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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Em queda livre na escuridão...

No mundo inteiro, em todas as épocas, em todas as culturas, raças, línguas, povos, nações, enfim, onde quer que haja um ser pensante, há uma fome intrínseca sobre a verdade.

“O que é a verdade?!” exclamou - aflito e encurralado pelo conflito entre o fato injusto, os interesses pessoais e os interesses coletivos - o Governador Romano em terras hebréias, no limiar de todas as eras.

Os que seguem os passos íntimos do supracitado Pôncio buscam escapar das exigências que a verdade impõe: escolha e decisão, seguidas de conseqüências, é claro!

Entre o receio de escolher e decidir sobre o que parece certo e justo e a manutenção das difíceis conquistas da vida com todos os seus regalos, emerge uma solução patética que representa a consciência da maioria absoluta – quase total – dos viventes de todas as épocas e lugares: uma bacia com água para lavar as mãos do comprometimento...

Num mundo de cão – em que todos guardam seus interesses como Cérbero guarda o inferno - quem não vai cravar as garras no muro de suas penosas conquistas pessoais para correr o risco de pô-las a perder escolhendo e decidindo-se por um dos lados do muro (a favor ou contra a verdade)???

Será daí, dessa premência viceral, que vem o atenuante histórico para Pilatos? Fazendo-o parecer menos culpado do que aqueles que, em todas as épocas e culturas, continuam preferindo escolher um lado e decidindo gritar: crucifica-O! Crucifica-O!

Nesta cena épica temos três lados relativos à verdade. Ou melhor: dois lados e meio.

No centro, a Verdade, acusada, aviltada, ignorada.

Na extremidade sempre oposta, a estupenda força antagônica à verdade, a qual está sempre condensada em todo réu do juízo humano, quando este é efetivamente inocente.

E, no meio, bem arranjados sobre o muro entre uma e outra coisa, os que até reconhecem a verdade, mas não têm força de escolha e decisão suficientes para defendê-la. Vencidos pela covardia, pelo comodismo, pela conveniência, pelo interesse ou por coisa que o valha, ainda que concordando com a verdade por um fio de vontade, acabam se aliando com os que decidiram opor-se a ela, convencendo-se a si mesmos de estarem defendendo-a, desde que isto se dê como forma de manutenção das conquistas auferidas.

Seja como for, todos querem conhecer a verdade.

Por razões de foro íntimo diversas, é fato, mas, todos a desejam. E cada qual a busca, e a defende, segundo a escolha de seus interesses íntimos, quase sempre segredados de si mesmos.

Quem escolhe e decide pelas mesmas razões íntimas dAquele que fez silêncio diante do juízo humano sobre o que seja a verdade, recebe – por calar-se repleto de verdade – a mesma paga: um salário de morte.

Justa punição, segundo os que defendem e distribuem suas certezas de domínio da “verdade”.

Sempre, esta minoria que escolhe um lado para opor-se à verdade humanada, exige, da maioria inócua, adesão à causa de manutenção das estruturas de exploração da “verdade”, quer à direita, quer à esquerda.

Ai de quem, mesmo confuso diante da verdadeira injustiça, não cede ao pleito clamoroso da minoria que basta a si mesma em nome de todos... e essa minoria grita! E como grita! Berra! Urra! Voscifera uivos solenes em nome dos ideais de “de defesa da ordem ou de justiça social, desde que não esvaziem seus bolsos ou contradigam suas razões, seu saber, sua fé, enfim, desde que não se saia perdendo”...

