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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

sábado, 20 de setembro de 2014

Um Bispo corajoso...


POBRES FIÉIS CATÓLICOS
Pobres dos fiéis católicos que frequentam as Santas Missas em muitas de nossas igrejas… Submetidos tantas vezes às arbitrariedades de uma pseudo liturgia pautada por distorções, abusos, ridículas inserções de palmas, agitação de folhetos, danças, símbolos e mais símbolos que não simbolizam nada.
Quanto abuso! Quanta arbitrariedade! Quanta falta de respeito não só para com Aquele para quem deveria dirigir-se a celebração, mas também para com os pobres fiéis que são obrigados a engolir esdrúxulas situações falsamente chamadas de ” inculturação liturgica”, mas que na verdade revelam falta de fé ou a ignorância das mais elementares verdades da fé em relação à Eucaristia, à Presença Real e outras.
Pobres fiéis guiados por alguns pastores que arrotam slogans fundados em um palavreado eivado de conceitos atribuídos ao malfadado “espírito do Concílio” que na verdade, de conciliar nada tem…
Tal espírito passa longe daquilo que a Igreja de Cristo é e pretendeu favorecer com a reforma litúrgica. Pobres fiéis, forçados a ter de engolir o que destrói a fé, o que na prática nega a centralidade do Mistério de Cristo, poluindo-o com a tentativa de desfocar este Mistério através da inserção de conceitos ideologizados sobre Deus, o homem, a criação e tantas outras realidades.
A “nobre simplicidade” apregoada pelo Concílio transformou-se em desculpa para um “pobretismo” litúrgico que se expressa em despojamento do elementar, em relaxo, sujeira, descaso e outros defeitos. Dá-se à Liturgia, portanto a Deus, o que há de pior: no mínimo, o que é de gosto duvidoso. Chegamos ao tempo em que quem obedece as Normas Liturgicas é acusado de rubricista.
Ai de quem ousar usar os paramentos prescritos pela legislação litúrgica vigente. No mínimo será caracterizado como “romano”, o que na visão de muitos é considerado como uma ofensa.
E quem celebrar usando com fidelidade os livros litúrgicos, “dizendo o que está em letras pretas e fazendo o que está em letras vermelhas” será execrado pelos apregoadores do “autêntico espírito do Concílio”. Sinceramente, é preciso muita, mas muita fé mesmo para não deixar de acreditar que ‘as portas do inferno não prevalecerão’, como nos ensina Nosso Senhor.”
Dom Antonio Carlos Rossi Keller, bispo de Frederico Westphalen

sábado, 2 de agosto de 2014

Carta aberta aos pecadores como eu...

