-se capaz de involuir, fazendo escolhas à moda irracional, ou seja - sem melhor e maior juízo crítico - precipitando-se em decisões puramente instintivas, na defesa de seus interesses particulares. Resumindo: o animal racional pode sim, ao contrário da afirmação anterior, involuir-se a ponto de agir como um animal irracional;

- Tanto animais racionais quanto animais irracionais podem agir contrariando a natureza própria, neste caso, este agir antinatural, lhes conferirá a participação conjunta no grupo dos animais antirracionais;

Elaborando melhor o último tópico acima, verificamos que o animal racional, tão capaz que é de re-significar suas escolhas, pode ultrapassar este limite entre as escolhas amadurecidas por pensamentos reflexivos e as escolhas impulsivas do pensamento instintivo.

Logo:

- se o homem faz escolhas depois de considerar reflexivamente a situação e as circunstâncias, ele usa sua capacidade de pensar reflexivamente e, por sensatez, age como um animal racional;

- se o homem faz escolhas impetuosas, sem juízo crítico ou cálculo de possibilidades diferentes e mais adequadas, ele usa sua capacidade de pensar instintivamente e, por ignorância (no duplo sentido), age como um animal irracional;

- mas, se o homem faz escolhas impetuosas, com juízo crítico distorcido e tendo calculado possibilidades diferentes - e que efetivamente se oponham aos dados intrínsecos (ontológicos) da sua própria natureza - então, ele estará usando sua capacidade de realizar o que chamaremos de pensamento emocional e, neste caso, terá grande chance de agir como um animal antirracional.

Nem sempre que o homem seguir o que aqui estamos chamando de pensamento emocional ele irá, fatidicamente, agir como um animal antirracional (que usa a razão para contrapor-se à natureza estabelecida).

Muitas das vezes, ao seguir este pensamento emocional, o homem irá comportar-se como um animal irracional (que age sem o uso da razão ou contra ela, mas jamais contra a sua natureza).

Raramente, contudo, ao seguir o pensamento emocional, o homem irá comportar-se como um animal racional (que através do juízo crítico e da capacidade de escolher reflexivamente, jamais agirá contra a própria razão e contra a própria natureza).

Agora está respondida aquela pergunta que fizemos anteriormente e repetimos a seguir...

Como devem ser chamados os animais que, fazendo uso da razão, agem acintosamente contra toda ordem estabelecida na natureza (lembrando que o estatuto genético da natureza está dado antes do desenvolvimento da razão reflexiva ou instintiva)?

Ora, por que aquele que age contra a natureza não pode ser simplesmente chamado de irracional, mas, sim, de antirracional?

Para ser considerado irracional, é preciso agir como um irracional. E ser irracional é agir contra a razão, não contra a natureza segundo sua constituição ontológica.

Podemos dizer, ainda:

- o agir irracional (contra a razão, mas não contra a natureza) pertence à categoria dos animais irracionais (que usam o pensamento instintivo, sem refletir o que fazem e porque fazem);

- o agir antirracional (contra a razão e contra a natureza) é próprio de animais antirracionais (que com ou sem uso da razão, agem contra a natureza);

- o agir racional (de acordo com a razão e a favor da natureza) é próprio de animais racionais (que usam sensatamente a razão e não contrariam a natureza própria das coisas);

Sendo assim, tudo que se estabelece contra a natureza própria das coisas - enquanto regra geral do mundo animal - só pode ser tomado como exceção de caso e, portanto, dentro de caso de exceção.

Logo, não se é possível aceitar como regra geral os comportamentos próprios dos casos de exceção que: ora agem contra o uso sensato da razão, ora contra a natureza própria das coisas.

Vamos a alguns exemplos para clarificar a incomoda contundência deste argumento:

- não é regra geral na natureza a prática de aborto (aliás, estou em busca de saber que espécie animal além daquele que se autodenomina racional, possui este comportamento matricida);

- não é regra na natureza (quer entre racionais quer entre irracionais) a prática homossexual;

- é prática comum e, portanto natural, entre os animais irracionais proteger os mais fracos e as fêmeas grávidas, ao invés de regular a prole por intervenção abortiva (ato desconhecido mesmo como exceção, até onde sei, no mundo animal).

- Não é regra na natureza (e também desconheço exceção para este caso) a eutanásia dos indivíduos velhos ou doentes numa manada, bando ou qualquer tipo de coletividade no mundo animal. Podem ser deixados à própria sorte, mas, não são assassinados;

Nenhuma espécie entre os animais irracionais têm estas práticas como regra geral e no caso específico do aborto e da eutanásia (assassinato dos mais indefesos), simplesmente não conheço espécie que os realizam mesmo como exceção. Se há, gostaria de ser informado para me deter com grande atenção sobre o(s) caso(s). Contudo, ainda que se comprovasse tal fenômeno, haveria necessariamente e uma vez mais que ser tratado como caso de exceção, logo, não serviria de parâmetro para constituir o aborto e a eutanásia como uma regra geral do comportamento animal.

Entre algumas espécies de animais irracionais se verifica algumas práticas que podem ser consideradas homossexuais, sempre como casos de exceção e, importa dizer, como elemento circunscrito ao que podemos chamar de estatuto comportamental e não estatuto genético.

De fato, a natureza só produz dois gêneros distintos e complementares, aptos para perpetuar a própria espécie.

Chamamos novamente atenção para os casos de reprodução por partenogênese (que são casos isolados no duplo sentido: de que são raros e também de que são espécies comprovadamente sem vida social. Ex.: escorpião, dragão de cômodo, etc).