E, daí, surge, no miolo mole dos que galgaram conquistas a duras penas, a questão: se fico do lado da verdade incondicionalmente – a qual é sempre ré do homem – perco tudo que me custou conquistar sofrivelmente (pois toda conquista, justa ou injusta, é suada); se, ao contrário, oponho-me efetivamente à ela, torno-me réu de mim mesmo, de minha própria consciência e, portanto, necessário algoz dos que pensam em contrário, afinal, é pelo bem dos excluídos que devo acumular poder para protegê-los, libertá-los, agora que livrei a mim mesmo do erro... Donde surge a “verdade” da terceira via, justificável em causa própria: nada tenho com isto, se concordando com a verdade, nada posso fazer para protegê-la sem que eu perca os direitos que conquistei, então, que o destino dela seja decidido por quem se diz convencido em aderir a ela ou em opor-se a ela. Melhor lavar minhas mãos. Que tenho eu que ver com isso?...

Uns, buscam o conhecimento sobre a verdade para reforçar ou aumentar seu poder de dominação material ou espiritual (intelectual para os sábios e religiosa para os crentes). Afinal, o precursor de qualquer anúncio de uma idéia, fato, notícia, conhecimento ou qualquer coisa considerada “verdadeira” que o valha, goza do prestígio que lhe lucra a influência que, com isto, é capaz de exercer.

Outros buscam a verdade com o fito de regozijar-se num deleite indômito de volúpias interiores, cujas paixões podem variar desde o usufruto corporal, psíquico ou espiritual alheio, como da exaltação do próprio ego.

O que ama a verdade por ela mesma, sem prender-se ao seu desfrute interior e exterior, é vítima, com ela, do esforço de aniquilamento promovido por um outro qualquer - individual ou coletivo - em vista do incomodo que causa.

O que ama os prazeres oriundos da verdade - conhecida e experimentada - está sempre pronto a ser algoz para aniquilar, por ela e em nome dela, qualquer um que ameace o direito que conquistou (com ou sem justiça) de desfrutar o que obtém dela, tornando-se, assim, na prática, um opositor da verdade que supõe defender.

O que rejeita que a verdade está presente nos dois casos acima (no primeiro, livre, embora, parecendo refém, e, no segundo caso refém, apesar se sugerir a idéia de máxima liberdade) - por não compreender ou não aceitar que seja assim – acaba aniquilando-se a si mesmo ao objetar a contundência veraz desta lógica, da qual ninguém escapa.

Só há, portanto, essas três possibilidades para o ser inteligente se relacionar com a verdade: resignação à verdade (aceitando-a até ser capaz de morrer); revolta contra a verdadeindiferença à verdade (ignorando-a enquanto matam e morrem por causa dela). Em cada caso, todavia, um desdobramento correspondente baterá à porta. (negando-a até ser capaz de matar);

Mas a verdade é intrépida. Segue seu movimento cósmico: permitindo que os seus adeptos sejam aniquilados pelos seus apropriadores indébitos, diante do regozijo dos que não querem nem aniquilar nem serem aniquilados pela força da realidade...

A verdade é e pronto. Concordemos ou não, pensando que assim seja ou não seja...

E é o que, afinal?

Uma luz no fim da caverna que está imersa na tenebrosa escuridão da falta de conhecimento ou acesso à ela mesma?

Platão, Platão... que alegoria é essa???

Parece o PT arrastando a nação inteira para fora daquilo que chamam de odiosa “dominação” capitalista do ouro negro... De que modo? Não se assuste: levantado capital através do buraquinho iluminado do pré-sal... a seis mil metros de... de ausência de luz... e viva a nova mina de ouro, comemoram... ouro que é negro também...

Afinal, o que é a escuridão, senão, absoluta ausência de matéria (=luz=energia, na mecânica, na relatividade, na quântica ou em qualquer paradigma que possam construir)... Que o digam os físicos, donos da “verdade” sobre o que existe e o que não existe na ótica mitigada do naturalismo...

Seja como for, estamos todos em queda livre na escuridão dos séculos... É uma queda livre na ausência de luz, no sentido de compromisso com a verdade pela verdade e não com os resultados que nos interessam a partir da aceitação ou negação da verdade. É uma queda livre, mas, nem sempre uma livre opção de queda. Coisas distintas.

Todos nós estamos arremessados nesta queda livre – e não livre queda – na medida em que participamos de um dos três grupos de relação com a verdade, recordando:

- o grupo - raro pela humildade honesta - que abraça a verdade até ser com ela aniquilado pelos que a desejam “dominar”;

- o grupo - minoritário pela arrogância genialmente fascista - que se opõe a ela, seguros de possuí-la e ceticamente crentes na autocapacidade de administrá-la e compartilhá-la como ninguém, inclusive, “nunca antes na história deste País”...

- e, o grupo terrivelmente majoritário dos que, por “imaculado” amor próprio – ou a coisas e causas próprias – preferem não se comprometer nem ao lado da verdade nem em oposição franca a ela, mas, contentando-se mediocremente por usufruir, em mão dupla de conveniência: eventualmente, as polpudas migalhas caídas do cálice de madeira dos que por ela morrem; permanentemente, os afortunados despojos servidos na bandeja de prata dos que em nome dela matam!

Ó geração perversa... até quando viverei convosco?!...

Este não é um grito estapafúrdio de um niilismo tupiniquim pós PT-pré-sal...

Nem tampouco um surto místico de santidade pós Concílio Vaticano II...

É o que então, uai?!

Uma braçada no oceano escuro – denso em trevas – da era iluminista com todas as suas conseqüências vindas e por vir.

Um golpe no vácuo das antropologias VERDADEIRAMENTE sem fundamentação ontológica.

Uma penetração promíscua nas entranhas estéreis de um milênio que tem como maternidade legítma não a ciência da tecné, mas a paternidade bastarda do cientificismo, que faz da ida do homem à lua uma conquista ideológica para tirar da mão de São Jorge (que inocentemente víamos no satélite iluminado quando crianças) a lança que outrora traspassou a cabeça do império romano e que hoje poderia novamente inspirar a necessidade de traspassar a cabeça cheia do maquiavelismo do dragão da liberté, de fraternité et d'égalité (liberdade, fraternidade e igualdade)...

Voa bichano... voa de volta à terra – de foguete! – para ser adorado pela geração pós-moderna, ávida por um deus que aceita mentira como expressão variante da “verdade”...

Sopra sobre a consciência dos iluminats as flamejantes labaredas do fogo abrasador de sua doutrina mais arguta: a de que todos podem salvar-se a si mesmos pela simples evolução de suas consciências, através das “verdades” que crêem extrair do “fruto do conhecimento do bem e do mal”, agora acumulados na história...

Fá-los, ó poderoso dragão, escutar o timbre de sua cordas vocais, para que seduzidos pelo seu canto de sereia GLS em tons e escalas harmonizados pela ditadura antihomofóbica, possam seguir seus rastros numa eternidade semelhante ao universo, isto é, predominantemente negra com alguns astros brilhantes a quem tributam algum reconhecimento como guias que ocultam “verdades”, as quais conspiram contra ou a favor das conveniências pessoais, conforme a harmonia com o cosmo ou da força de suas mentes e vontades...

Dá-lhes as asas da insurreição no âmago de suas interioridades metafísicas para que num transe de ilusão, possam, quem sabe, encontrar o sábio Platão e indagar-lhe: qual dos astros - com suas luzes piscantes no mar escuro da eternidade - é a luz correta para saírem, por conta própria, da caverna do orgulho, a fim de pegarem a rota do eterno retorno e se tornarem, também eles, agora evoluídos e mais sábios, guias ainda mais cheios de empáfia em prol das multidões que igualmente se perdem em mapas de pseudo verdades?...

Esses “verdadeiros eus” e seus divagantes “mestres interiores”, ministros da preternaturalidade, são os herdeiros que se supõem “libertados” da “era das trevas”, que se crêem protagonistas da “verdadeira” “era das luzes”...

Numa ala, estão os discípulos de “são” Marx, libertadores a la Che, Castro, Chaves e outras versões mais brasileiras do estereótipo feminino encima do muro... Noutra, são seguidores fundamentalista do neoliberalismo na esteira de um “cristianismo” da prosperidade, a la melhor calar que muitos se darão bem e, assim, pelo menos ninguém se dará mal, a menos que: falando, saiamos no lucro!...

Va bene iluminats, senhores iluminadores de si mesmos, abastados de tão variadas, múltiplas e relativas “verdades”, a ponto de que elas podem dividir-se e multiplicar-se distintas de si mesmas, compondo uma verdadeira sinfonia de contradições, cada qual devedora de hermenêutica própria, para justificar-se a si mesma e ser capaz de engodar número cada vez maior de loquazes...

Interpela-me a Verdade pelo viés da bela melodia: “então por que me buscas se não sabes nada”???

Já não busco. Apenas continuo a cair em queda livre, na escuridão da ignorância sobre o homem, sobre mim mesmo, sobre qualquer coisa, sobre Deus, enfim...

Vou desferindo golpes de consciência no vazio do saber acumulado, como um guerreiro solitário, buscando em algum canto dos universos existentes dentro e fora de mim uma silhueta autêntica da verdade...

Esforço-me na falência de minhas vontades - na linguagem do Apóstolo Verdadeiramente Santo: “faço o mal que não quero e não consigo fazer o bem que quero” – para poder enxergar de um modo diferente esta queda constante na escuridão.

Ao invés de ver-me caindo desesperado num abismo sem fundo...

Ao invés de iludir-me como se eu fora um iluminado alado que cruza o oceano da escuridão, com as asas da ostentação do saber, na direção de um astro cósmico escolhido por cálculos mirabolantes a fim de sair do caos e tornar-me guia de seres menos evoluídos, isto depois de ter guiado a mim mesmo na direção de uma pseudo iluminação...

Ao invés disto, vejo-me flutuando na ausência da luz do verdadeiro saber, simplesmente porque ainda não sou apto para ser colhido pela luz da verdade perene.

Estou flutuando no ventre escuro da realidade natural, sendo gestado pela Sabedoria Divina para ver - quando nascer através da morte - a radiante, inextinguível e Gloriosa Luz Divina.

Isto é uma escolha de Fé?

Sim, o é!

É uma decisão da Razão?

Também o é!

Por que sentir tristeza, se posso apostar todas as fichas numa realidade inerrante distinta de mim e de tudo que vejo para devolver-me, a mim mesmo, e a tudo que me circunda com a esperança de que mesmo do péssimo conhecimento de Lutero a Kant, do Racionalismo ao Empirismo, da Revolução Francesa à Revolução Industrial, passando pelo comunismo perneta de Marx ou pelo capitalismo mão de vaca do protestantismo histórico, pelo psicologismo divagante de Freud a Jung e pelo espiritualismo macroecumênico das diversas antropologias religiosas, enfim, por que sentir tristeza ou angústia se, repito, de todo este péssimo conhecimento - mais mal aplicado ainda do que sua já ruim idéia originaria – eu posso tirar um bem maior para rasgar a alma em busca da minha sanidade, que tenta amar a verdade mais que os frutos oriundos dela?

E, a Verdade, tão sábia que é em Si mesma, guarda como ATO todo o universo dentro de si, e, tudo isto que está dentro dela própria, ela condensa como POTÊNCIA, para guardar dentro de cada qual que é feito à imagem e semelhança de Sua Natureza Única, Inconfundível, Inacessível, Inescrutável, Indivisível, Irrepartível, Invisível, etc, etc, etc. Fora desta realidade Transcendente, ninguém, concordando ou discordando, amando ou odiando, enfim, resignando-se, revoltando-se ou tornando-se indiferente, pode subsistir. É esta Graça inexorável que tudo sustenta, sem fundir-se ou confundir-se, por Natureza Própria e Distinta de tudo quanto é por ela circunscrito, bem como por todos que Ela Se deixa circunscrever. Eis o Mistério da Fé, para os que crêem. Eis a Revelação da Verdade, para os que têm razão.

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

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