Em tudo... em tudo... em tudo... mais que em todas as derrotas, mais que em todas as vitórias: a VONTADE DE DEUS conta mais que tudo...mais que os vícios e pecados... mais que as virtudes e as pretensões de santidade...
Vou rabiscar essas ideias radicais para utilidade de quem, antes de pretender “produzir” qualquer tipo de reforma cristã na “fábrica” de utilidades vendáveis do Evangelho - segundo as regras da economia da nova evangelização - está honestamente comprometido(a) com a produção artesanal e laboriosa da própria conversão, como artífice diuturno da reforma de si mesmo, para o bem de todos.
Por incrível que possa parecer o que vou dizer, mas, até mesmo o pecado na luta por realizar a Vontade de Deus, vale mais que a virtude na luta – nobre que seja - por realizar a vontade própria...
Tão incrivelmente paradoxal isto, que vou repetir: até mesmo o pecado na luta por realizar a Vontade de Deus, vale mais que a virtude na luta – nobre que seja - por realizar a vontade própria...
Não será em razão do que decorre disto, em misteriosa profundidade, que algumas prostitutas nos precederão no Reino dos Céus??? Na decadência do zelo para consigo, uma prostituta leva aos estertores a humilhação de uma vida de desprezo a si mesma, que de algum modo gera humildade. Pode-se dizer tudo de uma prostituta, nunca que ela seja orgulhosa. As prostitutas podem ser vaidosas, mentirosas, dissimuladas, enfim, podem acumular - além da promiscuidade - toda sorte (na verdade azar) de vícios morais, todavia, não se encontrará entre elas o orgulho gracejando-lhes a alma.
Na vida tristemente degradante de quem vende o corpo, a própria prostituição destrói o amor próprio e, junto, de quebra, o orgulho que nele reside e dele se alimenta. Sem ter o amor próprio para alimentar o orgulho, como pode este último sobreviver? Será por esta razão que suas almas acrisoladas em corpos manchados pelo pecado, contêm alguma predisposição maior para conversões mais sinceras? É de fazer pensar!
Em muitos virtuosos, ao contrário, excede a exaltação que gera o orgulho. Talvez por isso, não poucas heresias venham de processos mentais adoecidos pela convicção internalizada da auto piedade e auto pureza, que se desdobram em formas pietistas e puritanas na prática do bem comum ou da santa religião, desfigurando-os por completo. A isso, temo, também, irá levar a tão idolatrada práxis no lugar da doxa, que na extensa literatura bíblica, aparece poeticamente como prostituição contra um Único Deus Criador de todas as coisas.
Pensemos nisto com modéstia e simplicidade: talvez seja por isto que o Bendito Salvador afirmou não ter vindo para os que estão saudáveis. De fato, estes não precisam da Medicina de Deus. Aliás, a Medicina de Deus cura não apenas o pecado, mas, a raiz do pecado: o orgulho. E como o orgulho viceja com facilidade nas almas ciosas de si mesmas, apaixonadas pela vaidade de práticas virtuosas acima da media.
Aqui neste blog, é assim: “uma no cravo, outra na ferradura”. Afinal, ferreiro que se preza, tem de testar a qualidade do casco antes de fazer padecer o animal com pregos de aço em patas chochas. De que adiantam gastar ferraduras onde os cravos – iguais aos da Cruz – não poderão conservá-las?
