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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

ARQUIDIOCESE LANÇA LIVRO EM MAIOR FEIRA CATÓLICA DA AMÉRICA LATINA

A Arquidiocese de Juiz de Fora, através da CODEVIDA (Comissão Arquidiocesana em Defesa da Vida), em parceria com a Obra dos Pequenos Monges do Pater Noster, terá este ano um stand na 8ª edição da EXPOCATÓLICA, maior Feira do Setor Religioso da América Latina.

O evento acontecerá dos dias 07 a 10 de julho, em São Paulo, no Pavilhão Verde do Center Norte, onde tradicionalmente as Grandes Feiras Internacionais se realizam.

A Obra dos Pequenos Monges do Pater Noster já havia estabelecido um entendimento com a PROMOCAT, responsável pela realização da EXPOCATÓLICA, com o objetivo de organizar um espaço específico para enaltecer cada vez mais a relevância do Sagrado no evento, o que contribuiria para ressaltar o espírito da Feira muito para além daquele que é seu o propósito prático enquanto Feira de negócios do setor religioso.

Da feliz idéia de transcender o mundo dos negócios para caracterizar a unidade da Igreja na sua ampla e rica diversidade, com a preparação de um pequeno espaço cultural bizantino, progrediu-se para a prospecção oportuníssima de uma urgente e necessária ação social em prol da PROMOÇÃO DA VIDA HUMANA, num momento em que muitas forças da sociedade organizada pactuam com aquilo que o Beato João Paulo II denunciava como cultura de morte.

Esta importante parceria, agora fortalecida pela participação da CODEVIDA, resultou na soma de esforços para aproveitar esta gigantesca “vitrine” nacional e colocar em relevo a “defesa da vida em todas as suas fases, do desenvolvimento embrionário até a morte natural”.

O stand próprio de 16m² de área (localizado na Rua 1), contará com um pequeno ambiente de recolhimento e meditação com iconóstase, para ser usufruído pelos expositores e visitantes. Também terá um espaço para divulgação do DVD O Grito Silencioso, contando com um monitor de 42” que passará o filme durante todo evento, além da distribuição de panfletos e folders de conscientização. E será neste local que acontecerá a divulgação da CAMPANHA NACIONAL EM PROL DA MULHER GESTANTE E DO NASCITURO, que entrará na sua fase II, prospectando parcerias para continuar seu desenvolvimento no território nacional.

Outro acontecimento de grande relevância será o lançamento nacional do livro – Embriões e Vida: quando começa a Vida Humana? Reflexões multidisciplinares – que é fruto do I Simpósio de Bioética realizado em 2010 na Arquidiocese de Juiz de Fora. O livro - organizado por padre Laureandro Lima (Vigário Episcopal para a Família e a Vida) e por mim, que coordeno a Campanha Nacional - reúne as palestras do referido Simpósio, apresentando a palavra de um médico (Dr. Ivan Augusto), de um advogado (Dr. Victor Paschoalim), de um mestre em filosofia (Pe. Elílio), o testemunho religioso (Madre Paulina, pmPN e o Eparca Melquita Dom Fáres Maakaroum), a apresentação do Arcebispo de Juiz de Fora (Dom Gil Antônio Moreira) e dois artigos de nossa autoria (O homem pós moderno: uma antirracionalidade em construção? e SPA (Síndrome Pós Aborto): um problema de Saúde Pública?).

O livro será lançado oficialmente no sábado, dia 09 de julho, às 16 horas, no próprio stand, mas estará à venda desde a abertura da Feira, no dia 07. O desafio de se lutar sem tréguas contra o progresso da cultura de morte requer o arrojo de iniciativas dessa natureza.

É oportuno, ainda, registrar que a Obra dos Pequenos Monges do Pater Noster participa da EXPOCATÓLICA desde sua primeira edição, em 2003. E, este ano, além do espaço conjunto com a CODEVIDA, estará presente com seu tradicional stand de 21 m² (localizado na rua 5, esquina com rua D), trazendo novos lançamentos em sua linha de produtos voltados para atender o público católico, que tem como “carro chefe” a iconografia bizantina. O trabalho com os ícones são responsáveis pela subsistência dessa pequenina comunidade monástica e auxiliam na promoção desta magnífica causa social.

Sejam todos bem vindos a este importante evento de alcance internacional que, neste ano, haverá de promover o bem em favor da VIDA HUMANA com o tão importante resultado desta sadia parceria entre a CODEVIDA e a OBRA DOS PEQUENOS MONGES DO PATER NOSTER, que contam com o apoio cultural imprescindível da PROMOCAT Marketing Integrado, realizadora da EXPOCATÓLICA.

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Corpus Christi - Dom Fáres Maakaroun

Corpus Christi:

A nossa Fé na Eucaristia

A festa de Corpus Christi para nós cristãos, significa a nossa reafirmação em Jesus Cristo Vivo, no meio de nós, realmente presente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

A Eucaristia é o Dom que Jesus Cristo faz de Si Mesmo, nos revelando o Amor Infinito de Deus por todos os homens. Por isso, neste dia de Corpus Christi adoramos, louvamos e agradecemos ao Senhor Nosso Deus, por Seu Amor Eterno.

Sabemos que foi na Quinta Feira Santa, o dia em que Cristo, na vigília da Sua Paixão, instituiu no Cenáculo a Santíssima Eucaristia. O Corpus Christi constitui assim a nossa lembrança do Mistério da Quinta Feira Santa, quase em obediência ao convite de Jesus para “proclamar sobre os telhados” o que Jesus Cristo nos transmitiu no segredo (Mt 10, 27).

Os Apóstolos receberam do Senhor o Dom da Eucaristia na intimidade da Última Ceia, mas destinava-se a todos nós. Eis porque deve ser proclamado e exposto abertamente, para que todos possam encontrar Jesus que passa como acontecia pelas estradas da Galileia, da Samaria e da Judéia; para que todos, recebendo-O possam ser curados e renovados pela força do Seu Amor.

Todos os sacerdotes exclamam depois da consagração: “Mistério da Fé!”, precisamente porque se trata de uma realidade misteriosa que ultrapassa a nossa razão, não devemos surpreender-nos se também hoje muitos têm dificuldade em aceitar a Presença Real de Cristo na Eucaristia. Não pode ser de outra forma. Foi assim desde o dia em que, na sinagoga de Cafarnaum, Jesus declarou abertamente ter vindo para nos dar em alimento a sua carne e o seu sangue (Jo 6, 26-58).

As Palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, significam que a Eucaristia permanece sinal de contradição e não pode deixar de sê-lo, porque um Deus que se faz carne e se sacrifica a si mesmo pela vida do mundo põe em contradição a sabedoria dos homens. Mas com humilde confiança, a Igreja Católica faz sua a Fé de Pedro e dos outros Apóstolos, e com eles proclama, e nós proclamamos: “A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6, 68).