O curioso nestes casos de exceção (partenogênese) é que, mesmo dispensando a assistência do macho para reprodução e perpetuação da espécie, estes indivíduos continuam produzindo os dois gêneros e não se nota nenhuma atividade homossexual entre eles, isto é, o fato de não haver “conjugalidade” complementar nem suprime os gêneros que são sempre dois (macho e fêmea), nem masculiniza as fêmeas (comportamental ou geneticamente), nem afemina os machos.

A constituição ontológica dos seres na natureza é precisa e determinante. Não há gêneros intermediários ou diferentes do masculino e feminino. Esta é a regra geral no mundo animal. E o que existe de exceção é dado relativo ao comportamento anômalo.

Isto é um fato.

Uma evidência da realidade instalada como regra natural no Reino Animal.

Se constatar isto pode ser psico-socialmente tomado como uma postura de discriminação, então, doravante a verdade estará em suspensão para que a loucura e o devaneio se instalem como regra social.

Aproveito para perguntar aos ambientalistas e naturalistas como eles reagiriam caso instituições e organizações internacionais se articulassem para financiar, mundo a fora, clínicas veterinárias especializadas em violentar o ventre dos tão idolatrados bichinhos para assassinar os embriões de cães, gatos ou qualquer animal doméstico ou selvagem?

Talvez, num futuro próximo, numa hipérbole do desmando humano e da inversão de valores, haverá cadeia para quem montar num cavalo e Nobel para quem praticar mais abortos...

Não é o objetivo aqui apresentar uma pesquisa científica detalhada sobre o comportamento no mundo dos animais irracionais, o que é trabalho para cientistas da área.

Contudo, a questão é: como calar a razão quando ela nos leva a observar que a natureza - dos indivíduos e das coletividades no reino animal - está regulada por regras gerais que seguem estatutos claros e bem definidos geneticamente, bem como padrões comportamentais universais predominantes e garantidores da perpetuidade das espécies?

Que se admita os casos de exceção (sem pretender instituir como regra geral), as aptidões comportamentais anti naturais dos animais racionais e animais irracionais, é um fato, afinal, esta é uma conseqüência da capacidade de escolher que acomete tanto racionais (por escolha refletida) quanto os irracionais (por escolha instintiva).

Isto nos leva a levantar questões incomodas para provocar a reflexão desta nova categoria de animal, a dos animais antirracionais (que tendo uso da razão aplicam-na contra a natureza própria das coisas):

- de onde vem a necessidade de instituir como regra geral e como novo padrão de moralidade aquilo que a natureza indica como caso de exceção?

Outras questões surgem neste horizonte de melindres que afetam o pensamento emocional dos animais antirracionais:

- É verdade, de fato e de direito, que todas as informações constitutivas da estrutura do ser estão contidas no DNA?

- Se não é verdade, então, por que tanto interesse científico em extrair do DNA (a qualquer preço, na mais fantástica guerra intra celular já travada pelo homem) as informações, o conhecimento, a tecnologia, enfim, a cura e o segredo da vida, tão caros à busca da razão humana?

- Se por outro lado, é verdade que o ser já está determinado do ponto de vista biológico pelo DNA, então, por que não tratar esta realidade intra uterina - desde o zigoto que já contém o fundamento vital do novo ser - como sendo o maior patrimônio humano?

- Por que há mais políticas em defesa dos patrimônios históricos, que são feitos de pedra e marcam a atrocidade causada pelo orgulho e pela insensatez dos animais racionais?

- Por que há mais interesse em defesa dos patrimônios ecológicos, tão necessários à vida do homem que está disposto a legalizar a prática genocida dos mais indefesos de sua própria espécie, a saber: os embriões (por meio do aborto e das pesquisas com células tronco) e dos idosos “improdutivos” ou doentes sem esperança (através da eutanásia)?

- Por que tanta idolatria na defesa dos animais irracionais - a ponto de despertar verdadeiro ódio da parte dos "defensores" da natureza - quando qualquer atitude que indique maus tratos dos animais irracionais, por um lado, e, por outro, promove-se a peso de milhares de dólares as políticas que estão prontas para dilacerar em fatias - e dentro do ventre da mãe - o mais indefeso dos indivíduos, coisa que nenhum cachorrinho idolatrado seria capaz de fazer?

Ora, se o gene humano, em sua máxima potência realizada no zigoto (após esta fase como princípio de máximo ato) não for tratado como o maior patrimônio da humanidade – e patrimônio vivo, à imagem e semelhança do Autor de toda natureza! – então, a nova categoria, a dos animais antirracionais, de exceção, se tornarão regra rumo a auto destruição da espécie.

Com este feito, a humanidade, certamente, atingirá o cumprimento pleno do pacto feito, na origem, com a serpente: “sereis como deuses”, deuses da bestialidade!

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sr. Ciúme e Dona Inveja... (Parte I)

Vamos brincar um pouco, literariamente, com os conceitos e com os vocábulos (que carregam em si a força semântica dos conceitos, isto é, seu significado íntimo).

Tentaremos com esta brincadeira exprimir uma linha de raciocínio que nos permita a analogia da lei natural da complementaridade (dos seres a partir do sexo oposto) com a analogia “conjugal” dos “gêneros” das palavras que exprimem o comportamento humano.

Assim como a “cópula” lícita entre as virtudes faz prosperar a “família” da correção moral, o “deleite” imoral entre os vícios aumenta a “prole bastarda” do mal, “gerando” novas “espécies” de deformações do comportamento.

Vamos nos valer da forte característica da língua portuguesa, cujas palavras - que carregam significados conceituais - são bem distribuídas em vocábulos de gênero masculino e feminino, conforme cada caso.

Apresentaremos esse trocadilho “conjugal” nominando um par adamítico de substantivos, cuja “relação” está na gênesis de toda uma linhagem de vícios do comportamento humano.

Interessa-nos, aqui, tal “casal” de vícios, por seu estreitíssimo nexo com as razões de origem e permanência do mal - moral e ético - no mundo natural a partir da espécie que deveria reger com justiça o governo da natureza e o controle das demais espécies, a saber: o homem.

Recordamos que, na sua origem, o mal, está associado ao uso indevido da razão humana, que transgrediu a Verdade e o Bem com a pretensiosa ambição de adquirir o conhecimento do bem e do mal, à revelia do Summum Bonum.

O Livro das Origens registra que tudo que existe desde as primícias da criação é bom, visto que foi feito por Aquele que é somente Bom.

O Sumo Bem fez tudo bom e bem feito - sobremaneira o homem, criado à sua Imagem e Semelhança – para que, conhecendo o bem, pudesse, livremente, progredir no bem e somente no bem.

Portanto, a existência do mal não está associada à origem das coisas criadas.

Uma vez que o mal não está associado a um ato efetivo de criação do Autor do Universo, ele inexiste como realidade em si mesma, isto é, como ato perfeito. Mas, existe enquanto ato imperfeito relativo a uma escolha imperfeita, equivocada ou indevida.

O bem está dado na criação. Ao passo que o mal – não dado por ato de criação - se estabeleceu pelo ato de livre escolha dos seres dotados de razão e arbítrio.

O mal é, portanto, tão somente a oposição/negação/ausência do bem que é dado ou estabelecido.

O mal como puro antagonismo ao bem existente, se desenvolve como processo dinamizador do conhecimento investigativo entre o que é bom e o que é mau.

Esta maneira de perscrutar a natureza das coisas, testificando-as pela prova da negação do que de fato elas sejam, inseriu o homem num estado de ruptura com seu Criador, sob o famigerado e falacioso conselho de que, em assim procedendo, homem e mulher se tornariam como deuses.

Reles pretensão que inaugurou o vício da desobediência (= contraposição às verdades estabelecidas e/ou inerentes às coisas, causas e processos da realidade, todas essencialmente boas). A consequência intrínseca deste ato contra a realidade própria das coisas é o que se chama morte, a saber: a participação na degradação desencadeada pela oposição natural a tudo que é bom, por que foi assim feito.

O orgulho (desejo de conhecer não por amor à verdade, mas por ambição ou vaidade de possuí-la) assediou a obediência (desejo de conhecer as coisas como elas de fato são), fazendo-a despir-se de sua retidão para colocar a fantasia sedutora da dissimulação, trans-formando o ato de escolha em desobediência (desejo de conhecer as coisas como se gostaria que fossem).

Ao “copular”, o orgulho (vontade cheia de si mesma) com a desobediência (vontade indômita), realiza-se a “união conjugal” do “casal” responsável pelas primícias do desencadeamento do mal consciente, livre e racional, do qual “descende” toda espécie de vícios comportamentais do homem.

Tal conjunto de deformações está impresso em todo gênero da espécie livremente pensante sob as circunstâncias do que se chama, em linguagem religiosa, de pecado original.

A coletividade degenerativa deste mal - o pecado - desenvolve associativamente toda sorte de vícios individuais e coletivos, os quais permanecem alojados no inconsciente de todo gênero sob o jugo da racionalidade humana.

Desta associação compulsiva de vícios desdobrados da vontade cheia de si mesma (orgulho) e da vontade indômita (desobediência), surge um “casal” que se torna, a um só tempo, “filhos” do pecado de origem e promotores dele - enquanto mecanismo e processo propalador do mal.

Falemos, pois, destes “primogênitos”, que realizam entre si a mais potente “união” “incestuosa”, da qual deriva a maioria absoluta dos vícios e males comportamentais do ser humano.

Estamos falando do Sr. Ciúme e da Dona Inveja.

O Sr. Ciúme é um substantivo masculino de um certo tipo de sentimento humano, que se apega ao bem de si mesmo em detrimento do bem do outro e, a Dona Inveja, é um substantivo feminino que aspira o que é próprio do outro para o bem de si mesmo.

O que nos permite dizer que, a associação destes vícios causadores da desgraça alheia possua certa “consangüinidade”, está no fato de que tamanha é a identificação “genética” de ambos que alguns dicionários os apresentam como sinônimos.

De fato, se verificarmos a origem comum destes vícios, nós perceberemos que ambos ambicionam certo “bem” para si em detrimento do bem do outro.

E quando estes “irmãos” por significado “copulam” no “leito” da vontade indômita (desobediência), o “incesto” multiplicador dos vícios se instala na vida interior das pessoas humanas.

O ciúme é um sentimento que ambiciona o objeto interno de outrem, isto é, o sentimento do outro.

A inveja ambiciona o objeto externo de outrem, isto é, algo que o outro possui fora dele próprio.

Embora haja uma “conjugalidade” de correspondência entre o ciúme e a inveja e, ainda, que esta “relacionalidade” no âmbito associativo “gere” outros vícios de comportamento, o ciúme é um sentimento que se auto-reproduz continuamente como vício. E é capaz de produzir outros vícios a partir de si mesmo, provocando sentimento profundo – e geralmente de modo inconsciente – de isolamento e solidão internos à pessoa que os desenvolve (espécie de “partenogênese” dos sentidos).

O mesmo se dá com a inveja.

Logo, o invejoso e o ciumento, no mais profundo de seu íntimo, são pessoas que padecem uma agonizante solidão na alma, isto é, uma insatisfação permanente com tudo. O vulgo vazio na alma...

