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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Retrospectivas e balanços de fim de ano...

Ao findar da primeira década do terceiro milênio da era cristã, a coletividade humana dá seu primeiro passo consistente no rumo de uma nova era, sob os auspícios engendrados de uma nova ordem mundial, patrocinada pela “inclusão” permissiva ao preço da intolerância contra os princípios morais pautados nos Dez Mandamentos...

Nos últimos anos muito se disse e escreveu sobre os efeitos e impactos apocalípticos de uma Nova Era de Aquários, da Nova Ordem Mundial, de segundas vindas de Cristo, fins do mundo, etc.

A imaginação humana, cheia de desejos de ser reconhecida pelo pioneirismo profético, agigantou o ápice de um fenômeno que se constrói a conta gotas há mais ou menos cinco séculos.

Este é o mistério da iniqüidade. Ele se deixa anunciar bombasticamente num marketing formidável para ser absorvido, imperceptivelmente, na sucessão de eventos coroados pela mídia, cozinhando, desse modo, o inconsciente coletivo em banho-maria.

Algo semelhante ao curioso caso da rã... Ao se colocar uma rã viva numa panela de água quente, imediatamente ela salta... mas, se colocá-la numa vasilha com água fria e levá-la ao fogo, ela morrerá inerte, pois vai adequando-se ao ambiente enquanto tem seus músculos cozidos até não ter energia para saltar...

De modo análogo, o humanismo foi a 'caçarola' e, o ‘cristianismo’ da reforma, a água fria esquentando pouco a pouco na brasa da evolução cientificista.

O ponto de fervura foi atingido com o fogo das revoluções: social (francesa) e industrial (inglesa).

Agora, com o fervilhar do caudaloso orgulho do espírito humano, a Água Pura do Espírito de Deus parece entrar em ebulição, evaporando-se do comportamento humano, o qual, inerte ao estado geral das coisas em que está submerso, vai vendo esvair suas últimas energias sem ser capaz de dar um salto histórico sobre os limites da ‘caçarola’ anticristã.

A consciência humana está quase cozida, sem perceber o que de fato acontece. E há quem pense que o fogo que agita alguns grupos de rã pula-pula – em festa dentro da ‘caçarola’ - é o fogo abrasador do Espírito. Mas, não. É o fogo da carne mesmo. Que se compraz seja com as glórias do êxito social, seja com as glórias do êxito econômico (individuais ou coletivos).

Claro, numa sociedade motivada pela busca da plena realização neste mundo passageiro, quem vai se comprazer com a Glória de Deus na Cruz?

O tão falado relativismo diluiu-se em doses homeopáticas no inconsciente coletivo e, agora, as liberdades de consciência - que não compactuam com as perversões camufladas no relativismo - caminham a passos largos para o gueto de uma época onde impera a normalidade caótica...

A quase totalidade das minorias cujas consciências reconhecem a verdade em seus princípios imutáveis, não obstante rejeitem intimamente esta dominação do relativo espúrio em relação ao absoluto honrado, negociam, o quanto podem, com as bases do novo sistema, num jogo dialogal, para manter o conjunto de seus interesses temporais.

Assim, a lealdade entre pares fica a mercê dos interesses particulares a se conquistar, afinal, numa sociedade que acredita que todos são filhos de Deus – ou sementes divina em germe – cada qual tem que atingir seu mecanismo íntimo de divinização, para, então, somente depois deste regalo interior, ajudar o outro com sua autoconsciência de partícipe do sagrado... Se isto não é uma forma apuradíssima de egoísmo, o que é então?

Os homens de fé e os homens de boa vontade curvam majestosamente a verdade que os transcende para garantir um lugar ao sol, na parte do sucesso que crêem lhes caber... Entendem, nesta nova moralidade emergente, que conquistar este “direito” é o exercício de máxima cidadania democrática na direção da justiça social comum a todos. Neste prisma, não importam tanto os meios, se os fins podem justificar maquiavelicamente o direito inato de cada qual atingir antes suas ‘justas’ metas de glória ‘divina’ na terra...

O carreirismo coroa as mais leais disposições íntimas com a desculpa esfarrapada de que sendo mais se poderá fazer mais, ajudar mais, ser melhor ou mais digno...

Na selva de pedra, o instinto vivo da animalidade humana, ruge do alto de seus feitos tecnológicos o som mecatrônico de senhorio, não apenas da criação, mas, agora - como nunca antes - de senhor manipulador das leis cósmicas que compõem e sustentam a criação.

O animal humano, na sua radical ferocidade científica, é senhor não só dos anéis da libertinagem social, das varinhas alquímicas do tecnicismo e do vampirismo digital... É senhor absoluto de seus feitos e conquistas dentro e fora de si. Ele é o cara...

Os ‘cristãos’, outrora seguidores de Cristo (que rezavam com humildade pedindo a Deus a Graça de se conformarem com a Vontade do Pai), agora, na massa informe da nova ordem mundial macroecumênica, superaram a fé dos Apóstolos, dos Mártires e dos Santos, pois, são tão confiantes de sua condição de semente divina que rezam ordenando a Deus que cumpra o desejo de suas vontades.

Aliás, já que os muitos ‘cristos’ evocados variam de perfil, segundo as especificações da fabricação interna do desejo pessoal, cada indivíduo ou grupo, faz do ‘cristo’ que elege -segundo seus interesses - um servo submisso aos seus anseios interiores.