Sim, é certeza para nós cristãos: O pão transforma-se em carne, o vinho faz-se sangue. A Eucaristia é o alimento destinado àqueles que no Batismo foram libertados da escravidão dos sofrimentos inúteis e se tornaram filhos; é o alimento que ampara no longo caminho através do deserto da existência humana. Como o maná para o povo de Israel, assim para cada geração cristã a Eucaristia é alimento indispensável que ampara enquanto atravessamos as dificuldades dessa vida, necessitados de Amor e Perdão incondicionais. Jesus vem ao nosso encontro e nos infunde Esperança: Ele Mesmo é o pão da vida: “O pão vivo descido do céu; quem come deste pão viverá eternamente” (Jo 6, 51).

É Vontade Divina que cada um de nós, se alimente da Eucaristia, porque a Eucaristia é para todos.

Hoje, festa do Corpus Christi, louvemos e adoremos a Cristo que se imolou por cada um de nós, e se oferece na Eucaristia todos os dias para nós.

Amados filhos e filhas, caminhemos pelas estradas do mundo sabendo que temos ao nosso lado, Jesus Cristo, que somos amparados por Ele em todas as horas de alegria e de tristezas.

Amém! Aleluia!

+ Dom Farès Maakaroun

DO LIBANO E DE NOSSO SANTO SINODO

quarta-feira, 22 de junho de 2011

II CARTA ABERTA EM DEFESA DO PAPA BENTO XVI (fevereiro de 2010)

Publico, hoje, neste blog, a segunda carta aberta dirigida ao Santo Padre, o Papa Bento XVI, fruto da observação feita ano passado sobre a sequência de campanhas laicistas contra o Sucessor de Pedro, desde que assumiu o pontificado.

II CARTA ABERTA EM DEFESA DO PAPA BENTO XVI (fevereiro de 2010)

Aos irmãos na Verdadeira Fé e aos Homens de Boa Vontade

"Paz, Saúde e Honra!" (Lit. São João Crisóstomo)

A verdade não precisa de mim nem de nós nem de quem quer que seja para existir, pois, sua perenidade está nos fatos, na realidade que faz com que ela transcenda a si mesma na história, não obstante todo esforço para distorcê-la, corrompê-la, camuflá-la.

Enquanto transmitida por um homem, a verdade reside nas intenções íntimas mais recônditas de quem a comunicou, e não nas hermenêuticas que lhes são aplicadas pelos “intérpretes” de plantão.

Tendo considerado introdutoriamente este movimento dialético entre a verdade em si e as hermenêuticas que se lhe escapam mormente, permitam-me observar um fato: este papado atual vive de modo heróico a controvérsia entre a autêntica percepção da verdade católica e o relativismo cultural que se instalou num modelo cristão-iluminista em voga.

Desde que Bento XVI foi eleito Papa, a cada início de ano, a cada quaresma, um levante corre o mundo contra o Sucessor de Pedro, que por dever de consciência e dever de ofício mergulha seu pontificado nas raízes mais eloqüentes da Verdadeira Fé.

Primeiro foi o discurso de Ratisbona em 09/09/2006, que foi torcido e distorcido de seu contexto, e ganhou potente repercussão internacional com enfoque negativo, tendo o ápice desta retaliação sido atingido no início de 2007.

Depois, no início de 2008, nova onda de ataques por causa do Moto Próprio Summorum Pontificum, promulgado em 2007. A campanha contra este necessário empreendimento pontifical veio da dolorida resistência velada oferecida pelos próprios católicos, conforme o Papa mesmo chega admitir na carta que dirigiu aos bispos em 10 de março de 2009 (vide primeira carta aberta ao Papa). O silêncio inicial das conferências episcopais e as críticas em off de alguns prelados favoreceram a reação hostil da mídia internacional contra o grupo mais tradicional, também acolhido com benevolência pelo Pontífice, que é Papa de todos os católicos, e não desta ou daquela corrente. Isto, claro, favoreceu a falta de escrúpulos de setores anticatólicos da imprensa mundial.

Na seqüência, veio a infeliz e polêmica entrevista de Dom Richard Williamson, um prelado tradicionalista, que através de uma malfadada entrevista forneceu material para que nova carga pesada fosse dirigida contra o Santo Padre, no início de 2009, não obstante Bento XVI em nada tenha que ver com tais declarações impróprias.

E, agora, nos primeiros meses de 2010, a quarta campanha antiratzinger consecutiva desenrola-se de maneira injusta, manipulada e boateira, através de certa onda midiática conduzida pelo chamado lobby laicista (cf. http://www.zenit.org/article-24459?l=portuguese) que se levantou contra o Papa, querendo vinculá-lo aos crimes de pedofilia praticados por padres adoecidos na mente, nas entranhas e na alma.

É neste caso que aparece com maior clareza a possibilidade de sensacionalismo infundado e leviano, que pode ser produzido por grandes e imponentes veículos de informação, como o famosíssimo tablóide americano The New York Times, que, no início de 2010, fez manchete com notícia "podre" (de fontes duvidosas e/ou com intenções escusas e infundadas, visto que os esclarecimentos devidos já estavam amplamente à disposição dos interessados), tentando vincular o Papa ao acobertamento de mais um desastroso caso de pedofilia norte americano.

A capacidade midiática de construir falácias em busca de “manchetes de impacto”, e a decadência moral de muitas de suas estrelas – alguns dirigentes e comunicadores e parte do setor artístico (não todos) - é algo tão absurdamente visível, que temos a impressão de que se abrirmos os olhos de nossa consciência para olhar frontalmente esta evidência é como encarar, a olhos nus, o sol a pino. Todavia, ninguém parece disposto a levantar o olhar para mirar a evidência deste fato, preferindo baixar os olhos e submeter suas consciências a este mecanismo de dominação com grande poder de exposição e visibilidade. E quem, desavisadamente, encara os raios da “luminosidade” midiática sem usar os “óculos” dos interesses libertinos da cultura de mass media, queima a “retina” da visão lúcida, ofuscando, de quebra, a própria imagem.

Para lidar com este fenômeno sem deixar de encarar a verdade dos fatos, usemos, portanto, as lentes "fotocromáticas" da visão interior, que perscruta as intenções mais profundamente dissimuladas dos indivíduos e da coletividade, para expor a hipocrisia dos que se acreditam transparentes.

Pois bem. Deste modo vai se construindo a cultura de morte numa parceria entre duas potências antagônicas, que buscam o mesmo propósito libertino. De um lado, o Estado Moderno, que coloca como premissa suprema a instituição da liberdade como um direito a ser concedido acima dos deveres a serem cumpridos. De outro, os mass media, que estão fundados no princípio absoluto de que o direito de instituir a relatividade moral é um dever a ser imposto a todos, sob a alegação falaciosa de que isto é democrático.

Assim, no Brasil, entre PNDH's, novelas e Big Brother's, ritmos musicais indutores de mensagens subliminares permissivistas e todo o resto “vendido” sob o pretexto das novas tecnologias com as mesmas antiquíssimas políticas do “pão e do circo”, há um gigantesco esforço para induzir as massas ao relativismo moral social que é a causa primeira de desvios morais individuais graves.

Permitam-me, então, desabafar algumas indignações contra aqueles que se “indignam” com tanta facilidade com as falhas pontuais de indivíduos isolados dentro daquelas instituições que primam pela retidão moral, imputando – de modo indevido, injusto e maquiavélico – o ônus do desmando específico de uns ao conjunto sóbrio e reto de instituições moralmente sadias, especialmente contra a Igreja Católica e seu Pontífice.

Ora, indaguemos: como podem, por exemplo, os dirigentes do Estado e da Comunicação Social pretender instituir a legalização das perversões sexuais (como as propostas pelo Plano Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3 do Governo Federal e aquelas promovidas pela cultura midiática, por exemplo), postulando que crianças já marcadas pelo drama da separação com os vínculos sangüíneos sejam adotadas e educadas por casais homoafetivos, os quais, em via de regra (não obstante possa haver exceções também aí), dizem respeito a pessoas com profunda marca de desordem interior, afetiva e emocional, de grande potencial reativo, e intensidade sentimental capaz de deixar a razão e a sensatez de lado, para serem consideradas só em segundo plano, precedidas pelas compulsões do desejo instintivo?

Como podem esses mesmos indivíduos formadores de opinião pretender que se entreguem crianças indefesas para serem criadas por pessoas que fazem opção sexual baseadas, quase em sua totalidade, nas experiências sexuais indevidas e impróprias realizadas na infância e na adolescência, vítimas que foram, em sua ampla maioria, de abusos cometidos por gente adulta desequilibrada e inescrupulosa?

Acaso, a raiz da opção sexual antinatural, assumida em grande razão dessas marcantes experiências infanto-juvenis, não configura essas pessoas ao terrível quadro da pedofilia sofrida de adultos - ou cometida entre os próprios adolescentes - à época em que isto se deu? Claro, com a diferença que talvez tenham amado de maneira inocente seus iniciadores numa sexualidade incompatível com a natureza, a ponto de não os considerarem ou os denunciarem como pedófilos de seu passado...

Ou será que essa denúncia espontânea dos abusos sofridos no passado não acontece porque estes indivíduos, que agora promovem ampla e irrestrita liberdade sexual, acabaram por resolver com grande esforço - ou com certa "tranqüilidade" de ceder às novas possibilidades de opção sexual, à revelia da constituição biológica definida por gênero claro e inequívoco[1] - elaboraram seus dramas de puberdade e preferem trancafiá-los como segredinhos "lícitos" de seu passado de iniciação sexual?

Ou será ainda que os casos “mal resolvidos” ou “mal elaborados” ou “não superados” das marcas potentes de uma iniciação sexual imprópria na infância/puberdade são - especialmente para os astros da mídia, que acreditam ter resolvido bem seu passado neste campo (e é possível que muitos o tenham) - uma oportunidade de fazer sangrar "bodes expiatórios" que lhes garantirão um sigilo ainda mais perfeito a respeito do próprio passado, a fim de encobrir melhor as suas “perversõesinhas” que julgam "inocentes", quer aquelas de um tempo distante ou mesmo de um infeliz presente constante?

Afinal, expor o desvio alheio, de casos pontuais de gente doente em instituições moralmente sadias – com o fito de generalizar maliciosamente tais casos isolados vinculando-os impropriamente ao conjunto destas instituições - é também um meio eficiente de mascarar ainda melhor o próprio desvio comportamental...

Não se trata de fortalecer uma “guerra” entre estes e aqueles. Apenas, diante da má fé explícita no caso do levante injusto contra este Papa, se é necessário expor esta difícil questão “ao sol da verdade a pino”, para arrancar das trevas a realidade dos fatos, mesmo que isto “queime” a “epiderme” social da imagem pública de quem fala com ousadia e destemor. E isto deve ser feito por dever de consciência, senso de justiça e coerência com a realidade.

Em meio a isto vale ressaltar o seguinte: se tratar como “natural” as escolhas feitas por contingência de indevida iniciação sexual, por um lado, é inaceitável, por outro, é inadmissível qualquer tipo de discriminação racista e homofóbica - regada à violência e falta de caridade - para com quem se encontra profundamente marcado por experiências potentíssimas que arrastam as escolhas dos molestados (ou induzidos por padrões comportamentais pervertidos) para uma opção sexual antinatural.

Isto tem que ficar bem registrado. É intolerável qualquer prática odiosa contra as pessoas já estranguladas na capacidade de realizar escolhas compatíveis com o padrão normal da natureza.

Mas também não é aceitável conferir super direitos a estas minorias, criando mecanismos legais de privilégio institucional para os grupos homoafetivos, dando-lhes um lugar de destaque no padrão comportamental social, transformando-os num novo exemplo e modelo de união estável, num patente atentado contra a naturalidade. O direito comum à cidadania já garante a todos a liberdade de ir e vir sem privilégios aos grupos comportamentais. Voltamos a insistir naquilo que temos repetido por diversas vezes: os casos de exceção não podem ser transformados em regra geral em detrimento dos padrões naturais e dos costumes da maioria absoluta.

Voltemos, todavia, ao propósito primeiro desta carta aberta. Urge fazer a reparação contra a campanha internacional antirratzinguer promovida nos últimos anos. Partamos de uma exigente questão de contrapartida: é sensato que os meios de comunicação de massa, por vezes, demonstrem tanta ira contra a Igreja, a qual se debruça milenarmente sobre os mais nobres e autênticos princípios morais sadios, produzindo testemunho amplo e majoritário de decência e correção?

Em resposta a isto é preciso que se diga com todas as letras: a Igreja produziu a respeito da saúde interior do homem literatura numa vastidão inalcançada por quaisquer outras instituições nos últimos dois milênios.

Como ignorar tal evidência histórica em decorrência do agir, estrito senso, voltamos a repetir, impróprio e localizado de gente psíquica e espiritualmente adoecida, no interior das instituições moralmente sadias?

Aliás, que outra instituição existe com a mesma "marca" e a mesma identidade há dois mil anos, sem ter sucumbido ao século e à poeira da história, muito embora não lhe tenha faltado tenaz e contínua oposição atroz na trilha dos séculos?

A propósito, talvez disto também advenha o ódio institucional de quem se oponha tão ferrenhamente à Igreja, que atravessa séculos por ser divinamente instituída, apesar dos males que se lhe imputam os homens dentro e fora dela. Afinal, instituições seculares como o The New York Time, que propalou infâmia contra o pontificado de Bento XVI, podem até ultrapassar um século - ou muitíssimo raramente chegar a dois - mas, como todas as demais instituições humanas, jamais chegarão a um milênio, visto que tudo o que o homem constrói, ele mesmo destrói...

Mas, o homem, não pode, contudo, mesmo que sempre tente, destruir o que é construído por Deus... eis a razão de a Igreja vencer a inigualável marca de ser uma instituição que já atravessou dois milênios...

Talvez haja aqui uma razão profunda que explique a intolerância da tão fragorosa imoralidade do século contra desvios morais localizados e minoritários de algumas pessoas no âmago da Igreja: a sua indestrutibilidade, não obstante tantas falhas cometidas por alguns de seus integrantes (o que não implica, em absoluto, que a Igreja em seu conjunto seja conivente com tais erros. Ela acolhe os pecadores arrependidos de seus pecados e segue abominando o pecado)... Contra Ela, portanto, as portas do inferno jamais prevalecerão...

Fato é: as instituições do mundo sucumbem com o passar dos séculos e a Instituição Divina se fortalece atravessando milênios... não há dúvidas, isto é “irritante” para a lógica cética...

Diante disto, como pensar que não haja má fé e propaganda enganosa nas manchetes que procuram vincular a Igreja e seu principal líder ao desmando moral, por causa do infeliz e repudiável erro localizado de gente igualmente marcada por história infanto-juvenil tão semelhante à de qualquer outro que enfrentou no seu passado a brutal violência contra sua cândida inocência, guardando em sua memória mais profunda as marcas escravizantes de traumas muitas vezes dificílimos de serem superados?

De outra feita, como podem as mass media esfregarem diuturnamente na vista (e ouvidos) dos espectadores, uma tempestade de nádegas e silicones, traquejos afeminados de gente vacilante com relação à sua própria constituição ontológica de gênero - através de uma opção sexual que rompe as fronteiras biológicas -, além de uma enxurrada de cenas e palavras de altíssimo conteúdo pornográfico, como sendo coisa normal e, depois, fazer discursos rubros de indignação quando as pessoas, estimuladas por tão decadente programação, ultrapassam a barreira da perversão "consentida" para a perversão inaceitável?

Como podem os apresentadores de televisão aprovar tão facilmente a opinião de tantos figurões do liberalismo moral, concedendo-lhes o tapete vermelho dos horários chamados "nobres", para montar um circo para lá de plebeu, e, depois, ter a audácia de usar desse mesmo espaço para manchar a dignidade e integridade de personalidades que dedicam sem tréguas a vida pelo bem comum, como um religioso do galardão do Papa Bento XVI?

Ah, sim... entendi...

Se o Papa Bento XVI fosse progressista liberal, favorável a tudo que atenta contra a boa moral, a saber: casamento homossexual, aborto, eutanásia, mercantilismo genético, adoção de crianças inocentes por pervertidos sexuais do mesmo sexo, incentivo à permissividade televisiva das novelas e dos big broder's ou das promiscuidades hollywoodianas, etc, etc, etc (lista sem fronteiras) - enfim, se o Papa fosse um relativista moral ou um Pedro apresentador... ah, bom... neste caso ele seria ovacionado, invés de vaiado. Aplaudido, invés de hostilizado. Promovido, invés de relegado...

Se o Papa fosse um Pedro pop - no sentido da vulgaridade "artística" - certamente seria um homem de hábitos nada conservadores e comportamento igualmente leviano e não o homem erudito com exímia carreira religiosa, como sua vida o atesta. Mas, neste caso, se o Papa fosse este indivíduo preocupado com a indústria da imagem que faz fortuna fácil a troco de "paz" (aqueeeela "paz" dos revolucionários latino-americanos - precursores do terrorismo atual - que empunhavam metralhadoras, explodiam lugares públicos e assaltavam bancos [sic!]) e "amor" (aqueeeeele "amor" testemunhado por gente que troca de parceiro como troca de figurino [sic!])... Ah sim... se o Papa fosse esse libertino da moralidade "avançada", neste caso, suas possíveis "escapadinhas", seriam prontamente defendidas a unhas e dentes por esta gente, sob o pretexto dos que esbanjam glamour dizendo: "como todos nós ele tem direito à privacidade"...

Ou, se o Papa fosse idolatrado como os pop stars da música ou do futebol, mesmo que fosse flagrado em relações abertas com o pessoal do tráfico, teria que ter a imagem poupada em certa medida, por veículos que dependem do patrocínio dos mesmos que vinculam suas marcas aos contratos multimilionários dos craques que são imperadores no mercado futebolesco, por exemplo... E nada disso seria considerado hipocrisia, afinal, consentir com o erro é acerto, desde que haja patrocínio e compartilhamento na prevaricação moral vendável... Errado, ao que parece para tal padrão de permissibilidade midiática, é indicar o caminho moralmente honesto, mesmo admitindo que os homens poderão escolhê-lo ou ignorá-lo, conforme sua liberdade de escolhas...

Seja como for, fato é: nenhum outro lugar no mundo oferece aos homens, bons ou maus, que erram muito ou que erram menos - afinal, todos erram - a oportunidade de derramarem, como na Igreja, suas angústias e lamentações, dores e decepções, e saírem com a alma lavada por confidenciar suas incoerências existenciais, despejando no ouvido dos padres suas lamúrias e luxúrias, na tentativa de se tornarem pessoas melhores, sem pagar um vintém por isto... Aliás, minto, há sim, a religiosidade atéia dos divãs ou das terapias compradas... é só desembolsar uns tostões que se adquire com facilidade não uma absolvição divina, mas, um “cala boca” de consciência mesmo...

Noooossa... quanta vociferocidade! Hão de dizer os tupiniquins do supra referido "paz e amor" da geração que entende que permitir tudo é a liberdade plena, desde que não se permita tão somente colocar limites necessários para a saúde social do homem... vai entender???!!!...

Mas, certifiquem-se, estou calmo.

E não há ódio nem raiva em minhas palavras nem em meus brios, feridos sim, mas não colérico.

E, garanto, em nome da verdade que subsiste em si mesma e não precisa de homem algum – tampouco de mim - para ser o que ela é: a pujança dessas palavras não é sequer digna de representar a Justiça Divina que aguarda a todos nós, especialmente aqueles que tão temerariamente maquiam o mal com os tons bonachões do “vale tudo” moral e borram o bem com caricaturas vampirescas...

É... a Semana Santa atualiza ano a ano os passos de Cristo na História... E, a Igreja, sobretudo, através de seu atual Pontífice, o Papa Bento XVI, repete pari passu as pegadas do Crucificado...

Isto acontece por causa do egoísmo humano que, na hora de reclamar as necessidades materiais, bem estar e saúde, buscam o consolo do Cristo que está Vivo - porque assim o quis - na Igreja, tanto quanto Ele está no Céu, à Direita de Deus Pai, donde virá para julgar os vivos e os mortos... Pois, na hora de exigir de Deus a ilusão das conquistas terrenas, os homens lançam em terra (ou fingem lançar) o manto de seus desejos de nobreza e abanam palmas de louvação, pensando dissuadir Deus para seus intentos temporais egoístas e repletos de ambição e vaidade, em detrimento da Salvação escatológica...

Mas, quando estes mesmos homens não obtém, estrito senso, aquilo que delimitaram através de suas expectativas, passam de “humildes” pedintes da ajuda divina à ressentidos “traídos” no egoísmo da vontade própria pelo Todo Soberano, substituindo num estalar de dedos as orações de súplicas e a louvação a Deus, pela pretensiosa sanha de “acusadores” do Altíssimo com perguntas insanas do tipo: ‘onde está esse deus que permite tanto mal no mundo?’...

Bom lembrar: males estes que são sempre causados e esparramados pelo próprio homem, hoje, com a tutela do poder de Estado – que se institui à custa do relativismo moral - e com a promoção “ingênua” dos veículos de comunicação de massa, que, “apenas”, alegam vender o que a humanidade decaída deseja consumir...

É triste concluir que tal orquestração em seu conjunto subliminar é quase uma invocação a Satanás, com gritos de ódio dirigidos contra a Igreja: crucifica-a, crucifica-a...

A partir de tudo isto podemos afirmar que a Igreja repete na história os quatro principais lugares do Cristo padecente, tão claros no ambiente daquela semana que tornou-se Santa e Sagrada para a infeliz história da recalcitrância humana:

· o deserto: depois que Caifás "profetizou que Jesus iria morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos" (Jo 11, 51-52), "retirou-se para uma região afastada, perto do deserto, para a cidade chamada Efraim. Ali permaneceu com seus discípulos." (Jo 11, 54b). Certamente foi se preparar para cumprir a razão de Sua vinda, profetizada pelo Sumo Sacerdote: "Vós não entendeis nada. Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?" (Jo 11, 49b-50);

· o horto: depois de não atender as espectativas messiânicas da amizade apostólica de Judas (amigo do poder, da fama e do dinheiro), amarga a solidão até dos apóstolos mais próximos (valei-vos Deus, Santo Padre, Vigário de Cristo na Terra), que dormem enquanto Ele agoniza rezando até ter uma convulsão interior suando e vertendo lágrimas de sangue, tamanha dor existencial e decepção com a falta de altruísmo verdadeiro do espírito humano;

· o patíbulo: onde a pressão contra o Desígnio Divino ganha forma de tortura na tentativa insana de dissuadir a Vontade Divina a curvar-se diante da vontade humana;

· o Gólgota: que se faz palco dos extertores da história para crucificar os outros Cristos e Seu Corpo Místico, a Igreja;

Sabemos, com certeza, que não é a primeira vez na história que a Igreja é tratada pelo século como Cristo foi tratado pela convergência das eras em seu tempo, contudo, não sabemos ainda se será a derradeira. Uma diferença há, desta, para as outras vezes que a Igreja repetiu na história a mesma resposta à Deus Pai dada por Cristo, Sua Cabeça: hoje, num mundo global, interligado pelos meios de comunicação, a Paixão da Igreja é, na história, mais universal do que foi – para ela mesma - no mundo globalizado à época do Império Romano...

Viva a Igreja e seu Papa, o Pedro que não é pop, mas, julgado e temerariamente condenado pelo ódio midiático, vai esparramando sementes de ressurreição da Verdadeira Fé Católica, a Única Igreja Fundada por Cristo e adquirida no tempo e no espaço ao preço do Sangue Inocente do Único Verdadeiro Homem que, ao lado da Mãe Virgem, não conheceu o pecado em nenhum de seus aspéctos, embora, tenha assumido sobre Si, todos eles.

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN



[1] as disfunções hormonais são casos de exceção e devem ser consideradas como tais, não como regra geral, visto que a homossexualidade emerge, via de regra, por padrões comportamentais adquiridos por N razões sócio-familiares, o que, de per si, também faz vítimas os indivíduos biologicamente definidos por gênero.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Primeira carta aberta ao Papa...

No dia 21 de maio, em minha última postagem, manifestei minha insignificante adesão pessoal, como presbítero da Igreja Católica, às novas instruções da Santa Sé sobre o Moto Próprio Summorum Pontificum, o qual, de felicíssima inspiração papal, parece ter, infelizmente, se tornado aparentemente indigesto para o modelo eclesiológico de certos pastoralismos quase antisacramentais (na ponta mais extrema da ala progressista)...

Não faço uma crítica efusiva – como quem exibe um troféu - ao lamentável fato prático. Antes, fico consternado com a força avassaladora do modelo mental vigente, que faz vítimas mentes brilhantes e pessoas digníssimas no seio da Única Igreja Fundada pelo Filho Único de Deus Pai, o Pater Noster, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo e nosso.

Como sigo à margem dos fatos relevantes na vida incólume da Igreja de Deus, nada me impede, de sã consciência e reto sentido de obediência à Sagrada Hierarquia, apresentar minhas modestas – não obstantes intrigantes para muitos – “provocações” reflexivas.

Sendo assim, cumpro a promessa feita naquele último post, de publicar aqui uma primeira carta aberta ao Papa, que já havia circulado por certos “guetos” da internet, quando de sua publicação em 14 março de 2009.

É importante avisar de antemão que é uma carta aberta em defesa do Papa, visto que se tornou certo modismo inconveniente a publicação de cartas abertas hostis contra o Vigário de Cristo na terra... e por pares na fé, que se acreditam – o que se deduz pelo teor de suas conjecturas teóricas - conselheiros de Deus em matéria de exegese do Mistério já plenamente Revelado... quem dirá do Papa, coitado...

Sem mais delongas, ei-la:


CARTA ABERTA AO PAPA BENTO XVI

“Fiquei triste pelo fato de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste.”

Como não começar esta carta aberta ao Papa citando esta frase potentíssima, extraída da carta que dirigiu aos digníssimos Bispos da Igreja, no último dia 10 de março de 2009, acerca do levantamento das excomunhões dos Bispos da FSSPX? Aliás, tantas querelas há contra este papado que é justo e necessário pinçar ao menos uma delas para exprimir uma forma de desagravo contra o levante que se forma no horizonte da Igreja.

Que frase impactante, pois, esta do Papa dirigindo-se aos católicos. Coisa inédita, em que o Sumo Pontífice exprime uma confissão tão rara na história da Igreja e do papado. Uma pérola de seguimento ao Senhor da Vida e da História. Um exemplo de imitação do Senhor da Glória, o qual, para fazer brilhar a própria Glória Divina elegeu viver como Homem o abandono da Cruz, cujos passos o Pontífice Romano segue. Misteriosa Cruz, sem a qual, nem mesmo o Verbo de Deus após ter encarnado poderia ressuscitar, pois, para haver ressurreição requer-se um corpo atingido pela morte. A transformação gloriosa do corpo, sem o acidente providente da morte, é transfiguração, não ressurreição. E o Rei da Glória tem poder de fazer uma e outra coisa, como o demonstrou. Contudo, para libertar-nos do aguilhão do pecado, escolheu glorificar, n’Ele, o homem, fadado à morte por ocasião do pecado. Fez isto Se permitindo morrer na carne uma morte de Cruz.

Permita-me, Santo Padre, em vista de vossa carta dirigida aos digníssimos Bispos da Igreja, e tão difundida na internet, “a propósito da remissão da excomunhão aos quatro Bispos consagrados pelo Arcebispo Lefebvre” - tema que tanta polêmica produziu nas últimas semanas nos quatro cantos da terra – dirigir-vos de modo público meu insignificante, mas, autentico manifesto de desagravo contra a dignidade Pontifícal. Para tanto, com a vossa licença, arriscarei alguns parágrafos de “provocação” teológica, dirigindo-os reverenciosamente a vós que sois uma das maiores - se não a maior - autoridade viva neste campo.

São João Apóstolo e Evangelista ao descrever a “Vitória de Cristo sobre as feras”, no Livro da Revelação, diz: “Vi ainda o céu aberto: eis que aparece um cavalo branco. Seu cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro, e é com justiça que ele julga e guerreia.” (Ap 19, 11). Pois bem, Santo Padre, vós o sabeis muito melhor do que eu, este mesmo Jesus que subiu para Glória de Deus Pai a fim de retornar montado sobre as nuvens no tempo devido (cf. At 1, 9-11), preferiu, antes – e como primícias - montar num burrico para triunfar em Jerusalém cavalgando o despojamento e o abandono... Assim como vós o fazeis nesta hora, igualmente derradeira.

A primeira imagem, a do rei-guerreiro que cavalga a justiça e que guerreia com fidelidade é a imagem para o fim da História e não para a realização dela. É a realidade efetiva e definitiva da escatologia. A segunda imagem, a do rei-camponês que cavalga a humildade, é a imagem para o curso da História, para realização dela e para sua plenificação. Ao invés de entrar na gloriosa Jerusalém cavalgando um ginete, símbolo do rei combatente, vingador, vigoroso, glorioso e implacável, com postura majestosa sobre um imponente “trono galopante”, como era aguardado o libertador de Israel e como esperam todos aqueles que desejam a vitória sobre o mundo com a lógica do mundo, a grande lição: o Ungido de Deus vence o mundo cavalgando um burrico, símbolo do rei compassivo, complacente, dócil, humilde e perdoador, com postura modesta sobre um discreto “trono desconfortavelmente trotante”. Novamente aqui, esta segunda imagem, faz-me lembrar do Papa Ratzinger, que, contra toda expectativa do século, orienta-se para Jerusalém Celeste, despojando-se das convenções do século e abrindo-se para a incompreensão e intolerância do arrazoado humano.

Seguindo esta lógica do Evangelho, Santidade, a glória de vossa dignidade ministerial e de vossa grande erudição cultural, que a presunção do conhecimento humano tenta roubar de vós com intransigência e intolerância, é o vosso burrico, sobre o qual vós podeis carregar a maior dignidade dentre todos os Alter Christus: a graça de ser o mais configurado ao Cristo incompreendido. Vós sois, por conta destas duras servis das ovelhas desatinadas com o uivo lancinante do lobo assaltante o rosto atual mais perfeito do Filho Bem amado do Pai, no qual Ele pôs toda Sua afeição. Vós sois o mais amado. Vós sois o mais provado.

Respeitando esta que é a lógica do Mistério Divino, ousaria ainda a seguinte contemporização: o humanismo moderno antropocentrizou negativamente – com o perdão do neologismo de ocasião – o Mistério da Fé, protestando contra a Verdadeira Ressurreição, que supõe e exige a Cruz.

Se for possível fazer uma critica construtiva às novas teologias e novas exegeses - com a devida licença ecumênica estabelecida pelo vosso Sacrossanto Ministério Petrino - sem, no entanto, desobedecer ao Magistério do Concílio e do pós Concílio Vaticano II, os quais, são autênticos na medida exata daquilo que Vossa Santidade mesmo chamou de hermenêutica da continuidade (Discurso de 22 de dezembro de 2005), levantaremos algumas questões conseqüentes de certa obstinação humanista - um tanto relativista - no que tange à Revelação Divina.

Se lançarmos um olhar sobre a história do conhecimento partindo do renascimento; passando pela “parceria” ideológica entre a reforma protestante e o humanismo (pagão e “cristão”), e, desembocando na síntese iluminista entre o racionalismo e o empirismo, chegaremos ao conjunto de postulados que fomentam – muitas vezes de modo ingênuo e inconsciente – a evasão subrreptícia dessas novas teologias e exegeses. E tal evasão do Mistério da Redenção atenta, especialmente, contra os elementos insubstituíveis e irrevogáveis da Revelação Divina, que o primeiro Grande Doutor da Igreja, Santo Ireneu de Lyon, chamara de “dogmas imutáveis da verdade”, em sua magnífica obra Contra as Heresias.

Em meio a tantos desvios presentes no bojo do cristianismo moderno, todos, contudo, devedores dos novos modelos antropológicos, gostaria, aqui, nesta breve, filial e reverente “provocação” reflexiva, Santidade, que pretende sair a campo em favor do Mistério da Fé sob a égide da ortodoxia de vosso pontificado católico, retomar a evidência de que a Ressurreição é a solução escolhida por Deus para a morte, passando pela morte. Não a Transfiguração, que realizaria a mesma misteriosa glorificação sem passar pela morte, como preconiza veladamente a grande aversão que este cristianismo moderno, de raiz protestante, tem da Cruz. Cristo morreu na carne e ressuscitou na carne. Por isto cantava solenemente São João Crisóstomo no tempo da Liturgia Pascal, dentro do Sacrifício Incruento: “Cristo ressuscitou dos mortos, pela morte venceu a morte e deu a vida aos que estão nos túmulos!”

Parece haver certo horror, diluído na consciência cristã de hoje, sob os auspícios do vaticínio de neociências – tais como: as ciências sociológicas, as ciências das religiões e, especialmente, as ciências psicológicas - àquilo que outrora era a glória dos cristãos: a Cruz. E não apenas a Cruz como símbolo fundamental da fé, admitido somente vazio, sem o Crucificado, nas comunidades cristãs protestantes, como se fora um mero totem. O horror da Cruz vai muito além do símbolo da Fé e do imprescindível elemento litúrgico. O horror da Cruz reside no que ela realiza também como Sacrifício incruento, isto é, como Mistério ontológico e não apenas como representação simbólica de uma mera ceia celebrativa de um memorial isolado no passado, ou seja, um simples referencial antropológico, sem fundamento ontológico. Falta o entendimento e o amor à Cruz muito para além das imagens teológicas. Falta o entendimento e o amor pelo apelo existencial dela, como convite para que a repitamos na nossa páscoa pessoal e contemporânea, carregando-a generosamente, aceitando o mistério exigente de pendurar nela a concretude do nosso dia a dia, suportando resignadamente os reveses permanentes de nossa história e as contrariedades incessantes dos dramas pessoais e sociais. O horror da Cruz pelo que ela efetivamente significa na vida de um cristão autêntico seguidor do Cristo e pelo que ela exige dele, é a doença espiritual que torna cegos, surdos e de coração empedernidos os que se pretendem cristãos em nossos dias. Muitos chegam a realizar histerias coletivas em assembléias reunidas em nome de cristos divididos, para livrarem-se deste horror da Cruz, pensando, iludidamente, estar invocando o nome do Verdadeiro Cristo, pois, o Unigênito de Deus, ao contrário do que supõe os que se deixam enganar por estes falsos cristos - prometedores de prosperidade terrena - não livra ninguém da Cruz. O Verdadeiro Cristo, Unigênito de Deus, para ela convida, para ela atrai, a ela cativa. Nisto consiste a Glória do seguimento: a Glória da Cruz. Sem a Glória da Cruz, não há, nem pode haver, Glória da Ressurreição. Contudo, esta doença espiritual que aplaca o homem moderno, se curada por uma Sã Doutrina de ortodoxia cristã ou por uma honesta espiritualidade que torna o fiel amante deste mistério, é tratado pronta e rapidamente como caso de patologia psicológica e/ou de má fé num dos “falsos cristos” que jamais ressuscitou porque jamais compartilhou da morte na vida e na consciência deste pseudo cristianismo, novo e velho a um só tempo, tão recorrente que é na história da Igreja.

Não seria, Santo Padre, este horror mudo, implícito e covarde que subtrai do cristianismo sua natureza intrínseca, isto é, a necessária experiência da Cruz, para que o homem quedado pelo pecado seja configurado ontologicamente ao Homem elevado pela Glória de Cristo, que só experimentou verdadeiramente a ressurreição porque experimentou verdadeiramente a crucifixão?

Portanto, Santo Padre, também a vossa Cruz não é diferente da Cruz de São Paulo. A Cruz foi, é e será, sempre, escândalo para uns e loucura para outros, “mas, para os eleitos - quer judeus quer gregos -, força de Deus e sabedoria de Deus.” (1Co 1, 23-24).

Santo Padre, por que razão estaria eu, desqualificado discípulo de Cristo e de Seu Vigário na Terra, levantando esta questão cuja evidência objetiva é tão patente para Tradição Cristã?

Não será porque, recorrendo à bela imagem usada por vossa Santidade, as “raízes de que vive a árvore” (a Tradição) não está com o “machado” dos postulados antropológicos modernos posto ao sopé para decepar o “terebinto”, como diria o profeta Isaías (cf. Is 6, 12-13)? Não será porque os pressupostos gerais da modernidade – no que diz respeito exclusivamente aos fundamentos antropológicos e não quanto aos justos benefícios trazidos pelo progresso da technè – desejam reduzir a transcendência aos limites presunçosos da imanência? Não será porque o afã da glória na vida presente, seja aquele encontrado nos discursos mais à esquerda, que aspiraram à glória da plenitude do Reino através do progresso da ascensão da justiça social; ou, seja aquele encontrado nos discursos mais a direita, que relacionam os sinais do Reino com a prosperidade material – social e individual – e com a prosperidade psicológica, sentimental, emocional; enfim, circunscritos a uma prosperidade espiritualista que encerra o ser humano mitigadamente dentro dos parâmetros da história, subtraindo-lhe sua essência metafísica, num extremo, ou dissociando-a do necessário drama histórico, no outro extremo?

Ora, se a autoridade moral, espiritual, ministerial, canônica e apostólica do Sucessor de Pedro, bem como a autoridade cultural, intelectual e erudita de um teólogo do gabarito do Papa Ratzinger, parece não ser suficiente para cativar o respeito e a admiração da grande maioria dos cristãos na modernidade, resta-nos, ainda, perguntar com certa ironia teológica: teremos que esconder hermeneuticamente a contundência do Sermão da Montanha, a fim de diminuir o escândalo causado pela Cruz?

Santo Padre, eu continuo a perguntar: nós devemos aceitar inertes estes postulados e pressupostos advindos da forma mental dos últimos séculos, ainda que a sofisticação antropológica deles advindas, se apresente desprovida de razoável fundamentação ontológica? E se assim constatamos, em razão desta efetiva fragilidade ontológica, deveríamos aceitar como compatíveis com a Revelação Divina, a qual é indissociável dos dogmas imutáveis da verdade, as teses das novas teologias e das novas exegeses que lançam suas bases nestes pressupostos antropológicos de questionável fundamento ontológico?

Santidade, estas proposições não desejam, de nenhum modo, questionar a lucidez de vosso posicionamento teológico – coisa que não poderíamos fazer, mesmo que fossemos capazes. Bem ao contrário. Desejamos com isto fazer ressaltar que há católicos sim e homens de boa vontade também – especialmente entre os judeus que vos apóiam – capazes não apenas de compreender o levante processual e sistemático que vos cerca, porque cerca a Cristo e a Sua Única Igreja. Capazes também de identificar o mistério da iniqüidade que fomenta esta animosidade própria do espírito anticristão, que realiza na história o “ministério” da divisão. E como o anticristo, paródia avessa do Cristo, por isto “falso cristo”, possui “ministros” da divisão! Não é por menos que São João, na primeira Epístola, distingue os espíritos com precisão: “Filhinhos, esta é a última hora, Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos.” (1Jo 2, 18-19). Mas, principalmente, são estes mesmos bons católicos e homens de boa vontade, que avessos ao espírito do Anticristo, cerram fileira sob a majestosa proteção de vosso Báculo de Pastor, agonizando, sem balir, o mesmo destino do Cordeiro Imolado.

Por tanto, Santo Padre, não obstante nosso propósito seja aquilatar o valor inestimável de vossa trajetória - do getsêmani ao gólgota passando pelo patíbulo - preciso sincera e honestamente suplicar que aceite benevolamente minha retórica em estilo paulino, um tanto maiêutica, nas questões que seguem:

- a forma mentis dessas teologias e exegeses modernas, as quais tanto aspiram enaltecer a Ressurreição, esquivando-se subliminarmente da rigorosa exigência da Cruz, não estariam postulando a Transfiguração – que glorifica o corpo sem a angústia da morte – como centralidade do Mistério numa perspectiva um tanto milenarista da Redenção??? Perdoe-me, Santíssimo Padre, a ignorância seguida de atrevimento teológico, por isto recorro a vós cujo Magistério deve continuar – na minha modesta e medíocre opinião sacerdotal - seguindo esta linha de autoridade para com as teologias e exegeses dos dias de hoje.

Eis algumas outras questões, que reagem a este deslocamento quase impercepitível da forma mental teológica iniciada há mais de cinco séculos com um outro teólogo alemão, que demonstrou horror à Cruz e à Tradição:

- pode o homem na Igreja modificar ou deslocar o estatuto Salvífico da Igreja para o homem, como parece sugerir, em via de regra, a teologia cristã de hoje - em sua forma geral - na esteira do livre pensamento do teólogo alemão de outrora???

Que o teólogo alemão de hoje - que para glória de Deus é Papa - ponha termo aos postulados anticruz daquele do passado, seguindo o Princípio Eterno do Evangelho: acolhendo os errantes e abominando os erros. Bem sei que o vosso magnífico exemplo de abandono, Santidade, seguindo pari passu as pegadas de Pedro - que seguiu as de Cristo - nos ensinam o contrário desta infeliz tese da figueira estéril do humanismo moderno, com feições pagãs e maquiagem cristã.

Por caridade, Papa Ratzinger, releve com benevolência minha picante retórica contra a hostilidade do século à Verdade Revelada. Já me é por demais pesada - assim como, em incomparável medida, o é para vós e os vossos pares na Verdadeira Fé - a ironia filosófica e teológica do livre pensamento, com a qual os homens de nossa época tratam a Revelação Divina.

Eis, portanto, Santidade, o Mistério da Fé que, agora, mais que nunca, vós abraçais com propriedade para cumprir a ordem do Senhor como bem o dizeis nesta carta dirigida aos Bispos da Santa Igreja no dia 10 de março de 2009: “A primeira prioridade para o Sucessor de Pedro foi fixada pelo Senhor, no Cenáculo, de maneira inequivocável: «Tu (…) confirma os teus irmãos» (Lc 22, 32). Permita-me, então, prosseguir no meu atrevimento reverente e filial: vós sois chamado, Santo Padre, nesta hora de grande suplício para a Verdadeira Igreja de Cristo, para nos indicar com a própria vida o reto seguimento, que só resultará em glória futura, “depois dessa derradeira Páscoa” (CIC 677).

Santo Padre, quem sou eu, indigno pecador e menor entre os padres sob a vossa jurisdição pontifical, para dirigir-vos esta singela reflexão? Todavia, devo ousar faze-lo, para que não pensais que todos os católicos são sucessores de Judas, o traidor. Tanto quanto, nem todos se escondem num silêncio sofrido e velado, sucedendo misticamente aos demais apóstolos, que fugiram e se esconderam face ao terrificante Mistério da morte – e morte de Cruz - do Ungido de Deus. É preciso que saibais Doce Cristo na Terra, que há entre os católicos inúmeros sucessores do mistério joanino, que permanecem firmes, inertes e intrépidos aos pés da hodierna Cruz, na qual se apresenta ao mundo o verdadeiro e inequívoco seguimento do Cordeiro de Deus.

Como calou fundo na minha pobre alma sacerdotal a vossa constatação na referida carta dirigida aos digníssimos Bispos da Santa Igreja:

“Às vezes fica-se com a impressão de que a nossa sociedade tenha necessidade pelo menos de um grupo ao qual não conceda qualquer tolerância, contra o qual seja possível tranquilamente arremeter-se com aversão. E se alguém ousa aproximar-se do mesmo – do Papa, neste caso – perde também o direito à tolerância e pode de igual modo ser tratado com aversão sem temor nem decência.(grifo nosso)

Como eu gostaria que aqueles mesmos meios que tão prontamente propalaram este específico pico da campanha de intolerância, orquestrada muitas vezes com maestria jocosa, inclusive por católicos, contra a dignidade do Sucessor de Pedro, dessem ao menos o dízimo secular de evidência midiática ao singelo desagravo destas linhas. Contudo, esperar que isto aconteça pode requerer um milagre tão grande quanto o milagre da compreensão de que a Revelação Divina foi seqüestrada – sem pedido de resgate - por tudo o que se chama conhecimento moderno. Sendo assim, esperamos, pelo menos, que os veículos ligados à Igreja façam ecoar este desagravo sobre os telhados, “sem morder e devorar” a legítima diferença - na unidade - da catolicidade presente nesta forma tradicional e ortodoxa de viver a Fé.

Aproveito, outrossim, Santo Padre Papa Bento XVI, para através desta carta aberta, vos devolver com imensurável gratidão as palavras de encorajamento que o vosso predecessor Apostólico, o Saudoso Papa João Paulo II dirigiu, outrora, a todos nós, católicos: “Non abbiate paura”... Sim Santo Padre, Papa Bento XVI, não tenhais medo, verdadeiros católicos e não só, mas também honestos homens de Boa Vontade, entre os quais, Judeus que vos apóiam, estão convosco.

Respeitosamente, despeço-me, Santo Padre, não como porta voz oficial de todos que gostariam fazer destas minhas palavras as suas, mas, sobretudo, com a certeza moral de que faço do meu sentimento o sentimento de muitos que “ousa[m] aproximar-se do mesmo – do Papa, neste caso” e, juntamente com ele, cada qual de nós que está disposto a “perde[r] também o direito à tolerância e pode[r] de igual modo ser tratado com aversão sem temor nem decência”, por amor ao Evangelho em suas premissas francas e diretas, sem a ruptura das hermenêuticas da descontinuidade, as quais - ingenuamente em alguns casos e perversamente mal intencionada em outros - propalam na história o mistério da iniqüidade.

Portanto, saibais Santo Padre, quão preciosa é para a Igreja esta vossa carta dirigida aos digníssimos Bispos, a qual chega ao nosso conhecimento pela internet. Quiçá possa também a internet tornar conhecido o que ela significa para todos nós, especialmente os que se unem a vossa dor pela impactante frase extraída desta carta, da qual nos servimos para começar esta nossa e que vale repetir para frizar a relevância e singularidade deste momento histórico: “Fiquei triste pelo facto de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste.”

Unidos num só pensamento e num só coração, queremos fazer saber o que significa para nós, católicos, esta afortunada admoestação apostólica, no momento lacônico desta grande agonia no horto do vosso ministério pontifical. A exemplo do Cristo, ela nos diz: “Por que dormis? Levantai-vos, orai, para não cairdes em tentação.” (Lc 22, 46). De fato, a começar por Jesus Cristo, o Unigênito de Deus, e em verdadeira comunhão com Ele, há muitos “getsemanis” na história, Santo Padre. Este é o vosso. Este é o nosso.

Pe. Frei Flávius, pmPN

Monge e Sacerdote Birriitual (Melquita e Latino)

OBRA DOS PEQUENOS MONGES DO PATER NOSTER

freiflaviohenriquepn@hotmail.com

Juiz de Fora, 14 de março de 2009.