O ciumento e o invejoso, destruidores em potencial que são da felicidade alheia, são absolutamente incapazes de obter satisfação plena, realização completa e felicidade verdadeira para si mesmos. Não obstante imaginem, iludidamente, que obterão tudo isto na medida em que “apropriarem” para si aquilo que, pertencendo aos outros, lhes parece caro (desejo de possuir sentimentos ou coisas alheias).

Sozinhos ou como “casal” promíscuo da vontade própria, o ciúme e a inveja, são mecanismos internos de morte porque, ao matarem o que há de melhor no outro, destroem o que restava de bom em si mesmo.

O ciúme – auto alimentado - se auto reproduz continuamente, provocando, inclusive, ciúmes alheios para fazer equivaler relações entre indivíduos distintos.

O mesmo se dá com a inveja, quando auto alimentada.

É nesta perspectiva que podemos dizer que estes vícios produzem outros quando se ajuntam, mas, quando alimentam-se a si próprios, reproduzem-se permanentemente no sentimento humano, numa espécie de “partenogênese” da vontade viciada.

Já a “reprodução” estimulada de outros vícios a partir do que aqui chamamos de “união promíscua” entre o ciúme e a inveja, se dá quando o ser humano faz “cruzar” dentro de si - de suas capacidades de reflexão e de escolha - estes estímulos de amor próprio.

Continuaremos, numa segunda parte, refletindo sobre estes vícios que estão na origem das principais desordens comportamentais do gênero humano e na gênesis da maioria dos vícios e pecados...

... continua Parte II...

Sr. Ciúme e Dona Inveja... (continuação - Parte II)

... continuando...

O ciúme, como dissemos, é um sentimento autocentrado na ambição de possuir do outro aquilo que é o objeto interno deste outro, isto é, o sentimento dele(a).

É a posse dominante do sentimento alheio.

O ciúme é um sentimento que favorece o fechamento do ser em si mesmo.

É, pois, a centralidade nucléica do egoísmo. É o amor de si por si mesmo, centrado no próprio eu. O ciumento tem a mania de exigir e medir, compulsivamente, o amor que o outro sente por ele.

Não se interessa pelo que o outro sente, mas por aquilo que o outro faz despertar em si. Portanto, o ciúme, opõe-se à gratuidade do verdadeiro amor, o qual deve exigir de si doar ao outro, quantidade e qualidade de sentimento, ao invés de exigir receber do outro.

O ciúme é a perversão do amor em sua legítima essência (que é doação de si mesmo).

Se eu amo, devo medir e pesar o que sinto pelo outro com desprendimento e, portanto, não devo medir nem pesar, principalmente se for com a régua do apego, o amor que o outro sente por mim.

O amor que o outro sente por mim não é o meu amor, é o amor dele.

E se eu me apego ao sentimento que o outro tem ou deveria ter por mim, alimento este vício que, no final, irá destruir o outro e a mim mesmo.

Logo, se meço o amor do outro por mim - ao invés de medir o meu amor pelo outro - sou – desgraçadamente – ciumento, possuindo, neste caso, uma patologia atrelada ao pecado de origem e, ao mesmo tempo, continuadora dele.

O ciúme também varia de lógica. Nem sempre é a cobrança egoísta de demonstração do sentimento do outro por mim. O ciúme é, também, o apego egoísta ao meu próprio sentimento pelo outro. Neste caso, amo mais o que sinto pelo outro do que o outro propriamente.

Ora, se eu efetivamente amo o outro, e este meu sentimento é sincero e verdadeiro, o que deveria ser mais caro a mim é o efetivo bem deste outro, mesmo que isto suponha a renúncia expressa ao bem de mim mesmo, não é verdade?

Mas isto não é assim na cabeça do ciumento. O ciumento tem a necessidade de “provar” para o outro quão forte é o seu sentimento, a fim de exigir-lhe contrapartida a este grande amor (que na verdade é amor próprio).

A aceitação da liberdade do outro para não corresponder, como o ciumento espera, ao que ele (ciumento) sente, não existe na vontade do ciumento.

Esta é a dimensão de liberdade honesta existente no verdadeiro amor, que não se enciúma.

Quando exijo do outro, correspondência e reciprocidade para com meus sentimentos de amor, segundo as minhas medidas, estou, na verdade, apegado aos meus sentimentos, isto é, estou querendo preservar meu amor próprio a todo custo, usando como desculpa o que digo sentir pelo outro.

Se eu fico apreensivo com relação aos sentimentos que o outro tem por mim, isto ocorre porque, na verdade, meu foco está no desejo de ser amado e não na minha honesta disposição para amar.

Quem ama qualquer outro com legitimidade, isto é, sem ciúmes, deseja a plena felicidade deste outro, pois, não o aprisiona nos limites egoístas da vontade própria, da correspondência obrigatória ou da reciprocidade em igual medida.

Como posso amar o outro como distinto de mim, se o nivelo por mim mesmo que sou distinto dele?

O ciumento exige do outro aquilo que congratula e satisfaz a si mesmo, então, torna-se prisioneiro de suas próprias expectativas, logo, não aspira ao verdadeiro bem alheio, mas cultua, com egoísmo, seu próprio bem.

O ciúme é uma perversão que cada vez mais isola o indivíduo em torno de suas próprias expectativas de receber amor e não de dar amor. Ou então em torno da exaltação do bem dos próprios sentimentos e não do bem dos sentimentos do outro que diz amar.

Quanto maior o amor-próprio, maior o egoísmo, que é o ato intrínseco desse desajuste sentimental. Quem ama dessa maneira, é ciumento... é descompensado.

Se o egoísmo é o motor que move o amor próprio, na medida em que faz girar continuamente a ciranda do auto-amor de si, podemos dizer ainda que, o ciúme, é a gasolina desse motor movente.

Mutatis mutandis, a caridade, legítimo amor - isento de egoísmo e ciúme – é o motor imóvel, cuja potência é a força invisível do único, perfeito e imutável sentimento que se transforma em ato puro, em favor da felicidade de outrem. Razão esta também da verdadeira felicidade própria.

Pronto. Apresentado está o Sr. Ciúme, cujo nome e sobrenome se funde e confunde na essência de uma mesma e única perversão do amor como paixão pelas aptidões do próprio ego.

Vamos agora falar um pouco sobre a tal da Dona Inveja.

Como já dissemos rapidamente antes, se o ciúme ambiciona o objeto interno de algum outro, a inveja, por outra forma, é a ambição do objeto externo de qualquer outro.

A inveja é o sentimento humano que não basta a si com aquilo que lhe é próprio.

É o estímulo ambicioso pela propriedade alheia.

É o desprezo e a ingratidão com aquilo que se possui, em preferência ao desejo compulsório por aquilo cuja posse pertence a outro.

Por esta razão, também a inveja, é uma perversão do desejo que corrompe as intenções mais íntimas da pessoa humana, fazendo brotar desejos mórbidos que transformam aquele que é invejado numa espécie de inimigo dos desejos não realizados do invejoso.

Para o invejoso, o outro, que possui aquilo que ele julga que deveria ser ele a possuir, se torna um inimigo.

Mais que isto – de modo inconsciente – para o invejoso, aquele que possui o que julga ser por direito seu, é um usurpador do seu direito de posse. É como se o outro lhe tivesse roubado algo que por direito deveria pertencer a ele.

O que “justifica”, para o invejoso, o seu próprio ímpeto para ambicionar o bem alheio é que o outro, de certa maneira, “roubou” aquilo que “lhe era devido”. Está com o outro, mas deveria estar comigo, pensa – para própria desgraça - o invejoso.

Se, o ciúme, é a cobiça daquilo que o outro sente, a inveja é a cobiça daquilo que o outro tem.

Quer num quer noutro caso, isto é, a cobiça possessiva pela pessoa do outro ou a cobiça ambiciosa pela propriedade alheia, fere de morte o direito natural e livre de SER e de TER. É assim que a morte instala e desenvolve seu mecanismo de degradação individual e coletivo.

E depois os homens dizem não entenderem por que morrem e por que matam...

Tais transgressões comportamentais, que se desenvolvem como vícios, nos permitem elaborar uma pergunta fundamental que suscita novas questões:

- qual a necessidade do Mandamento Divino revelado positivamente ao homem, se não para recordar-lhe a razoabilidade da lei natural?

Não há dúvidas de que, dentro do estado geral das coisas no mundo natural, no qual o homem - em processo de desenvolvimento - ainda não atingiu a estatura de Cristo,[1] a Lei Divina, revelada sob o Patriarcado Mosaico, tem a relevante função de regular a justiça em favor daqueles que são penalizados pelo desmando da ação dos indivíduos e das coletividades que se constituem na perspectiva dos vícios, que são comportamentos deformados como, no caso em questão, dos vícios que se multiplicam numa “prole” para lá de fértil a partir da promiscuidade “conjugal” do Sr. Ciúme e da Dona Inveja.

De fato, o assassinato, o roubo, a mentira, a calúnia, a difamação, o ódio, a traição, a vingança, a desonestidade, enfim, toda perfídia humana brota dos corações ciumentos e invejosos.

As figuras bíblicas na cena das primícias da existência humana atestam isto patentemente...

A serpente, antigo ser de luz que passa a rastejar pela terra, tão humilhado pela queda de sua condição original, movimenta-se esfregando o dorso no pó, por ciúme e inveja daquele que - feito do pó - mereceria a Glória e a Honra de ceder a natureza inferior para o Criador de todas as naturezas...

A mãe dos viventes (do nome hebraico Eva) incitada a invejar a condição Divina, provoca ciúmes na humanidade (Adão, em hebraico). Daí a trans-formação (na verdade, deformação) da vontade de conhecer somente o bem (obediência) em vontade de conhecer o bem e o mal (desobediência)...

A cena pós paradisíaca dos filhos de Adão e Eva, na esteira do mesmo mecanismo interno, irá inaugurar - na sequência da dinâmica do mal e seus desdobramentos - a lista dos assassinatos. Caim sentiu ciúme do sentimento de Deus pelo irmão Abel, invejando-lhe a oferta, decidiu destruí-lo, depois de destruir dentro de si o amor e o respeito por si mesmo, por seu irmão e por seu Criador...

E assim seguem todas as demais Histórias Bíblicas e seculares... sem exceção!

Homens de todos os povos, nações, raças, línguas, lugares, enfim, uma sequência ininterrupta de desenvolvimento de vícios e perversões comportamentais, num show de barbárie e degradação individual e coletiva... tudo patrocinado pela força íntima do Sr. Ciúme e da Dona Inveja...

Agora, contudo, compete-nos observar que, muito para além da função operativa que a Lei Divina oferece, no sentido de estabelecer a justiça que regula os desajustes individuais e relacionais entre os homens, ela tem um caráter proeminentemente preventivo, na perspectiva da misericórdia, a qual torna a justiça perfeita e inequívoca.

Que desejamos dizer ao afirmarmos isto?

Simples. Vejamos...

Quando a Lei Divina estabelece positivamente e de modo imperativo, por exemplo, “não cobiçais as coisas alheias”, há nesta ordem um apriorismo de misericórdia, antes de cumprir uma exigência moral, legal e jurídica.

Ora, se o ciúme e a inveja são como dissemos anteriormente, uma perversão do sentimento humano, uma vez que cobiçam imprópria e indevidamente aquilo que é uma realidade - interior ou exterior - pertencente a outro, então, antes mesmo que venham acontecer os atos impetuosos externos destes indivíduos invejosos e ciumentos contra terceiros (calúnia, perjúrio, roubo, assassinato, etc), há um mal concreto que já se instala na estrutura mental e psíquica destes infelizes, a saber: a falta de paz, a inquietude, a ansiedade, enfim, uma cadência de sentimentos perturbadores que adoecem o sentimento e comprometem o equilíbrio e a perfeita sanidade daquele que não domina seus instintos afetivos e viscerais.

Isto sem dizer de outras conseqüências que se instalam na consciência do sujeito após ele realizar ações externas incitadas pelo devaneio do ciúme e da inveja. Estamos dizendo de sentimentos como: remorso, culpa, autocondenação, etc.

E, atente-se para o fato de que, ainda, não dissemos das conseqüências externas, isto é, das punições que os sistemas legais, baseados nesta sadia Lei Moral do Decálogo, pode impetrar contra as atitudes concretas (calúnia, perjúrio, roubo, assassinato, etc) dos homens invejosos e ciumentos.

Logo, tendo em vista todas essas conseqüências - internas e externas - causadas pela cobiça da propriedade alheia (interior ou exterior), a Lei coercitiva (“não cobiçar...”) é, antes de ser uma ameaça punitiva, um aviso preventivo que pretende proteger o homem de padecer de todas essas automáticas conseqüências, que seguramente advirão do ato intrínseco de cobiçar impropriamente (= ter ciúme e inveja) aquilo que não lhe pertence.

Você quer se livrar, por atacado, de uma lista sem fim de vícios morais e pecados?

É simples...

- destrua na sua consciência o prostíbulo da vontade cheia de si mesma (orgulho),

- não entre no quarto promíscuo da idolatria de si mesmo (egoísmo);

- e, por fim, não permita deitar no leito de volúpias da vontade própria (ambição) o Sr. Ciúme e a Dona Inveja.

Mas, tudo isto hoje não é fácil. Especialmente considerando que o “evoluído” conhecimento moderno instituiu a legalização do despudorado acasalamento entre o Sr. Ciúme e a Dona Inveja, erigindo divãs para a consciência admitir como coisa normal essas compulsões do Ego e do Self (si mesmo).

Jung e Freud que se lasquem para lá - e bem longe de mim - com suas teorias de conivência e afago cheias de melindro idolátrico para com as vontades inconscientes do ego e do self.

O ciúme não é em medida nenhuma de equilíbrio uma demonstração saudável de amor e afeto pelo outro... é um vício terrível, que destrói o outro e a própria pessoa...

A inveja não é em nenhum grau de controle uma força positiva para estimular a superação de si mesmo... é um vício horroroso, que mata a gratuidade alheia e individual...

Logo, por não serem sentimentos lícitos nem tampouco sadios, sua permanência na alma do ser racional e - bem pior - a “coabitação” “relacional” entre tais vícios, é uma perversão geradora de morte.

A Dona Inveja não é “esposa” do Sr. Ciúmes coisíssima nenhuma. É sua prostituta... e sua bastarda lista de vícios já elencados são a descendência do mal perpetuado no âmago da vontade humana, que resiste permanentemente em seguir a Cristo na renuncia de si mesmo para retomar a condição do homem adamítico...

Domine... Sed libera nos a malo. Amem.

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN



[1] Santo Ireneu de Lion.

sábado, 23 de outubro de 2010

A anti naturalidade do bicho homem...

Na natureza a regra comum no processo de reprodução das criaturas é a geração da espécie por via do encontro entre os gêneros diferentes: masculino e feminino.

E é este dado intrínseco da complementaridade entre pares que garante a ordem e o equilíbrio de cada espécie, bem como assegura ordem e equilíbrio entre a pluralidade das espécies.

Exceção há, certamente. Raras e específicas. Como é o caso da reprodução por partenogênese, onde o ovo se desenvolve sem a necessidade de ser fecundado por um espermatozóide, não obstante essas espécies de exceção continuem a possuir dois gêneros universais sexualmente distintos: masculino e feminino.

Mesmo assim esta não é a regra universal da cadeia reprodutiva.

De fato, raríssimas são as espécies habilitadas a desenvolver este modo de reprodução, em que o gênero feminino – de modo autônomo e auto-suficiente - independa da reciprocidade conjugal direta e relacional para dar continuidade à espécie.

Ao contrário, é a exceção, que apesar de reproduzir de modo assexuado, não afemina os machos e nem masculiniza as fêmeas, conservando cada qual sua identidade estrutural segundo sua origem biológica.

E mais, apesar do modo atípico de se reproduzirem, fica garantida a perpetuação de apenas dois gêneros, não de três ou quatro.

Assim é a natureza mesmo quando estabelece a exceção, isto é, não deforma o comportamento universal da espécie, conservando a estrutura dos gêneros.

Se tal exceção – a partenogênese - viesse a se tornar a regra comum, é certo que o caos e o desequilíbrio se instalariam na pluralidade multiforme. Pois, esta pluralidade multiforme, é o componente essencial do universo criado.

Está óbvio que a estrutura dos seres está assinalada pelo componente da complementaridade entre as estruturas do ser macho e do ser fêmea. Neste componente, a sexualidade tem um forte papel na realização de vínculos em todas as espécies. Trata-se, portanto, de um fato prático e não de uma premissa teórica de cunho filosófico ou religioso.

Dada esta evidência geral pertencente aos seres naturais, aí sim, poderemos arriscar algumas questões de cunho filosófico:

- Se ocorresse uma inversão generalizada da regra reprodutiva, por escolha de comportamento (o que certamente não seria possível aos animais irracionais), a pluralidade que constitui o modo característico do mundo natural ficaria comprometida em seus fundamentos constitutivos?

- Na hipótese de que fosse possível isto, tal fato poderia levar à autodestruição das espécies, uma vez que as funções orgânicas e comportamentais não estão ajustadas para existirem de modo diferente da medida em que estão estruturadas ontologicamente?

- No caso da espécie humana: a modificação comportamental em razão dos pressupostos antropológicos seriam capazes de refazer a constituição ontológica do homem por “evolução” natural, isto é, poderia o gênero masculino desenvolver de modo natural (sem intervenção cirúrgica e sem manipulação genética) elementos constitutivos femininos e vice-e-versa?

- Uma vez que a complementação produtiva (por via reprodutiva) dá pleno sentido ao ser, na medida da necessidade intrínseca de perpetuação da espécie pelo apelo de seu oposto, a alteração de comportamento contra a constituição biológica e social da espécie poderia desencadear um processo de auto destruição do instinto de subsistência?

Vamos considerar estas questões filosóficas a partir da observação dos especialistas em ciências biológicas, que podem atestar o fato comportamental dessas espécies sujeitas à partenogênese que são um caso à parte na natureza (à parte pelo método reprodutivo e pelo isolamento social): “os organismos que se reproduzem por este método [patogênese] estão geralmente associados a ambientes isolados como ilhas oceânicas”.[1]

Ora, esta constatação científica, feita por biólogos – e não teólogos ou filósofos – de que a partenogênese está associada a “ambientes isolados” é muito significativa e oferece horizonte seguro para fundamentar nossa reflexão que tem argumentos também filosóficos e teológicos.

Donde já se pode extrair uma premissa fundamental: os comportamentos individuais e sociais dos seres estão intimamente ligados ao modo como exercem a complementaridade dos opostos segundo a natureza própria que possuem.

Sendo assim, indivíduos e espécies que reproduzem assexuadamente, tendem a possuir um comportamento social isolado, sem, contudo, suprimir um dos gêneros ou metamorfoseá-los num terceiro gênero inexistente.

O chamado hermafroditismo da abelha rainha - que também realiza reprodução assexuada - é um conceito falso, pois a rainha não dispõe originariamente do órgão do macho, apenas o retém durante a cópula, conservando reservas de material de fertilização para a fecundação dos óvulos.

Mesmo no caso de algumas espécies com intensa vida social, onde também pode ocorrer a reprodução assexuada, como entre as abelhas, o produto desta reprodução - os zangões - que nascem de ovos não fecundados, “vivem alheios às atividades de manutenção da colméia” por não possuírem órgãos de defesa ou de trabalho e “costumam agrupar-se em determinados locais próximos à colméia, onde ficam à espera de rainhas virgens”.

Em outras palavras, apesar de exercer seu papel reprodutor na sociedade das abelhas, o zangão, como conseqüência da reprodução não fecundada, não possui vida social ativa.

Ao contrário, as demais abelhas membros da colméia que nascem por fecundação do ovo, desenvolvem uma das mais notórias e vinculantes vidas sociais entre os irracionais.

Por outro lado, as espécies que de maneira absoluta se reproduzem sexuadamente no reino animal, têm vida social.

Esta é uma evidência da plena complementaridade do ser animal.

Os irracionais seguem a cartilha estrutural de sua condição natural sem, contudo, compreenderem reflexivamente estes componentes relativos à estrutura de seu ser. Fazem-no por pura escolha existencial devedora do que poderíamos chamar de pensamento instintivo (vide no blog a reflexão O mundo carece de silêncio).

Ora, os animais racionais, capazes de saltar do estágio instintivo do pensamento para a complexidade elaboradora do raciocínio - que podemos chamar de pensamento reflexivo - não deveriam ainda mais que simplesmente respeitar esta condição dada, mas, por serem capazes de refletir sobre ela, regozijarem-se nos pensamentos e sentimentos a respeito deste mistério que conjuga efetivamente os opostos?

Trocando em miúdos... que desvio do comportamento é este que faz a única espécie natural dotada de razão (= pensamento reflexivo), o ser humano, desencadear uma revolta íntima de anseios e vontades contra a própria natureza?

A religião chama isto de pecado. A filosofia de vício. Raríssimas psicologias - que ao menos, por vocação à honestidade, percebem que seus postulados antropológicos carecem de efetivo fundamento ontológico – chamariam isto de desvio comportamental.

Eu chamaria isto de revolta íntima (vide neste blog a reflexão O homem indigno), exercida consciente ou inconsciente contra os dogmas imutáveis da verdade (Stº Ireneu de Lion, séc II).

A propósito, o que seriam estes dogmas imutáveis da verdade?

Não se tratam aqui de dogmas religiosos ou dogmas de fé.

São, antes, princípios imutáveis, regidos por leis naturais claras e evidentes. São os mecanismos funcionais das realidades criadas tais quais elas existem em si mesmas.

Passemos a alguns exemplos para plasticidade concreta do que significam estes dogmas imutáveis...

Alguém pode, por exemplo, preferir o dia, em razão da imponência do sol...

Outro pode preferir a noite, diante da majestosa sombra do descanso – para uns – ou das vigílias virtuosas ou pecaminosas, para outros...

Outros, ainda, podem gostar de um e de outro, como podem não gostar nem de um nem de outro, como podem ser indiferentes a ambos. Enfim, seja como for, goste ou não goste o homem, fato é: ao fim de cada dia o sol se porá e ao termino de cada noite ele surgirá, impreterivelmente, no horizonte...

Aconteça o que acontecer. Queiramos ou não. Gostemos ou não. Aceitemos ou não. Revoltemo-nos com isto ou convivamos resignados a isto... mas, enquanto o sistema solar existir, segundo as regras e leis físicas e químicas que o rege, isto se sucederá ad infinitum.

A vontade íntima do homem e mesmo seu conhecimento acumulado e sua capacidade científica e tecnológica não poderão mudar isto sem causar a destruição disto.

Se o homem conseguisse interferir ou mudar o ciclo solar, junto, mudaria destrutivamente o ciclo da vida.

Portanto, a vida natural - visto que só existe dentro das condições estabelecidas pela relação intrínseca entre esta verdade imutável do sistema solar e os reinos naturais (mineral, vegetal e animal) - é uma conseqüência deste princípio ou verdade imutável.

Isto significa que a vida deriva disto e não causa isto.

Não se trata de um pragmatismo simplista. É claro que a totalidade do ente homem está imersa num contexto mais complexo de significados. Há, no homem, outros componentes, além de sua dependência a um conjunto de leis objetivas, que demonstram o ultrapassamento da realidade do homem muito para além deste raciocínio anterior, que alguns poderão considerar “fisicista” ou mecanicista.

De fato, se por um lado, existem no homem as mesmas condições que o circunscrevem à objetividade destas leis universais, por outro, existem também outras condições mais subjetivas que o permitem assimilar intimamente (resignar-se) os conjuntos individuais e universais sobre si e o mundo onde existe, ou, que o permitem rejeitar intimamente (revoltar-se) contra a lógica formal da realidade ontológica que se lhe é imposta.

O critério mediador entre ambas as possibilidades construtivas do sentido de ser do homem é a lei soberana da liberdade.

Com ela o homem pode concordar (resignar-se) com as verdades imutáveis - que estão dadas no universo à revelia do próprio homem - ou discordar (revoltar-se) delas.

Fato é: qualquer das escolhas terá seu preço!

Se no uso da sua liberdade, o homem escolhe concordar intimamente (resignar-se) com a evidência de sua condição ontológica, irá destruir suas vontades divergentes e construir um itinerário na direção daquilo que de fato ele é.

Se, ao contrário, o homem escolhe discordar intimamente (revoltar-se) das realidades que o antecedem (pois as aptidões comportamentais, isto é, psíquicas, são posteriores às aptidões biológicas, isto é, genéticas), então, neste caso de discordância possível pela liberdade, ele construirá um castelo de ilusão que, no final, irá destruir tudo aquilo que de fato ele é, enquanto ser que se desenvolve a partir das informações que antecipadamente possui em seu DNA.

Isto posto, é preciso considerar que: a liberdade - uma vez estabelecida na natureza do homem como condição para lhe permitir apropriar-se de sua condição ou negar sua realidade - confere-lhe o direito de construir qualquer raciocínio que se oponha a este.

O homem é livre não apenas para destruir o que lhe acerca, como se evidencia vivamente mesmo numa falsa consciência ecológica hodierna.

É livre também para destruir a si mesmo, contrapondo suas escolhas de entendimento aos fatos de sua condição existencial. Fazendo isto, pode reconstruir-se de direito, re-significando-se por direito, mesmo que esta reconstrução e re-significação o levem à destruição daquilo que ele verdadeiramente é, de fato.

Resumo da “ópera” vital... o homem pode escolher comportar-se como quiser. Pode até mesmo iludir-se com a falsa idéia de que suas escolhas comportamentais derivam de sua estrutura biológica, como um dado firme de sua condição de pessoa que o incapacita a vencer o apelo íntimo (e não inato) que o lança num calabouço escuro de escolhas contra a própria natureza.

De fato, embora o desenvolvimento embrionário siga mais facilmente as leis dogmáticas (informações genéticas do DNA e leis biológicas entre embrião e ventre) do que as leis relacionais intra uterinas (afetividade, aceitação, rejeição, etc), é inegável que desde as primeiras semanas de vida o pequeno embrião irá iniciar um processo de desenvolvimento de assimilação das futuras aptidões psíquicas que desenvolverá, um dia, de modo consciente.

Isto quer dizer que as leis dogmáticas da genética precedem as leis relativas do psiquismo.

Na esteira de seu futuro desenvolvimento – e já desde a influência ainda inconsciente sofrida no período intra uterino – o homem acumula marcas potentes em sua estrutura de pessoa, fazendo-o refém de escolhas anti naturais. Fato é: há um dado apriorístico que o define ontologicamente, segundo a lei natural que é universal e imutável (independente da cultura) e não segundo a lei comportamental é que mutável (dependente da cultura).

Em termos filosóficos...

O que determina a constituição ontológica do homem são as leis físicas, químicas, biológicas, enfim, as quais possuem uma cadeia de princípios imutáveis e que constroem o suporte (substare) para um possível desenvolvimento do psiquismo.

O que determina a constituição antropológica do homem são as leis psíquicas, morais, éticas, espirituais, etc, ou seja, aquelas que, não obstante possam ter um parâmetro de imutabilidade por princípio, podem, na medida em que se circunscrevem no paradigma da escolha, fixar-se no indivíduo e na sociedade (portanto na cultura) numa cadeia de princípios relativos.

Contudo, o apriorismo natural permanece sendo da realidade que antepara o psiquismo, isto é, o corpo.

Logo, a determinação do que seja o ente, em última instância, está dada pela sua constituição anterior ao que sua escolha resolve modificar.

Vamos lá... que tudo isto é exaustivo de ficar refletindo, cá entre nós, de fato o é...

Mas, se não o fizermos, devolvendo à razão o que a emoção fácil, o prazer estéril, o sentimento libertino, a paixão louca, enfim, os desmandos das escolhas têm tirado dela (razão), onde irá parar a humanidade do bicho racional?

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN