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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sr. Ciúme e Dona Inveja... (Parte I)

Vamos brincar um pouco, literariamente, com os conceitos e com os vocábulos (que carregam em si a força semântica dos conceitos, isto é, seu significado íntimo).

Tentaremos com esta brincadeira exprimir uma linha de raciocínio que nos permita a analogia da lei natural da complementaridade (dos seres a partir do sexo oposto) com a analogia “conjugal” dos “gêneros” das palavras que exprimem o comportamento humano.

Assim como a “cópula” lícita entre as virtudes faz prosperar a “família” da correção moral, o “deleite” imoral entre os vícios aumenta a “prole bastarda” do mal, “gerando” novas “espécies” de deformações do comportamento.

Vamos nos valer da forte característica da língua portuguesa, cujas palavras - que carregam significados conceituais - são bem distribuídas em vocábulos de gênero masculino e feminino, conforme cada caso.

Apresentaremos esse trocadilho “conjugal” nominando um par adamítico de substantivos, cuja “relação” está na gênesis de toda uma linhagem de vícios do comportamento humano.

Interessa-nos, aqui, tal “casal” de vícios, por seu estreitíssimo nexo com as razões de origem e permanência do mal - moral e ético - no mundo natural a partir da espécie que deveria reger com justiça o governo da natureza e o controle das demais espécies, a saber: o homem.

Recordamos que, na sua origem, o mal, está associado ao uso indevido da razão humana, que transgrediu a Verdade e o Bem com a pretensiosa ambição de adquirir o conhecimento do bem e do mal, à revelia do Summum Bonum.

O Livro das Origens registra que tudo que existe desde as primícias da criação é bom, visto que foi feito por Aquele que é somente Bom.

O Sumo Bem fez tudo bom e bem feito - sobremaneira o homem, criado à sua Imagem e Semelhança – para que, conhecendo o bem, pudesse, livremente, progredir no bem e somente no bem.

Portanto, a existência do mal não está associada à origem das coisas criadas.

Uma vez que o mal não está associado a um ato efetivo de criação do Autor do Universo, ele inexiste como realidade em si mesma, isto é, como ato perfeito. Mas, existe enquanto ato imperfeito relativo a uma escolha imperfeita, equivocada ou indevida.

O bem está dado na criação. Ao passo que o mal – não dado por ato de criação - se estabeleceu pelo ato de livre escolha dos seres dotados de razão e arbítrio.

O mal é, portanto, tão somente a oposição/negação/ausência do bem que é dado ou estabelecido.

O mal como puro antagonismo ao bem existente, se desenvolve como processo dinamizador do conhecimento investigativo entre o que é bom e o que é mau.

Esta maneira de perscrutar a natureza das coisas, testificando-as pela prova da negação do que de fato elas sejam, inseriu o homem num estado de ruptura com seu Criador, sob o famigerado e falacioso conselho de que, em assim procedendo, homem e mulher se tornariam como deuses.

Reles pretensão que inaugurou o vício da desobediência (= contraposição às verdades estabelecidas e/ou inerentes às coisas, causas e processos da realidade, todas essencialmente boas). A consequência intrínseca deste ato contra a realidade própria das coisas é o que se chama morte, a saber: a participação na degradação desencadeada pela oposição natural a tudo que é bom, por que foi assim feito.

O orgulho (desejo de conhecer não por amor à verdade, mas por ambição ou vaidade de possuí-la) assediou a obediência (desejo de conhecer as coisas como elas de fato são), fazendo-a despir-se de sua retidão para colocar a fantasia sedutora da dissimulação, trans-formando o ato de escolha em desobediência (desejo de conhecer as coisas como se gostaria que fossem).

Ao “copular”, o orgulho (vontade cheia de si mesma) com a desobediência (vontade indômita), realiza-se a “união conjugal” do “casal” responsável pelas primícias do desencadeamento do mal consciente, livre e racional, do qual “descende” toda espécie de vícios comportamentais do homem.

Tal conjunto de deformações está impresso em todo gênero da espécie livremente pensante sob as circunstâncias do que se chama, em linguagem religiosa, de pecado original.

A coletividade degenerativa deste mal - o pecado - desenvolve associativamente toda sorte de vícios individuais e coletivos, os quais permanecem alojados no inconsciente de todo gênero sob o jugo da racionalidade humana.

Desta associação compulsiva de vícios desdobrados da vontade cheia de si mesma (orgulho) e da vontade indômita (desobediência), surge um “casal” que se torna, a um só tempo, “filhos” do pecado de origem e promotores dele - enquanto mecanismo e processo propalador do mal.

Falemos, pois, destes “primogênitos”, que realizam entre si a mais potente “união” “incestuosa”, da qual deriva a maioria absoluta dos vícios e males comportamentais do ser humano.

Estamos falando do Sr. Ciúme e da Dona Inveja.

O Sr. Ciúme é um substantivo masculino de um certo tipo de sentimento humano, que se apega ao bem de si mesmo em detrimento do bem do outro e, a Dona Inveja, é um substantivo feminino que aspira o que é próprio do outro para o bem de si mesmo.

O que nos permite dizer que, a associação destes vícios causadores da desgraça alheia possua certa “consangüinidade”, está no fato de que tamanha é a identificação “genética” de ambos que alguns dicionários os apresentam como sinônimos.

De fato, se verificarmos a origem comum destes vícios, nós perceberemos que ambos ambicionam certo “bem” para si em detrimento do bem do outro.

E quando estes “irmãos” por significado “copulam” no “leito” da vontade indômita (desobediência), o “incesto” multiplicador dos vícios se instala na vida interior das pessoas humanas.

O ciúme é um sentimento que ambiciona o objeto interno de outrem, isto é, o sentimento do outro.

A inveja ambiciona o objeto externo de outrem, isto é, algo que o outro possui fora dele próprio.

Embora haja uma “conjugalidade” de correspondência entre o ciúme e a inveja e, ainda, que esta “relacionalidade” no âmbito associativo “gere” outros vícios de comportamento, o ciúme é um sentimento que se auto-reproduz continuamente como vício. E é capaz de produzir outros vícios a partir de si mesmo, provocando sentimento profundo – e geralmente de modo inconsciente – de isolamento e solidão internos à pessoa que os desenvolve (espécie de “partenogênese” dos sentidos).

O mesmo se dá com a inveja.

Logo, o invejoso e o ciumento, no mais profundo de seu íntimo, são pessoas que padecem uma agonizante solidão na alma, isto é, uma insatisfação permanente com tudo. O vulgo vazio na alma...

O ciumento e o invejoso, destruidores em potencial que são da felicidade alheia, são absolutamente incapazes de obter satisfação plena, realização completa e felicidade verdadeira para si mesmos. Não obstante imaginem, iludidamente, que obterão tudo isto na medida em que “apropriarem” para si aquilo que, pertencendo aos outros, lhes parece caro (desejo de possuir sentimentos ou coisas alheias).

Sozinhos ou como “casal” promíscuo da vontade própria, o ciúme e a inveja, são mecanismos internos de morte porque, ao matarem o que há de melhor no outro, destroem o que restava de bom em si mesmo.

O ciúme – auto alimentado - se auto reproduz continuamente, provocando, inclusive, ciúmes alheios para fazer equivaler relações entre indivíduos distintos.

O mesmo se dá com a inveja, quando auto alimentada.

É nesta perspectiva que podemos dizer que estes vícios produzem outros quando se ajuntam, mas, quando alimentam-se a si próprios, reproduzem-se permanentemente no sentimento humano, numa espécie de “partenogênese” da vontade viciada.

Já a “reprodução” estimulada de outros vícios a partir do que aqui chamamos de “união promíscua” entre o ciúme e a inveja, se dá quando o ser humano faz “cruzar” dentro de si - de suas capacidades de reflexão e de escolha - estes estímulos de amor próprio.

Continuaremos, numa segunda parte, refletindo sobre estes vícios que estão na origem das principais desordens comportamentais do gênero humano e na gênesis da maioria dos vícios e pecados...

... continua Parte II...

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