Tais ‘cristos’ não determinam para tais ‘cristãos’ a Vontade de Deus. São tais ‘cristãos’ que determinam para tais ‘cristos’ as suas ‘divinas’ vontades.

Afinal, sentados no trono da vontade própria, todos ordenam ao Pai que cumpra imediatamente aquilo que o Filho prometeu. E já viu né... uma vez que o cristianismo dominante é o da prosperidade – social (marxista) ou individual (capitalista) - promessa é dívida...

Logo, ‘tem’ mais ‘fé’ aquele que exige - mais e melhor - que se cumpra esta dívida de Deus para com o homem, aqui e agora...

O princípio da lealdade àquilo que é nobre e que está fora do ente eu, mesmo entre aqueles que compreendem o valor desta nobre virtude, se detém diante da carreira próspera a que todos reclamam ter direito: os honrados e desonrados, os justos e injustos.

E se todos têm direito, o que importa é ser ‘leal’, por primeiro, ao direito pessoal, ainda que ao preço da falta de lealdade com o direito do outro que, neste modelo em curso, é secundário e irrelevante.

Sendo assim, no mundo globalizado a partir deste princípio de ‘direito’, só NÃO terão vez aqueles que reconhecem que nenhum outro além de Cristo possui, por nascença, a Natureza Divina, logo, nenhum outro pode requerer direitos para si antes de cumprir deveres para com outros.

Bem ao contrário desta premissa globalizante - de ascendência pessoal que prodigalizaria a ascendência coletiva - se dá a participação do homem na filiação Divina.

O homem, somente admitindo com enorme esforço de humildade, participa deste processo de divinização – e exclusivamente – por ação da Graça.

Graça derramada ao longo dos séculos num Jordão batismal, que convida o pecador a aderir conscientemente ao Único Salvador dos Homens, fora do qual não há como acontecer a salvação, não porque Deus exclui, mas, porque Deus quer que o homem se inclua.

A inclusão livre e consciente do homem na Oferta gratuita de Deus é justa levando-se em conta que o homem atualiza permanentemente o separar-se da Vontade de Deus ao preferir - livre e conscientemente – sua própria vontade...

E é neste contexto de época que se situa a Igreja, envolvida por contingência histórica até o pescoço com a realidade do homem de época, o que não poderia ser diferente.

E se o Papa que encerrou o Concílio (Paulo VI) diz que por “uma fresta a fumaça de satanás adentrou as portas da Igreja”, obstruindo a boa oxigenação, necessária para o uso sóbrio da Verdadeira Fé e da Razão Verdadeira, quem sou eu para desdizer?

Pior, quem sou eu para contestar ou questionar o Desígnio de Deus, que permitiu tão profundo mergulho da Igreja no lodo do século?

Quem sou eu para vacilar diante da Autoridade de um Urbano VIII, que estabeleceu por muito apropriado Decreto Papal que ninguém pode se antecipar ao juízo da Igreja?

Igualmente, quem sou eu para não me fazer um com a angústia do Pontificado da envergadura de um Bento XVI, e não aceitar que ele, que foi perito conciliar, possa exortar – COMO PAPA - a Igreja a ler o Concílio Pastoral Vaticano II na perspectiva da Sagrada Tradição, através do que ele próprio chama de hermenêutica da continuidade, refutando o que ele disse ter-se instalado desastrosamente como hermenêutica da ruptura?

Até emergir deste mergulho no século, em que também a Igreja padece – por enquanto – a realidade de estar mais inculturada do que inculturando parece-nos que o exemplo módico e silencioso da Mãe de Deus é o mais apropriado para se seguir...

Isto, contudo, não nos impede de observar - doídamente - o desmantelamento moral e ético de uma humanidade que faz retrospectivas cheias de empáfias no conjunto de seus feitos coletivos.

E, no que se referem aos balanços pessoais, perceber que os indivíduos reclamam mais espaço para sucesso no ano vindouro, fazendo do exame de consciência não uma ferramenta para reconhecer seus erros no plantio de dias mais justos, mas, uma arma em punho para requerer o reconhecimento de seus esforços na colheita da parte que cabe a cada um, mesmo que ao preço de construir um milênio cada vez mais injusto...

Diante desta batalha de paradigmas, em que o mal parece prevalecer sobre o bem, segundo este balanço e esta retrospectiva da década que se encerra, quais serão, então, as perspectivas que lanço - com minha visão de um único olho torto e míope em terra de cegos - para 2011 e o conjunto da próxima década deste milênio em que o avatar esperado é a soma dos falsos ‘cristos’ que todos desejam seguir?

Olho para Cristo, o Verdadeiro, Aquele que só ressuscitou porque foi crucificado, e digo: o defeito, Senhor, deve estar no meu único olho míope e torto, e não na cegueira coletiva dos homens; a cegueira os impede de ver o que fazem, perdoai-os, porque não vêem o que fazem. Quanto a mim, sou pecador, tende piedade!

Que 2011 e seguintes sejam mais próximos da Vontade de Deus que têm sido desde a década de sessenta... a qual, apenas temperou - com o justo esforço da Igreja (apesar de parecer que o tiro anda saindo pela culatra com as tais hermenêuticas da ruptura) - o cozido de ‘rãs’ ambientadas com a água fria da reforma protestante, depois com a água morna da teologia dos pobres e, por último, com a água ‘fervente’ do neopentecostalismo que está fazendo evaporar até o Espírito Santo das Santas e Divinas Liturgias...

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

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