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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

sábado, 26 de março de 2011

Saldo do primeiro dia da Campanha Nacional em prol da Gestante e do Nascituro

“Além de ser uma festa litúrgica – Dia da Anunciação do Senhor, o dia 25 de março inspira a luta pelo direito de nascer”.

É com esta frase bem oportuna que Kelen Galvan, CN inicia a notícia sobre o lançamento da Campanha Nacional em prol da Gestante e do Nascituro, fazendo repercutir o primeiro momento deste desafio que, de agora em diante, precisa se preparar para atingir seu pleito: apresentar ao Brasil o ”direito natural e inalienável da mulher defender a vida em seu ventre”

Tendo em vista que a voz de minorias pró-aborto faz calar as maiorias “politicamente corretas”, que, naturalmente, se sentem desconfortáveis com a política de terror que as campanhas pró-abortistas em geral patrocinam sob a égide da intimidação midiática, resolvemos abraçar este desafio dando-lhe um novo rosto, uma nova perspectiva. Menos agressiva, mas igualmente impactante: é direito da mulher lutar pelo bem das gestantes e dos nascituros.

Ora, que haja uma minoria que agressivamente postula o contrário, é uma possibilidade democrática, tanto quanto é um dever democrático que se respeite o que postula uma maioria absoluta do mundo feminino em concordar que é direito da gestante defender e proteger o nascituro indefeso.

É um direito natural porque não existe na natureza nenhuma espécie animal que pratica o aborto. Ao contrário, a maioria das espécies animais com vida social se organiza para proteger as fêmeas prenhas. O sentido da perpetuação da espécie transcende, portanto, entre os animais irracionais, o sentido particular e egoísta das fêmeas da espécie.

Me recuso a acreditar que as mulheres, que avançam lepidamente para todas as primeiras instâncias da sociedade organizada, sejam capazes de agir tão mais mediocremente que qualquer animal irracional, que não pratica aborto.

Acaso as nossas doces mulheres, representantes do gênero feminino humano, que muito para além do instinto das fêmeas no mundo animal, possuindo inteligência nobre e capacidade afetiva com excelsa ternura, vão permitir que se reduza seu direito de defender o nascituro – completamente dependente no ventre materno – ao luxo de uma razão menor e egoísta?

Não consigo acreditar que o afeto feminino - doce e terno - seja capaz de consentir com isso.

Que casos isolados e atípicos de mulheres, que padecendo algum tipo de distúrbio, possam reclamar essa escolha hedionda do aborto, temos que admitir como anomalia da natureza, não há dúvida. Mas, aceitar como normal e universal que todo o gênero feminino, em sua maioria absoluta, abra mão desse direito magnânimo da humanidade, só porque uma minoria ferida de morte no afeto, na razão e no espírito grita mais alto, isso é impensável.

O que será de nós, pobre humanidade, se nossas mães e esposas se tornarem tão perversas a ponto de fazer um sacrifício humano intra uterino só por causa do charme natural das celulites?

É, também, um direito inalienável porque a criação premiou o gênero feminino com este magnífico dom, de gerar dentro do próprio corpo uma nova vida. Ora, este dom concede à mulher o direito de defender a vida que se forma em seu ventre.

O primeiro passo foi dado para ajudar a maioria absoluta das mulheres brasileiras, a usarem suas belas unhas pintadas e seus lindos dentes sorridentes, para agarrarem-se ao próprio instinto materno na defesa deste privilégio exclusivo do gênero feminino: defender o nascituro, indefeso em seu ventre!

E já que este passo vigoroso foi dado, então, que esta bandeira conscienciosa e nada agressiva possa flamejar no mais alto mastro da coletividade feminina, para desabonar que venha a falar em nome da maioria, uma minoria que precisa de ajuda para compreender a triste doença que lhes acomete: a de não ser capaz de fazer jus ao dom natural de ser mãe.

Há quem possa julgar que essas palavras pareçam severas. Severas? E a severidade de uma minoria ferida – não há dúvidas – que ao invés de se abrir para ser ajudada na particularidade de sua deficiência de honrar o dom da maternidade, quer dividir o ônus de seu horror com a quase totalidade das mulheres?!

Ninguém vai levantar a voz em favor dessa maioria constrangida com o berro das gatas pingadas?! Pois eu vou. E não só eu. Mas, para começar, esta pequena multidão midiática abaixo que ajudou a promover o lançamento desta Campanha Nacional em prol “do direito natural e inalienável da mulher defender a vida em seu ventre!”.

A todos estes sites que em um único dia fizeram ressoar este grito silencioso que começa a ser escutado por corações silenciosos - mas não mudos - o nosso muito obrigado. Agradeço em meu nome e em nome de todos os nossos parceiros, a saber:

Realização:

  • Associação Obra do Pater Noster (Obra dos Pequenos Monges do Pater Noster)

Parcerias:

  • CODEVIDA (Comissão Arquidiocesana em Favor da Vida)
  • CMDM (Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres)

Apoio:

  • Eparquia Greco Melquita Católica do Brasil
  • Arquidiocese de Juiz de Fora (Vicariato Episcopal para a Família e a Vida)

· Prefeitura Municipal de Juiz de Fora

Abaixo a lista de links que colhi no Google, multiplicando a notícia de lançamento da Campanha Nacional em prol da Gestante e do Nascituro. Doravante, são todos parceiros deste grito silencioso, que não faz estardalhaço e nem confusão, mas, que a exemplo da Santíssima Virgem Maria Mãe de Deus, haverá de salvar os nascituros com discrição e sobriedade:

Canção Nova Notícias

http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=280962

Arquidiocese de Olinda

http://www.arquidioceseolindarecife.org/2011/03/direito-da-mulher-em-defender-filho-e-tema-de-campanha-nacional/

Associação Dom Couto (Diocese de Luz)

http://associacaodomcouto.com/site/?p=374

Arquidiocese de Niterói

http://www.arquidioceseniteroi.org.br/noticias.asp?id=20667

Arquidiocese de Campo Grande

http://arquidiocesedecampogrande.org.br/arq/noticias/noticias-do-ms-e-brasil/5105-direito-da-mulher-em-defender-filho-e-tema-de-campanha-nacional.html

Arquidiocese de Aracajú (Aracajú-SE)

http://www.arquidiocesedearacaju.org/Default.asp?pg=noticia&idNoticia=714&flagImpressao=true

Catedral de Joinville (Joinville-SC)

http://www.catedraljoinville.com.br/pt/noticias/noticia.php?noticia=agenciacatolica_MTA0OA==

IASCJ NEWS (Apóstolas do SCJ)

http://www.apostolas.org.br/2010/news.php?noticia=17851

Rádio Coração (Diocese de Dourados-MT)

http://www.radiocoracao.org/noticias/direito-da-mulher-em-defender-filho-e-tema-de-campanha-nacional

Jornal Camaçari Acontece (BA)

http://www.camacariacontece.com.br/detalhe.php?cod_noticia=11055&titulo=a

Comunidade Sede Santos

http://comunidadesedesantos.com.br/site/campanha-nacional/

Mosteiro do Salvador (Monjas Beneditinas)

http://mosteirodosalvador.org.br/site/campanha-nacional/

Comunidade Católica Nova Jerusalém (Joinville-SC)

http://novajerusalem.biz/site/campanha-nacional/

Grupo de Oração São Judas Tadeu

http://gruposaojudastadeu.com/site/campanha-nacional/

Paróquia Senhor Bom Jesus (Arquidiocese de São Salvador – BA)

http://senhorbomjesus.net/site/?p=7989

RCC de Vitória-ES

http://rccvitoriaes.org.br/site/campanha-nacional/

O Anunciador

http://oanunciador.wordpress.com/tag/nascituro/

Paróquia de Santa Luzia (Joinville – SC)

http://igrejasantaluzia.com.br/site/campanha-nacional/

Divulgando o Evangelho (Parnaíba – PI)

http://divulgandooevangelho-noticias.blogspot.com/2011/03/sexta-feira-25-de-marco-de-2011-06h19.html

Paróquia São Paulo Apóstolo (Joinville-SC)

http://pauloapostolo.com.br/site/campanha-nacional/

Ponta News

http://www.pontanews.com.br/mostra.materia.php?CODIGO_NOTICIA=71033

Hotel Santo Graal (Aparecida do Norte – SP)

http://www.hotelsantograal.com.br/tag/filho

Quilombo de Paz (Belo Horizonte – MG)

http://quilombodepaz.com.br/site/campanha-nacional/

Programa Trocando Idéias CN

http://blog.cancaonova.com/trocandoideias/

Paróquia de São José dos Angicos (Angicos – RN)

http://paroquiasaojosedosangicos.blogspot.com/2011_03_24_archive.html

Comunidade Católica Sacramento de Amor (Divinópolis/MG)

http://www.sacramentodeamor.org.br/pt/home/

Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil

http://www.cursilho.org.br/

Paróquia Nossa Senhora de Fátima

http://informefatima.blogspot.com/2011/03/direito-da-mulher-em-defender-filho-e.html

Paróquia São Sebastião (Iririú – Joinvile)

http://www.saosebastiaodoiririu.com.br/noticias.php?id=QUxES1NFMTIwNVBPSUZL

Rádio Tabocas (Pernambuco)

http://wwwprogramasintonia.blogspot.com/2011/03/direito-da-mulher-em-defender-filho-e.html

http://www.cliquecristao.com/site/

http://concepcionistas.org.br/site/campanha-nacional/

http://www.esquadraovagalume.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=244:direito-da-mulher-em-defender-filho-e-tema-de-campanha-nacional&catid=36:mundo

http://catinfor.com/po/2011/03/24/gestante-e-nascituro-direito-da-mulher-em-defender-filho-e-tema-de-campanha-nacional/

http://copiosaredencao.org/site/campanha-nacional/

http://expressaodelouvor.com.br/site/campanha-nacional/

http://chadebebeprajesus.wordpress.com/

http://chadebebeprajesus.wordpress.com/

http://bomjesusaventureiro.com.br/site/campanha-nacional/

http://www.missaohapoderdedeus.com.br/campanha-nacional/

http://www.santuariosenhorbomjesus.com/pt/noticias/noticia.php?noticia=agenciacatolica_NTY4

http://www.matrizsaosebastiao.org.br/pt/noticias/noticia.php?noticia=agenciacatolica_ODAx

http://gomensageirodorei.com/site/campanha-nacional/

http://paroquiasaojoaobatista.org/site/campanha-nacional-2/

http://www.jovemsarado.com.br/index.php?pg=noticia&intNotID=107

http://www.maeabadia.com.br/index.php?opcao=8a&id=132

http://www.rccdecanatosul.com.br/exibe_conteudo.asp?id=386&local=28

http://harmoniaextra.blogspot.com/

Por todos estes primeiros parceiros da Campanha Nacional em prol da Gestante e do Nascituro, nossas insignificantes, mas honestas súplicas dirigidas a Deus Pai, o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo e nosso,

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

quinta-feira, 24 de março de 2011

Lançamento da Campanha Nacional em prol das Gestantes e dos Nascituros

Dia 18 de fevereiro deste ano de 2011, ocorreu um evento muito marcante para a história da Obra dos Pequenos Monges do Pater Noster, através de sua Associação Obra do Pater Noster, que noticiamos neste blog por meio de uma postagem que acabou, providencialmente, se tornando a mais acessada até o momento (Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...).

Tratava-se, portanto, do ingresso dessa Associação no Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, com o propósito específico de levar para junto da esfera pública a “defesa da vida em todas as suas etapas”, num trabalho que vem sendo realizado em conjunto com a CODEVIDA (Comissão Arquidiocesana em Favor da Vida).

Aristóteles dizia que a verdadeira vocação se dá quando a habilidade do homem encontra-se com as necessidades do mundo.

De fato, é uma necessidade premente do mundo contemporâneo a defesa da vida em todas as suas etapas. Isto porque a deficiência dos modelos antropológicos conduziu o pensamento atual para o relativismo moral e ético, especialmente no que tange a vida humana, bem como o necessário respeito às forças brutas da natureza, como trata este ano, a Campanha da Fraternidade da CNBB (vide Campanha da fraternidade 2011: “Fraternidade e a Vida no Planeta”).

O Papa João Paulo II, de saudosa memória, que será beatificado em primeiro de maio, fizera a expressiva denúncia de que se instalou na forma mental das principais organizações internacionais, atuantes nas últimas décadas, uma cultura de morte.

O mote de tal modelo paradigmático vem patrocinando - acintosamente - campanhas em prol do aborto, da eutanásia, da proliferação dos métodos contraceptivos não naturais como forma de controle de natalidade, enfim, um verdadeiro tsunâmi de antinaturalidade contra o direito natural de existência, segundo as regras primordiais da natureza.

Portanto, esta problemática está muito para além da defesa moral feita pela religião. Pertence à ordem do dia segundo a boa ética universal e conforme os parâmetros de uma verdadeira ciência natural.

Recordar este fenômeno global é de suma importância, num momento singular como este, em que a Associação Obra do Pater Noster, consegue por mercê da Providência, introduzir, como dito acima, no espaço pungente da defesa dos direitos da mulher, o justo, necessário e urgente reclame de se defender, como direito da mulher, a defesa da vida em seu ventre.

Como a Providência Divina não começa algo se não for para lhe dar a relevância que se requer, logo, esta proposta começa a ganhar corpo e expressão de maneira muito consistente. De tal modo que no próximo dia 25 de março (justo na Solenidade da Anunciação do Senhor), durante a comemoração do Dia Internacional da Mulher, na cidade de Juiz de Fora, a Associação Obra do Pater Noster, estará lançando a desafiante e inusitada Campanha Nacional em prol da gestante e do nascituro.

Com o tema rigorosamente positivo (no sentido de promover a vida com o impacto que isto requer): É direito natural e inalienável da mulher defender a vida em seu ventre”.

O que dá efetiva substância a esta Campanha, lançada em primeira mão no Município de Juiz de Fora/MG, no dia em que a Cidade comemora o Dia Internacional da Mulher, é o fato dos apoios institucionais que credenciam esta Campanha.

Realização:

- Associação Obra do Pater Noster (Obra dos Pequenos Monges do Pater Noster)

Parcerias:

- CODEVIDA (Comissão Arquidiocesana em Favor da Vida)

- CMDM (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher)


Apoio:

- Eparquia (Arcebispado) da Igreja Greco Melquita Católica do Brasil

- Arquidiocese de Juiz de Fora (Vicariato Episcopal da Família e da Vida)

- Prefeitura Municipal de Juiz de Fora

(clique na figura para ampliar)


No dia 25 de março às 9 horas, na Praça Antônio Carlos em Juiz de Fora/MG (outrora palco de algumas movimentações no calor político de época, que veio a culminar no golpe de 64, de cuja cidade partiram os tanques da 4ª Região Militar, para cercar o Palácio da Guanabara no Rio de Janeiro), responderei ao convite feito pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, a fim de dirigir algumas palavras, expondo o mote da campanha e o tremendo vínculo entre a nobre condição do gênero feminino de ser mãe, o que consiste ser um capricho magistral da natureza, singular às mulheres e, portanto, a elas, por primeiro, pertence o direito inalienável na defesa da vida em seu ventre.

Levando-se em consideração o conjunto providencial dos elementos que englobam tal Campanha Nacional em prol da Mulher Gestante e do Nascituro, convido por este blog, a todos os leitores – pessoas de fé e mulheres e homens de boa vontade – a engajarem-se neste Projeto, que urge uma mobilização de conscientização nacional, a partir da consciência pessoal, individual e incontestavelmente favorável à vida, como dito anteriormente, em todas as suas fases.

Isto é primordial que se faça, antes que o “silêncio dos justos” se torne culpável por omissão, em favor da cultura da morte, nesta Nação Continental com vocação por excelência para produzir, promover e defender a vida, mantendo diante do mundo a imparcialidade que tem caracterizado o Brasil em questões tão emblemáticas no trato da política internacional.

Dizia-nos sempre, aquele gigante do século passado, que foi o Papa com o terceiro maior pontificado da História do Cristianismo: “Coragem, não tenham medo!”... Ora pro nobis, Joannes Paulus II... Ora pro nobis!

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

segunda-feira, 21 de março de 2011

O Domingo do Paralítico, o ocidente da “religião enlatada” e o Japão...

Começo por apontar minha paralisia no propósito de escrever nessas últimas semanas, apesar de ter noticiado há alguns dias que estaria retomando essa atividade, o que acabou não sendo possível.

De fato, a realidade - às vezes muito impactante - causa-nos muitas formas de paralisia.

O sofrimento, a dor, a perda, as tragédias (que aumentam numa quase progressão aritmética à cada verão), as decepções, enfim, tudo aquilo que barra de alguma maneira nossas expectativas, nossas esperanças e sonhos na vida presente, paralisam nossa capacidade de reagir sempre com efusiva alegria e perfeita solicitude.

Quando muito, numa demonstração heroica de força interior e resignação ativa (aquela que aceita o drama sem desespero, não com o fito de render-se a ele, mas, justamente para vencê-lo), o cristão, deveria conseguir levantar a cabeça que tende a pender inerte na direção do coração ferido. E, com isto, lançar um olhar longo por sobre o vale de lágrimas para ver o cume da montanha da esperança.

É o que tem feito - apesar de não possuir essa matriz cristã - o povo japonês, depois da recentíssima catástrofe causada por um gigante do mar: o tsunami.

No tocante ao padrão comportamental, apesar de não ser um povo de tradição cristã, o Japonês demonstra uma atitude neste nível de resignação ativa de excelência (que reage ao caos como se nada tivesse acontecido).

E a pergunta de fundo que intriga o mundo inteiro é: o que lhes causa esta resiliência histórica?

Ora, a recorrência de problemas severos produz automaticamente a necessidade de fazer dele uma oportunidade para mudança, para melhora. Inclusive, em língua asiática, a palavra para problema/oportunidade é a mesma.

Em quanto nós, no ocidente, fazemos do problema quase um fim em si mesmo - apesar da nossa cultura cristã que deveria forjar nosso caráter no madeiro da Cruz - para a cultura da sabedoria popular japonesa, o problema é um meio. Um meio doloroso, sim, não há como negar. Mas um meio, não um fim.

Não deveria ser este, para o cristão, o significado por excelência da Cruz?: um meio para a ressurreição?!

E se é, de fato, por um lado, assim para os verdadeiros cristãos que enfrentam os dissabores da realidade, numa minoria evidente (ou numa maioria absolutamente desconhecida na medida do Evangelho: “não saiba a mão esquerda o que faz a direita”); por outro lado, para uma maioria evidente daqueles que se dizem “cristãos”, os quais pretendem elevar sua “fé” até os píncaros do “sucesso”, da “realização pessoal”, da “prosperidade temporal”, a coisa não funciona bem assim.

Por isto, em geral, o olhar do ocidente para a tragédia dolorosa no Japão tem sido um olhar escandalizado:

- Como eles não se desesperam? Como mantém a ordem, a disciplina, a serenidade? De onde lhes vem esta força?

Imaginem que grande contradição... o ocidente cristão, cuja cultura fora forjada na perspectiva da Cruz do Cristo - e da resignação não passiva de seus verdadeiros seguidores - agora, mostra-se boquiaberto, prostrado e inerte diante da calamidade que assola a ilha do Pacífico.

E mais: o mundo cristão, que deveria ser a alavanca da virtude, encontra-se estarrecido com a resignação produtiva e exemplar daquela gente sofrida e sorridente, desassistida pela Revelação Divina, que a Fé Monoteísta chama de pagã.

Não é de surpreender esta estranha inversão de posturas?

Pois é... é surpreendente mesmo! Isso sim é assustador! Do ponto de vista da Verdadeira Fé, é mais assustador que o tsunami.

Seria esta evidência do arrazoado ocidental – que considera estar havendo um apocalipse na ilha nipônica – um apocalipse espiritual, causado por um tsunami metafísico? (ou uma espécie de abalo sísmico espiritual causado pela ausência de alguma metafísica ou ao menos de uma metafísica correspondente à Real Transcendência?).

Este modelo de cristianismo vigente parece-nos a imagem coletiva do Paralítico do Evangelho deste Domingo, segundo o Rito Bizantino. E, face ao terror causado pelo tsunami no Japão, os cristãos ocidentais paralisados, são como que descidos sobre o telhado da mais alta tecnologia para esperar de Deus uma solução para o problema da radioatividade...

E como os escribas da cena do referido Evangelho de Marcos, cujas passagens traremos logo abaixo, o homem contemporâneo não se contenta com a decisão Divina de perdoá-lo sacramentalmente por seus erros, apesar das causas mais graves da pretensão humana de assumir o lugar de Deus com o poder de manipulação do átomo, do gene e da natureza como um todo, em níveis críticos do absurdo, como o de terem já transformado o planeta num barril atômico...

Mas, não... contar com a condescendência do perdão Divino perpetuado no Sacrifício de Cristo na Cruz, Modelo Perfeito de resignação ativa à Vontade do Pai, não é suficiente para nenhum dos dois protótipos de cristianismo dominante, a saber:

* nem para aquele grupo cristão que acha que vai salvar o planeta com marxismo teológico ou com teologia idolátrica dos elementos vivos da criação;

* nem para o grupo cristão que acha que vai resolver tudo com a prosperidade temporal alcançada com sua fé de expectativas;

Ambos os grupos, que predominam no ambiente cultural do ocidente atual, questionam o silêncio de Deus que os perdoa, apesar disto.

Não lhes basta a salvação escatológica, que é garantida, sim, através da confissão sacramental. Portanto, indiferente ao Mistério da Fé, o cristão moderno segue obtuso na direção de um apocalipse que ajuda a construir.

E num consenso coletivo de consumo - da religião enlatada - parece ecoar o murmúrio dos que são intransigentes contra a verdadeira ótica da Fé - que mais uma vez ousamos apresentar - fazendo ressonância histórica daquelas mesmas elucubrações interiores dos antigos escribas:

“Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus” (Mc 2, 7)...

Ao que se apresenta a justa resposta:

“Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito em seus íntimos pensamentos, disse-lhes: ‘Por que pensais isto em vossos corações? Que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados são perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, toma o teu leito e anda?’ Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho do homem sobre a terra (disse ao paralítico), eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa.” (Mc 2, 8-11)

É muito importante destacar uma singularidade neste Evangelho do Paralítico. O Filho do homem, embora vendo a fé do Paralítico e daqueles que fizeram descer o leito desde o telhado que haviam descoberto, não curou a paralisia física, como era de se esperar, especialmente depois de tão admirável ato de fé. Não o fez andar, mas:

“vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: ‘Filho, perdoados te são os pecados’ “ (Mc 2, 5).

Qual a razão para não curar fisicamente o paralítico, que foi descido pelo telhado para vencer a multidão que impedia que chegasse até o Messias, numa fragorosa evidência da expectativa que tinha para poder voltar a andar?

É, ainda, muito valioso o detalhe de que a cura física não apenas foi considerada menos relevante, mas, só fora realizada, inclusive, para colocar em relevo ainda mais a cura espiritual:

Ora, para que conheçais o poder [‘Os teus pecados são perdoados’] concedido ao Filho do homem sobre a terra (disse ao paralítico), eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa.” (Mc 2, 10 -11) (inclusão e grifo nosso)

Não estará aqui o acento mais sublime da Boa Nova da Salvação?: a cura da pior de todas as paralisias, a da alma?! A única solução perfeita e definitiva para sanar a paralisia de uma consciência atrofiada pela autocondenação? O sufrágio mais caro ao homem - vítima da própria fraqueza - refém da absoluta falta de perspectiva temporal e escatológica de uma memória marcada pelo remorso e/ou esmagada pela culpa?

O que faz com que o cristão atual tenha uma esperança messiânica mediocremente reduzida a um mero historicismo?

Como eu gostaria de ver também acontecer com a alma cristã do ocidente, paralítica na maca do paradigma relativista, cientificista e devedor de todos esses modelos antropológicos sem sustentação ontológica, repetirem, neste terceiro milênio da era cristã, aquele mesmo gesto do paralítico do Evangelho deste segundo Domingo da Quaresma:

“No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o leito, foi-se embora a vista de todos.” (Mc 2, 12a)

Levanta-te cultura cristã, em sua mais perfeita forma doutrinária, toma o leito da história secular e vai embora para longe deste paradigma anticristão, que torna a religião apenas um produto enlatado, com rótulos e clichês de bem estar temporal. Saia desta paralisia espiritual, para que os herdeiros desta geração, desde o Japão (que treme e continua de pé), até todo o Ocidente (que sem tremer – e sem temer a Deus – cai de joelhos diante das consequências de suas próprias invenções, como a que fará ainda a humanidade gemer o dia em que dividiu o átomo para multiplicar os dólares...), sejam capazes de atualizar a bela cena do Evangelho:

“A multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: ‘Nunca vimos coisa semelhante.’ “ (Mc 2, 12b)

Mas, impotente que é minha medíocre palavra sacerdotal para fazer ecoar este brado de sanidade, mergulho também eu na inércia de uma paralisia espiritual, juntando aqui e acolá um amontoado de palavras para ver se ao menos venço em mim os limites da minha própria natureza...

Nesta semana quaresmal em que o Oriente Cristão celebra o Domingo do Paralítico, sugiro a leitura da belíssima reflexão do Eparca Melquita Farès Maakaroun (PARALÍTICO - QUARESMA DE 2011 – p/ Dom Farès Maakaroum), que apesar da religião enlatada pela indústria da fé de nossos dias, nos oferece um verdadeiro banquete espiritual com sua palavra de sabedoria.

Quanto ao povo japonês, nossos parabéns pela capacidade de carregar a Cruz sem conhecer o seu real significado.

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN