O FILHO PRÓDIGO
(LUCAS 15, 11-32)
“Ora, o filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo” (Lucas 15:25-27).
É aqui que a trama da parábola do filho pródigo chama a nossa atenção.
Jesus torna evidente que, independente de quanto é comovente a saga do filho mais novo, afinal, como poderíamos não ser tocados por esta história comovente a respeito do Amor de um Pai por um filho desviado e a Sua Alegria com a recuperação deste filho? Não seria isso que todos nós pais teríamos feito? Por isso, o foco da parábola é o filho mais velho.
E o que dizer do irmão mais velho? Ele não representa, porventura, todos os outros homens e mulheres que, tristemente, se distanciam da Verdadeira Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo? A racionalização, da sua atitude e das suas ações, evoca uma certa simpatia, mas, em última análise, mostra a sua incapacidade de compreender o Amor e o Perdão Incondicional.
Incapaz de pensar para além dos limites da justiça natural, o filho mais velho permanece prisioneiro da inveja e do orgulho, desapegado de Deus, isolado dos outros e pouco à vontade consigo mesmo.
O filho mais velho cuidava dos negócios na fazenda. Enquanto o seu irmão, tolo, estava gastando muito dinheiro numa rebeldia grande, o mais velho agia com a alma, pela opção por um Caminho Reto e Justo. Respeitável e responsável.
O seu irmão mais novo, aos olhos de todos, era sem valor, sem perdão. Contudo, a auto-justiça orgulhosa, do irmão mais velho, e a ambição para si mesmo se mostram de forma crua. Uma cena feia; e era isso que Jesus queria mostrar.
Esta grande parábola é a imagem de duas figuras: Deus na Sua Grande Bondade e Misericórdia e o fariseu na sua miserável mesquinhez espiritual.
Como o irmão mais velho, o Fariseu não servia a Deus, porque O amava, mas, porque trouxe a ele um sentido incrível de superioridade pessoal. Ele era pobre de espírito no seu merecimento imaginário quando ele poderia ser rico pela Graça de Deus, ou seja, ter permanecido ao lado do Pai, evoluindo em Amor, evoluindo em Perdão.
Como o irmão mais velho via o seu irmão mais novo, também os fariseus olhavam com desprezo os “pecadores” desprezados, e jamais viam a sua própria pobreza espiritual.
Amados meus, os dois filhos, dessa parábola, representam dois modos imaturos de se relacionar com Deus: a Rebelião e a Hipocrisia. Porém, estas duas formas superam-se através da experiência da Misericórdia. Só experimentando o Perdão, - só reconhecendo-nos amados por um Amor Gratuito, maior do que a nossa miséria, mas também maior do que a nossa justiça, - entramos finalmente num relacionamento deveras filial e livre com Deus.
Meus amados, esta parábola tão querida aos cristãos, descreve, de modo simples e profundo, a realidade da conversão, oferecendo a expressão mais concreta da obra da Misericórdia Divina no mundo humano.
O Amor Misericordioso de Deus que reavalia, promove e sabe tirar o Bem de todas as formas de mal existentes no mundo e no homem, constitui o conteúdo fundamental da Mensagem de Cristo e a Força Constitutiva da Sua Missão de Amor por todos nós.
Amém! Aleluia!
† Dom Farès Maakaroun
Arcebispo da Igreja Católica Apostólica Greco-Melquita no Brasil
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