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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Magnânima força da escuta...

São João afirma, sem rodeios, no prólogo de seu Evangelho, segundo o original em Grego Koinè: En arque em ö logos (Normalmente traduzido por: “No princípio era a Palavra/Verbo”)...

A expressão logos tem duas principais traduções segundo as duas maiores Tradições Cristãs: a grega, Palavra; a latina, Verbo.

A primeira segue o paradigma de época da Patrística (Tradição dos Primeiros Padres, até séc. VI). A segunda segue o paradigma de época escolástico (Tradição seguinte, que faz uso da Teologia e da Filosofia sistemáticas para falar da Fé e da Razão, sobretudo na Idade Média - séculos VI a XIV).

Como a Fé e a Razão, embora absolutas no conjunto de seus significados, se ajustam devidamente à linguagem da época, o Sumo Pontífice Bento XVI, sensível às deficiências teológicas e filosóficas da modernidade, a partir de seu discurso em Ratisbona, confere um novo e eficiente conceito ao Logos Bíblico, traduzindo-o por Razão (o Logos de Deus, a Razão Divina).

Consideremos, então, estes três conceitos fecundos daquilo que João, o Discípulo Amado, chama Logos: Palavra, Verbo, Razão!... sem pretender, obviamente, entrar nos devidos e necessários meandros filosóficos e teológicos (lembramos, uma vez mais, que este blog se propõe a fazer “provocações” - mesmo que filosóficas e teológicas – mas, não sistematizações).

Palavra é, pois, a comunicação eficaz de tudo aquilo que se produz no íntimo do homem:

- nos seus instintos: visto que o homem é um animal que possui as mesmas sensações químicas e físicas de todos os demais animais;

- nos seus afetos: visto que é isto o que diferencia o homem dos animais e dos anjos, ou seja, a capacidade de realizar a introspecção sensitiva das elaborações quer instintivas, quer racionais;

- nas suas razões: que tais quais os anjos, e em medida de imagem e semelhança a Deus, são capazes de elaborar tanto as experiências instintivas quanto as experiências psíquicas;

Dito isto, a Palavra que Se fez Carne, compreende o todo do homem muito para além dos motivos que A fizeram cria-lo. A Palavra Criadora, portanto, entende o homem na medida exata da experiência de ser humano.

Ora, o que é esta Palavra Criadora senão uma Ação Perfeita?!

Exatamente: Verbo, Palavra em Ação! (verbo é, em todas as línguas humanas, palavra em ação).

Viva o Papa Bento XVI que, com palavras bem diversas das que seguem, parece ter concluído: a Palavra em Ação, isto é, o Verbo, é Tudo o que pode ser elaborado na totalidade do Ser de Deus como Razão Divina, o Lógos!

O que falta dizer?

Muito...

O que falta perguntar?

Uma coisa!

Ora, voltando-nos agora para a palavra humana, podemos concluir: se toda e qualquer palavra tem, necessariamente, um destinatário que precisa ouvi-la; se todo verbo requer um sujeito que precisa obaudire, isto é, obedecer - enquanto ação - o que é determinado enquanto palavra; e, por fim, se toda palavra dita e toda palavra realizada requer um receptor que as compreenda racionalmente, então, qual a importância do papel de quem ouve?

“Em outras palavras”: aquele que “ouve”, completa, na criação, o sentido daquele que fala...

Esta é a magnânima força da escuta!

Por isto Aquela que escutou a Palavra de Deus anunciada pelo Anjo, fez caber com seu fiat a Palavra Eterna em seu ventre virginal, dando-Lhe Carne!

Mas, desçamos à nossa pobre – à minha paupérrima – realidade de dirigir palavras e, principalmente, escutá-las com tal viceralidade...

Entre os homens, nem sempre aqueles que escutam percebem o poder intrínseco do ato de escutar.

Entre os humanos que percebem – ainda que vagamente - a força deste poder, infelizmente, não são todos que conferem à palavra dita o devido valor.

Entre as pessoas que, muitíssimo raramente, se dão conta desta magnânima força da escuta, o difícil – e põe difícil nisto! - é achar quem saiba se comprazer com a assustadora beleza das manifestações íntegras e sinceras das palavras confidenciadas, embora, elas possam estar carregadas de vícios e defeitos.

Mas, o mais penoso para quem fala e ouve com a alma latejando em todos os sentidos da matéria, é perceber que, aquilo que é dito com tamanha viceralidade, seja ignorado ou não propriamente vivenciado por quem diz escutar...

Eu poderia dizer, se quisesse, muito mais para enaltecer o valor formidável, inestimável e infinito do magnânimo poder da escuta... Mas, para quê, se é mais fácil encontrar alguém que ignore – por medo, dúvida ou qualquer outro critério íntimo - minha palavra, do que alguém que a considere como um ato legítimo de presença e de pertença?!

Faltou dizer algo?!

Sim...

Tenho que admitir: minha palavra assusta... e como assusta!

Para esta dura e penosa realidade, estou sem palavras... sou todo escuta...

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN



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