Primeiro se deve tratar os cascos danificados da nossa vida carnal danificada quer pela falta de respeito ao próprio corpo, que se entrega facilmente à prostituição; quer os cascos rachados (embora rígidos) da nossa vida espiritual danificada pelo excesso de valorização da alma, que se deleita na vanglória.
Em razão disto veio Ele para tratar os que estão doentes, isto é, os que reconhecem no profundo de si mesmos impotência para glorificar a Deus e somente a Ele. Estes estão alquebrados e humilhados pelo pecado e falta de virtudes. Humilhados, aceitam humildemente a Medicina Divina. Com as feridas da alma abertas e expostas, absorvem o bálsamo da Misericórdia com gratidão, generosidade, intensidade, simplicidade, abertura honesta, enfim, certos de sua indignidade, os fracos descobrem o Mistério de que Deus fará brotar neles a Graça, como faz brotar no esterco, o lírio...
Por isto o Santo Apóstolo, que de Tarso a Damasco, viu-se derrotado pelo farisaísmo virtuoso da antiga religião que usava da Lei para oprimir o pecador, invés de cuidar-lhe as feridas do corpo e da alma, disse com propriedade doutoral (no sentido de Medicina Divina, mesmo): “onde abunda o pecado, superabunda a Graça de Deus”...
Mistério da Fé! Tão grande este Mistério que, talvez, seja por esta misteriosa razão do paradoxo entre o mundo natural e o mundo sobrenatural que, os maiores místicos da Igreja padeciam terrivelmente do vigor das compulsões de todas as ordens. Foram achincalhados pela visceralidade das libidos ou dos nervos... tudo, terrivelmente, à flor da pele.
Ponhamos de lado um instante a Medicina de Deus e voltemo-nos novamente ao diagnóstico dos que dela precisam.
Os candidatos à pureza angelical, numa quase anti-naturalidade de desprezo à condição de natureza que lhes deu o Criador – sem o perceber muitas vezes – querem atestar certa incompetência Divina, que deliberou fazer-nos homens invés de anjos. Aonde chegam os píncaros do orgulho, não?
Contudo, os ciosos da própria candura idolátrica, não padecem a boa, necessária e fatigante luta da alma. Parecem viver num “paraíso” de contemplação onde tudo é como é e não faz muita diferença que assim seja, não lhes toca o fundo da alma (mais ocupada com as próprias virtudes), que as coisas sejam como são.
Eles parecem não possuir material interior de decrepitude moral para ser transformado pela Graça, embora, estejam imersos no âmago da mais abominável forma de amor: o amor próprio... (agora não sei se é o ferreiro dando no cravo ou o cavalo retribuindo com um coice).
Seja como for, em consequência disto, os garbosos do amor próprio pela prática das virtudes, bastam-se a si mesmos, correndo o terrível risco de rejeitar mínimas provas, e chegam mesmo a desenvolver revolta contra Deus e contra si próprios, a partir de inexpressivos arranhões em sua condição interior que jazia já num ego pseudo ilibado e pseudo perfeito. Basta-lhes o mínimo dos mínimos em termos de falha, para abandonarem a paz aparentemente “perfeita” dessa inércia (indiferente para com tudo fora de si), e enveredarem por um caminho de difícil retorno à concórdia com as próprias consciências, com tudo o que lhes cerca e com Deus, ao fim das contas...
O narcisismo espiritual é o amor próprio – doentio - à beleza da própria pureza, tanto quanto o narcisismo físico é o amor próprio – doentio - à beleza das próprias feições... BIS (leia de novo e reflita com honestidade).
Se você leu novamente e chegou à conclusão que isso lhe diz respeito de algum modo, menos mal. Há chance de buscar a Medicina Divina antes que isto se torne um câncer espiritual, pior que o causado pelo pecado do corpo, pois, aquele, sendo pecado da alma, poderá destruí-la para sempre. O pecado do corpo só destrói a vida no corpo, não necessariamente a vida da alma (o que também pode acontecer sem o devido cuidado).
Por isso disse o Senhor: felizes os pobres, felizes os que choram, enfim, no Sermão da Montanha, felizes são todos aqueles que são infelizes neste mundo “nem perfeito nem imperfeito, mas em desenvolvimento” (Stº Ireneu de Lyon), pois, não se bastam a si mesmos. Eles reconhecem sua ‘faltância’ e insuficiência, por isso estão aptos à preexistência da Graça que tudo sustenta e à sua operação na natureza, a fim de complementá-la na vida natural e de suplementá-la na vida sobrenatural.
Na outra ponta do tênue fio existencial, pode-se dizer: infelizes são os ricos, infelizes os que riem dos próprios méritos e conquistas, enfim, infelizes são todos aqueles que são felizes em seus mundinhos de perfeição e virtude, pois, bastam-se a si mesmos no engodo da meritocracia espiritual (julgam-se merecedores da Graça pela prática das virtudes, o que equivaleria dizer que a Graça bate continência para seus próprios méritos... ora, pois sim!). Estes últimos gabam-se de suas completudes e suficiências, por isto permanecem inaptos ao complemento e suplemento da Graça, embora possam reconhecer a preexistência dela como sustentação do próprio existir.
Não conheço um só santo ou santa – um único - que não tenha desconfiado severamente de si próprio. Se místico, então... até a exaustão da alma e dos sentidos.
Tanto mais Deus cabe em nós, quanto mais nos esvaziamos de nós mesmos. Eis a kenosis do Discípulo Amado, obediente ‘cuidador’ da Santíssima Virgem Mãe de Deus.
Portanto, voltando ao exemplo da falta de virtude moral daqueles que tenham descido até o fundo do poço dos próprios limites e misérias (como as/os prostitutas/os, por exemplo), têm eles toda convicção do mundo de que nada possuem que os façam merecer, por si mesmos, os benefícios inenarráveis da Graça Divina.
Inversamente proporcional a isto, aqueles que ergueram a si próprios no auge de seus méritos e virtudes (como os puríssimos Anjos de Luz=Lúcifer; e seus imitadores quer nos coros angélicos quer no “coro de carne” de muitos homens e mulheres cheios de vanglória), têm toda convicção própria de que possuem todos os méritos necessários para usufruírem – por direito de merecimento e não por Gratuidade Divina – os beneplácitos da Graça Divina.
Importante lembrar que a palavra Graça significa exatamente gratuidade. O Dom da Vida é concedido de Graça. Ninguém, antes de existir, poderia fazer nada para merecê-lo, simplesmente porque não existia para fazê-lo. E depois de vir à existência, não por merecimento pessoal, mas por puro mérito da gratuidade (Graça) Divina, nada pôde, pode ou poderá fazer meritoriamente para garantir a permanência da existência.
Santo Agostinho tem razão: Tudo é Graça... Tudo é Graça... Tudo é Graça... até o pecado, não quisto por Deus, mas, por Ele permitido, favorece a Graça para superabundância dela mesma, afinal, quem como Deus pode de todo e qualquer mal, tirar sempre um bem infinitamente maior?

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A Grande Ilusão...

Para ser honesto com a realidade, a grande ilusão do ser humano contemporâneo desemboca numa pavorosa desilusão de sentidos vazios de nobreza e verdade. Mais que uma crise afundada na completa falta de fundamento ontológico do entendimento do homem a cerca de sua própria natureza, condição e verdade própria, trata-se de um mergulho existencial no nada...
Isto: o homem palmilha passo a passo os vazios individuais e coletivos. Atravessa os paralelos intangíveis da(s) consciência(s) numa busca que o leva, como cabe repetir num e noutro texto, de nenhum lugar para lugar nenhum.
Todos os parâmetros de realidade que o homem atual procura construir são, tristemente, falaciosos. São recheados de um estranho vento de inexistência num mar aberto de existências fadadas ao vazio dos sentidos. São paragens amorfas de compreensão para com: um de onde vim que não importa, de um permanecer fútil, até concluir um para onde ir completamente desconexo do real viver.
O homem tenta fugir da realidade construindo cada vez mais “castelos de areia” de novos sentidos sem sentido nenhum. Na grande maioria, virtuais. A própria razão de ser – primária e secundária – das coisas, já nem é mais sujeito, senão, mero objeto de sistemas binários que se reinventam mais do 1 para o 0 que do 0 para o 1.
Que isto significa? Tudo e nada. Aliás, do Todo UM para o nada ZERO. Mais ou menos isto, multiplicado e dividido, igual por todos.
Filosofia complexa à parte, vai o homem atual fazendo desconstruir – na medida em que tecnologicamente pensa construir – todos os sistemas que dizem que a verdade existe, muito para além do que se pode dizer ou compreender dela, nela mesma.
Se pudéssemos dar um nome a este processo de falência da humanidade, chamaríamos processo Pilatos. Afinal, na esteira de tamanho ceticismo – do viés moral da Revelação ao ético da construção do Conhecimento – o que é a VERDADE afinal?
Ela, a VERDADE relativizada por tão cruel sistema de ignorância racional, já não é matéria de investigação autêntica. Ela não só não é buscada, como não é amada. É ignorada pelos novos processos de conhecimento. É relegada ao ostracismo das “formas” caracterizadas pela deformação absoluta, em tudo. Em todos.
Queria dizer, ao começar a escrever este post, da grande ilusão dos meios e recursos usados, inclusive, para anunciar a Verdade que Se fez Carne... nem comecei e também já padeço os efeitos da desistência...
São tantas as ilusões que cercam as chamadas “ferramentas” tecnológicas de “evangelização”, que faz com que o “cristianismo” em voga busque mais a auto satisfação de cumprir esforços de conversão alheia, que não percebem ignorar – ampla e completamente – o seu mais potente e autentico processo intrínseco: a auto conversão.
O mundo todo quer influir na mudança do mundo. Ninguém quer, efetivamente, contribuir modestamente na transformação de si mesmo. E dá-lhe esforço coletivo, de novo, de nenhum lugar para lugar nenhum. Do nada para o nada, resumidamente.
Quem me lê poderá com muita facilidade vislumbrar um “Q” pessimista nas minhas considerações. Será fato isto? Que pensariam os mártires da primeira geração cristã, que invés de pretender mudar o mundo, vagavam de catacumba em catacumba, fazendo indizível esforço de escondimento para crescer na renúncia de si próprios, a fim de fazer glorificar em suas vidas o Cristo que glorificou Seu Pai?
Ah... - dirão os afoitos evangelizadores do sucesso que mais enxergam convertidos para própria causa “evangelizadora” que para a renúncia do seguimento – os tempos são outros...
É... de certo, para essas mentes conformadas com o formidável poder de descaracterização da época, o Evangelho, seguindo os tempos que são outros, talvez também devesse ser outro, né?!
Seja como for, na época do nada para o nada, do lugar nenhum para nenhum lugar, minha voz no deserto de uma época tão cheia de um si mesmo vazio de significado autêntico, seguirá buscando no alto de qualquer montanha um olhar para o horizonte, com o otimismo realista de vislumbrar, na história presente, um futuro próximo que irá melhorar, não antes sem piorar muitíssimo...
Embora possa parecer pessimista aos olhos de quem se pauta pela mecânica do grande vazio, posso garantir, meu otimismo é grande, maior inclusive que a Grande Ilusão, que, ao fim das contas, não é minha...
Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

domingo, 29 de junho de 2014

NÃO LEIA! Duro de engolir, difícil de digerir e impossível não embrulhar a alma...

Francamente, depois de um jejum forçado de mais de um ano sem postagens neste blog, se na última postagem, onde eu me atrevi dizer que preferia correr o risco de ficar “mal da fita” com a opinião alheia que trair minha consciência, hoje, suspeito, que aquilo que irei registrar aqui pode beirar a autodestruição de minha ignóbil aventura de escritor.
Não importa. Minha consciência, ainda que moribunda pela percepção do incrível nível de alienação do interesse coletivo, haverá de expirar, em paz, os últimos suspiros de lucidez numa época impiedosa com duas verdades: a verdade da razão (natural) e a Verdade da Fé (sobrenatural).
A sanidade mental e espiritual urra o brado de um quase desespero, na cruel batalha em que a lucidez de maltratadas consciências individuais, torna-se mártir da ignorância do inconsciente coletivo, como o denomina o psicologismo barato a la Freud.
Consciente da marcha rumo ao calvário palmilhado por letras que permanecerão pregadas desde o alto do abandono de ideias há muito crucificadas, me atirarei - contra o desprezo que me aguarda - como quem salta de um avião sem prevenir-se com um paraquedas reservas.
Imprudência? Amadorismo? Inconsequência? Risco calculado para experimentar uma dose extra de adrenalina intelectual? Tentativa de suicídio literário camuflado? Desespero emocional, racional e espiritual de quem está admitidamente ofuscado pela falsa claridade do iluminismo cultural?
Permito-lhe, querido leitor: seja você meu juiz... ou meu algoz!
Mas, se faço de meu próprio texto um libelo contra mim mesmo a serviço do seu senso crítico, não garantirei que será um libelo facilitador de compreensão ou entendimento. Sua hermenêutica, neste caso, terá de conviver com amargura o opróbrio pavoroso de minhas conjecturas mentais agonizando o suplício do mais absurdo abandono. Qual? Não, não é o abandono de mim mesmo, mas, o abandono – por parte de esmagadora maioria – da única coisa que ainda fazia sentido para mim, por ser a última referência da Verdade numa história eivada de mentiras: o abandono paulatino e progressivo, por parte da Igreja, do Patrimônio Moral e Doutrinário que ela herdou de Cristo e dos Apóstolos... que ela herdou de Cristo e dos Apóstolos... que ela herdou de Cristo e dos Apóstolos...
Neste sentido, a Igreja, parece entregar-se deliberadamente à morte na participação da Vida Divina. Concluir que ela, a Igreja, está deixando morrer o Cristo dos Evangelhos nela, para permitir surgir em suas próprias entranhas o germe do anticristo na forma de uma pavorosa apostasia, praticamente eu assino minha sentença de “morte” sacerdotal, atrevendo-me a publicar esta indizível realidade do agir temporal que faz sucumbir a Atemporal Ação de Graças de todos aqueles que nos precederam na Fé...
E tudo isto, na Solenidade de São Pedro (também de São Paulo), que recebeu de Cristo a promessa de que as portas do Inferno não prevaleceriam contra a Igreja... se bem que não prevaleceram contra Ele próprio, muito embora, Ele tenha Se entregado livremente, permitindo-Se ser destruído na Cruz para descer à mansão dos mortos, não é mesmo?!
E se bem também, que Pedro, o Primeiro Papa, teve Paulo para confrontá-lo em suas incoerências judaizantes, sob o auspicioso patrocínio da cumplicidade silenciosa dos outros Apóstolos, diante da parresia do Apóstolo Abortivo, não é mesmo?!
Que Paulo, ainda hoje fora dos muros da antiga Roma e do atual Vaticano (São Paulo Fora dos Muros), surja, para lembrar a Pedro que o Evangelho não é propriedade da cultura humana, sob a ótica do monoteísmo judaico-cristão-islâmico, ou mesmo pagã (no sentido de não monoteísta)... o Evangelho é propriedade de Cristo, que irá reclamá-lo... pelo visto, em breve, muito tem breve...
Duro golpe para a Verdadeira Fé o que se engendra neste pontual momento da história...
Duro golpe para meu 4º voto especial de “amor ao clero sem limites e sem julgamentos” (São Francisco de Assis) ter de admitir minha completa falência interior diante dos fatos, embora, eu tivesse já escrito sobre isto há mais de 10 anos, quando publiquei o livro Paixão, Morte e Ressurreição da Igreja...
Duro golpe para meu 6º ano de vida sacerdotal publicar, aqui, neste bolg de “provocações do pensamento”, a mais aguda “provocação” contra minha própria consciência religiosa, moribunda no patíbulo de um Sínodo que só irá acontecer em outubro deste ano de 2014... o primeiro de três outros que farão gemer o Céu e sangrar a Terra...
É... farão gemer o Céu e sangrar a Terra...
Bem que eu avisei para NÃO LER, porque tão crua verdade é dura de engolir, difícil de digerir e impossível de não embrulhar a alma...
Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

sábado, 28 de junho de 2014

Em tempo de Copa... batendo a cabeça na trave!

Quando inaugurei este blog, há alguns anos, não pensei prioritariamente em resultados. É claro que qualquer escritor que se dedica a juntar palavras compondo sinfonia de ideias, deseja alcançar um público leitor. Seria hipocrisia – mais uma, dentre tantas (visto que sigo preferindo me acusar que a outros) – de minha parte, não considerar isto. Todavia, esta que é uma razão inerente a qualquer um que escreva, neste blog, é mais secundária que primária. Como razão primária, escolhi o mote do blog: “provocação do pensamento”.
Sim, “provocar” o pensamento: convidando, chamando, às vezes apelando para que o uso da razão não se renda quer à odiosa presunção intelectual quer à terrível apatia – apodrecida ou preguiçosa – do raciocínio. Tarefa de equilíbrio que tange a irrealização.
Seja como for, tentei cumpri-lo em muitas postagens. Se não consegui para além de mim mesmo, atingi o objetivo para dentro de mim mesmo, na medida em que expurguei em cada letra, palavra e frase, todos os pensamentos que me provocavam na eterna busca pela verdade íntima de todas as coisas. Note-se: verdade íntima, não, verdade aparente. Verdade que cobra da própria consciência, não da consciência alheia. Verdade dos fatos, não das opiniões sobre os fatos.
Trazer à tona os movimentos internos dos meus pensamentos, em forma de textos por vezes obtusos (reconheço) pela linguagem que parece embotada, vítima do gigantismo da tremenda falta de cultura de nossos dias, exigiu-me, desde o princípio, a despretensão do crédito alheio. Essa mesma liberdade permitiu-me devolver-me ao silêncio sem maiores satisfações aos mais de 15 mil leitores deste blog.
Dentre eles, àqueles mais assíduos, estou seguro que meus respeitos foram demonstrados e compreendidos pelo necessário hiato do meu silêncio prolongado. Minha palavra, aqui, não é, jamais, para além dela mesma. É tão somente: nela mesma.
Se minhas reflexões ou “provocações do pensamento” – frize-se: em favor da purificação do raciocínio em mim mesmo – reclamaram um certo silêncio obsequioso, não foi só isto que me afastou de novas publicações desde a última postagem em 2013. Pesou, sobretudo, o dever de priorizar um mal sucedido contrato comercial com a JMJ acontecida no Brasil ano passado. De toda forma, ainda com gosto de cinzas na boca, volto aqui para reinaugurar mais um período de “provocações”.
Numa frase bem oportuna: estou na área. Embora seja mera coincidência que isto aconteça durante a Copa do Mundo de Futebol!
Tendo estado “de molho” durante o desenrolar de mais um aparente fracasso, retomo a arte de fazer da palavra uma lâmina, a separar o que jamais deveria ter se misturado na razão humana. Refiro-me à contundência da verdade calcada na essência das coisas e a mais absurda pretensão de todas as épocas: o relativismo hermenêutico devedor da conveniência.
Xô lero lero... enganar para me dar bem é tudo o que eu não quero!
Pululam em mim pensamentos “provocantes”. Para muitos, eles serão nenhum pouco cativantes. Para a emoção das massas: irritantes...
Que fazer? Se eu desejasse me “dar bem” com minhas palavras, teria de trair minha consciência. Entre viver bem com minha consciência e malfadado com a opinião alheia, lamento informar: no dia final que me aguarda, nenhum aplauso me valerá para aplacar o juízo de mim mesmo e tampouco o Juízo d’Aquele que não erra na sentença e nem faz do ego coletivo testemunho válido no veredito das almas.
Neste espaço que me é oportuno não me apetece acumular a riqueza da opinião alheia. Antes, me serve para dividir a pobreza de minha própria opinião.
Se o mal estar coletivo dos leitores, eventualmente me punir, benfazejo me será o bem estar das almas que, instigadas pela minha “provocação”, assim como eu mesmo, hão de preferir fazer destas ideias uma bela carapuça para si próprias.
E é bem deste modo, após mais de um ano sem postar aqui, que desejo retomar um ou outro texto para fazer rolar a bola no campo das ideias, em plena Copa do Mundo, onde as pernas, mais que as cabeças, valem: milhões de vozes apaixonadas e de dólares patrocinados. Nada contra elas, as pernas habilidosas. Nem contra os meritórios atletas que sabem explorá-las para delírio das massas. Talvez, algo contra mim mesmo, que escolhi usar a cuca invés de chuteiras, para meu próprio delírio e desgosto daqueles que fazem do grito de gol uma vitória contra tantas desilusões.

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN