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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Campanha da fraternidade 2011: “Fraternidade e a Vida no Planeta”

É muito oportuno o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, escolhido pela Conferência dos Bispos do Brasil: “Fraternidade e a Vida no Planeta”. Oportuno por inúmeros aspectos, impossíveis de serem explorados, todos, aqui. Todavia, são imediatas algumas tônicas do tema.

Vale lembrar, antes, a título de introdução, a ótima semente desta Campanha que acontece todos os anos. Nasceu, pois, da resposta hábil do ex-arcebispo de Salvador e de Natal, atual arcebispo emérito do Rio de Janeiro, Dom Eugênio Cardeal Sales.

E por que é importante partir desta memória justa?

Porque isto denota a sensibilidade da Hierarquia em conciliar as demandas de base da sociedade humana com o necessário e indissolúvel vínculo com a Santa Sé Apostólica. Não custa recordar que também foi este eclesiástico um dos fundadores das CEB’s, as quais, somente depois, em alguns contextos, ganharam outras conotações, distanciando-se na perspectiva de alguns setores mais radicais da Teologia da Libertação.

Mas, o que nos importa aqui é o valioso resultado disto: os bispos brasileiros abraçaram a proposta, fazendo-a um mote anual de engajamento missionário, que conhecemos por Campanha da Fraternidade.

Mas, em que isto pode – e deve – ser associado ao tema da Campanha deste ano, “Fraternidade e a Vida no Planeta”?

A expressão plena da fraternidade e da vida, no Planeta onde Deus plantou o gênero humano, sempre esteve garantida pela Fé Una, Santa, Católica e Apostólica. Pois, a vida, é algo que tem sua origem em Deus, sua manutenção subsidiada pela Graça Divina que “pressupõe a natureza” (Santo Agostinho) e também o seu fim n’Ele que é a Causa Última de todas as coisas (metafísica aristotélico-tomista).

Vale ainda dizer que, no caso do Ser Humano, principal ente herdeiro da vida, este fim derradeiro em Deus é só uma passagem (Páscoa), cujo rito anual de atualização memorial nós começaremos a preparar na Quaresma que se aproxima.

Eis a razão da Encarnação: dar vida - e vida plena - ao homem, o que inclui a biodiversidade que o mantém durante sua passagem pelo Planeta.

Eis, também, a relação vinculante entre a campanha nacional da Igreja no Brasil, “Fraternidade e a Vida no Planeta”, com o governo único da Igreja de Cristo, realizado pela Sé Apostólica.

Mas, é bom insistir na pergunta: em que repetir - aquilo que deveria ser óbvio ao menos aos católicos - pode ser útil neste texto da CODEVIDA (Comissão Arquidiocesana em Favor da Vida), na preparação para assumir o tema da Campanha da Fraternidade deste ano?

Não duvidemos: sem levar em conta a plenitude da vida durante a páscoa temporal - o que inclui necessariamente a vida no Planeta em todas as fases (princípio, meio e fim) - não faria sentido falar da vida, dentro ou fora de campanhas.

E se não nos fosse possível considerar a Vida Plena sem as condições fundamentais para que ela surja, se desenvolva, e complete seu ciclo natural, então, não teríamos um ponto de partida honesto para considerar a “Fraternidade e a Vida no Planeta”.

A CODEVIDA, motivada pelo engajamento de seu Fundador e Presidente, e um dos Bispos atuantes na causa dos Prós Vidas no Brasil desde seus primórdios, o Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, considera com distinção a oportunidade do tema da Campanha da Fraternidade, no contexto primoroso dos 50 anos de comemoração do Concílio Vaticano II, cuja coordenação nacional está também a cargo do mesmo eclesiástico.

As temáticas que certamente serão estudadas de modo exaustivo e competente pelos peritos das áreas correspondentes como: “Proteção dos biomas diversos”, “Tratamento do lixo”, “Emissão de Gases veiculares”, “Aquecimento global”, “Mudanças climáticas” e outros, são expressões legítimas que devem estar no horizonte amplo da defesa da vida no Planeta.

O homem, gestor criado por Deus para o cuidado do resto da criação, deve ser, antes de tudo, fraterno com tudo que diga respeito à vida: em seu princípio, na manutenção justa dos meios, e na consecução natural dos fins.

É com esta nota concisa que a Associação do Pater Noster, em parceria com a CODEVIDA, se introduz no verdadeiro espírito da Campanha da Fraternidade da CNBB em 2011. E é nesta perspectiva que incentiva toda Arquidiocese de Juiz de Fora, através de seu clero, das paróquias, pastorais e movimentos a participarem da urgente demanda da “Fraternidade e a Vida no Planeta”.

Sem embaraços ideológicos abraçamos o desafio de promover a vida em todas as suas fases (princípio, meio e fim). Isto, porém, como é nosso dever missionário aliado ao espírito sinodal da Igreja Particular de Juiz de Fora, sem: rendermo-nos aos apreços puramente marqueteiros dos clichês publicitários; sem deixarmos reduzir nossas iniciativas às possíveis tendências idolátricas de certa corrente da teologia ecológica e, sobretudo, sem abdicar da autêntica sensibilidade social da comunidade humana para tão grave problema, a saber, a demanda urgente da Vida no Planeta!

Juiz de Fora, 27 de fevereiro de 2011

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

Membro da CODEVIDA e Presidente da Associação Pater Noster

Em tempo

Duas importantes razões temos para nos alegrarmos após a postagem desta carta sobre a Campanha da Fraternidade em nosso blog no dia 28 de fevereiro de 2011.

A primeira é que Dom Gil Antônio Moreira a aprovou como carta da CODEVIDA (Comissão Arquidiocesana em Favor da Vida) para ser dirigida ao clero arquidiocesano de Juiz de Fora.

A segunda diz respeito à recente mensagem do Papa Bento XVI aos Bispos do Brasil sobre a Campanha “Fraternidade e a Vida no Planeta”. Nesta mensagem, oportuníssima, o Santo Padre coloca o devido acento, que com grande discrição apontamos dias antes no artigo acima: “Defender o homem antes que o meio ambiente” destaca como manchete a Agência de notícias internacionais ACI. (http://www.acidigital.com/noticia.php?id=21302)

Vale a pena, acrescer posteriormente a esta postagem um trecho específico da mensagem que Bento XVI encaminhou a Dom Geraldo Lyrio Rocha, Presidente da CNBB, no dia 09 de fevereiro:

O homem só será capaz de respeitar as criaturas na medida em que tiver no seu espírito um sentido pleno da vida; caso contrário, será levado a desprezar-se a si mesmo e àquilo que o circunda, a não ter respeito pelo ambiente em que vive, pela criação. Por isso, a primeira ecologia a ser defendida é a "ecologia humana" (cf. Bento XVI, Encíclica Caritas in veritate, 51). Ou seja, sem uma clara defesa da vida humana, desde sua concepção até a morte natural; sem uma defesa da família baseada no matrimônio entre um homem e uma mulher; sem uma verdadeira defesa daqueles que são excluídos e marginalizados pela sociedade, sem esquecer, neste contexto, daqueles que perderam tudo, vítimas de desastres naturais, nunca se poderá falar de uma autêntica defesa do meio-ambiente.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Magnânima força da escuta...

São João afirma, sem rodeios, no prólogo de seu Evangelho, segundo o original em Grego Koinè: En arque em ö logos (Normalmente traduzido por: “No princípio era a Palavra/Verbo”)...

A expressão logos tem duas principais traduções segundo as duas maiores Tradições Cristãs: a grega, Palavra; a latina, Verbo.

A primeira segue o paradigma de época da Patrística (Tradição dos Primeiros Padres, até séc. VI). A segunda segue o paradigma de época escolástico (Tradição seguinte, que faz uso da Teologia e da Filosofia sistemáticas para falar da Fé e da Razão, sobretudo na Idade Média - séculos VI a XIV).

Como a Fé e a Razão, embora absolutas no conjunto de seus significados, se ajustam devidamente à linguagem da época, o Sumo Pontífice Bento XVI, sensível às deficiências teológicas e filosóficas da modernidade, a partir de seu discurso em Ratisbona, confere um novo e eficiente conceito ao Logos Bíblico, traduzindo-o por Razão (o Logos de Deus, a Razão Divina).

Consideremos, então, estes três conceitos fecundos daquilo que João, o Discípulo Amado, chama Logos: Palavra, Verbo, Razão!... sem pretender, obviamente, entrar nos devidos e necessários meandros filosóficos e teológicos (lembramos, uma vez mais, que este blog se propõe a fazer “provocações” - mesmo que filosóficas e teológicas – mas, não sistematizações).

Palavra é, pois, a comunicação eficaz de tudo aquilo que se produz no íntimo do homem:

- nos seus instintos: visto que o homem é um animal que possui as mesmas sensações químicas e físicas de todos os demais animais;

- nos seus afetos: visto que é isto o que diferencia o homem dos animais e dos anjos, ou seja, a capacidade de realizar a introspecção sensitiva das elaborações quer instintivas, quer racionais;

- nas suas razões: que tais quais os anjos, e em medida de imagem e semelhança a Deus, são capazes de elaborar tanto as experiências instintivas quanto as experiências psíquicas;

Dito isto, a Palavra que Se fez Carne, compreende o todo do homem muito para além dos motivos que A fizeram cria-lo. A Palavra Criadora, portanto, entende o homem na medida exata da experiência de ser humano.

Ora, o que é esta Palavra Criadora senão uma Ação Perfeita?!

Exatamente: Verbo, Palavra em Ação! (verbo é, em todas as línguas humanas, palavra em ação).

Viva o Papa Bento XVI que, com palavras bem diversas das que seguem, parece ter concluído: a Palavra em Ação, isto é, o Verbo, é Tudo o que pode ser elaborado na totalidade do Ser de Deus como Razão Divina, o Lógos!

O que falta dizer?

Muito...

O que falta perguntar?

Uma coisa!

Ora, voltando-nos agora para a palavra humana, podemos concluir: se toda e qualquer palavra tem, necessariamente, um destinatário que precisa ouvi-la; se todo verbo requer um sujeito que precisa obaudire, isto é, obedecer - enquanto ação - o que é determinado enquanto palavra; e, por fim, se toda palavra dita e toda palavra realizada requer um receptor que as compreenda racionalmente, então, qual a importância do papel de quem ouve?

“Em outras palavras”: aquele que “ouve”, completa, na criação, o sentido daquele que fala...

Esta é a magnânima força da escuta!

Por isto Aquela que escutou a Palavra de Deus anunciada pelo Anjo, fez caber com seu fiat a Palavra Eterna em seu ventre virginal, dando-Lhe Carne!

Mas, desçamos à nossa pobre – à minha paupérrima – realidade de dirigir palavras e, principalmente, escutá-las com tal viceralidade...

Entre os homens, nem sempre aqueles que escutam percebem o poder intrínseco do ato de escutar.

Entre os humanos que percebem – ainda que vagamente - a força deste poder, infelizmente, não são todos que conferem à palavra dita o devido valor.

Entre as pessoas que, muitíssimo raramente, se dão conta desta magnânima força da escuta, o difícil – e põe difícil nisto! - é achar quem saiba se comprazer com a assustadora beleza das manifestações íntegras e sinceras das palavras confidenciadas, embora, elas possam estar carregadas de vícios e defeitos.

Mas, o mais penoso para quem fala e ouve com a alma latejando em todos os sentidos da matéria, é perceber que, aquilo que é dito com tamanha viceralidade, seja ignorado ou não propriamente vivenciado por quem diz escutar...

Eu poderia dizer, se quisesse, muito mais para enaltecer o valor formidável, inestimável e infinito do magnânimo poder da escuta... Mas, para quê, se é mais fácil encontrar alguém que ignore – por medo, dúvida ou qualquer outro critério íntimo - minha palavra, do que alguém que a considere como um ato legítimo de presença e de pertença?!

Faltou dizer algo?!

Sim...

Tenho que admitir: minha palavra assusta... e como assusta!

Para esta dura e penosa realidade, estou sem palavras... sou todo escuta...

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN