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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

sexta-feira, 29 de março de 2013

O BURRICO DE DEUS... PARTE FINAL



Hoje, Sexta-Feira Santa do Ano do Senhor de 2013, preciso dar um desfecho conclusivo às reflexões sobre o BURRICO DE DEUS... tenho que concluir esta abordagem pontual, muito embora o tema em si há de permanecer permeando tudo o que se pretende construir consoante com uma consciência que seja verdadeiramente cristã.

Há também uma lista interminável de questões e temas, igualmente relevantes, que urgem serem desenvolvidos.

Sendo assim, é duplamente a propósito que cumpramos esta finalização no contexto de meditação da Paixão do Senhor.

Primeiro, pelo fato de que o tema do burrico, sendo o fundamento para postura de uma reta consciência cristã, é inesgotável, e, ter que reduzí-lo forçosamente a três singelas partes amalgamadas aos parâmetros de um blog, convenhamos: é cruciante!

Segundo porque o que haveremos de abordar em seguida, como anunciado nas duas partes anteriores, é de um desafio rigorosamente exigente para um compêndio, quiçá para um post virtual. Logo, tudo o que dissermos poderá ser usado contra nós, inserindo-nos efetivamente na Paixão de Cristo, não como meros observadores, senão como atualizadores existenciais deste Mistério no tempo e no espaço...

Que fazer diante deste arrojado desafio? Dizer ao Senhor, a quem me propus seguir, NÃO SERVIREI?!

Disto, líbera me, Dómine...

Antes, não devo eu fazer repetir em minha insignificante vida de burrico, o trote na mesma direção de percurso d'Aquele que livremente escolhi para carregar sobre meus dias na terra, como meu Senhor e Mestre?

Não devo também eu, apesar da compacta voz interior do meu amor próprio, dura como o casco do animal ruminante, deixar lascar esse casco no choque contra o cascalho da incompreensão alheia e, conscientemente, repetir com Ele, nesta ocasião propícia?:

“Presentemente, a minha alma está perturbada. Mas que direi? ... Pai, salva-me desta hora...Mas é exatamente para isto que vim a esta hora.” (Jo 12, 27)

É... um cristão forjado no amor a Deus maior que a si mesmo e maior que a qualquer outra realidade criada, não poderá refutar-se a este pavoroso Mistério...

Então, vamos prosseguir com a conclusão destas sequências de “provocações” sobre o tema do BURRICO DE DEUS, nesta Semana Santa de 2013, revirando de vez as mesas dos cambistas do Templo Santo do Senhor...

Antes, ainda, um registro muito a propósito, afinadíssimo com a ‘linha do tempo’ do BURRICO DE DEUS.

Ontem, na Missa da Unidade, na qual só participaram aqueles que, não obstante diferenças multiplas, conservam-se humildemente integrados às exigências do Corpo Místico de Cristo, o presbitério de Juiz de Fora reuniu-se para renovar seu compromisso sacerdotal de serviço e obediência à Santa Igreja, através da Autoridade Episcopal.

Diferenças litúrgicas (a liturgia é variada na Igreja: são 23 Ritos Católicos diferentes, cada qual segundo sua própria Tradição); diferenças pastorais; acentos diferentes dos Carismas; enfim, nada disto pode rasgar o Manto Uno de Cristo...

A humildade é a linha sem ememda que tece, ponto a ponto, a Túnica Inconsútil do Cordeiro Imolado!

Os espíritos incautos, soberbos, adoecidos na vaidade e no amor próprio, ao contrário da humildade requerida para o adequado serviço de Deus no Sacerdócio Ordenado, rasgam entre si suas próprias túnicas, pensando estarem revestidos da Túnica de Cristo... quão triste é esta duríssima realidade que guia o interior de muitos que, não obstante a fachada de catolicidade, estão chafurdados no âmago do protesto, que caracteriza o “espírito revoltoso”...

Contudo, aqueles que vencendo - ainda que a duras penas - as contrariedades interiores, manifestaram sua unidade com a Autoridade Eclesiástica local, puderam usufruir da afortunada reflexão feita pelo Sr. Arcebispo Arquidiocesano, Dom Gil Antônio Moreira, a cerca da humildade e seu papel no momento atual da Igreja.

Em sua prédica, o Pastor de Juiz de Fora, fez da humildade a verdadeira protagonista da transição papal.

De suas meditações condivididas com os presentes, elegeu a humildade como sendo o maior e o principal patrimônio magisterial do Papa Emérito Bento XVI, bem como do novo Pontífice o Papa Francisco (que não por menos evocou como nome papal a humildade de Francisco de Assis), e, por último, também patrimônio magisterial da Igreja Católica como um todo, visto que ela adentra a Jerusalém epocal, por assim dizer, montada humildemente no jumentinho a trotar sobre os fatos sui gêneris em dias modernos, a saber:

- a renúncia incomum de um Papa que, apesar do seu vigor intelectual, foi achincalhado desde o início do seu pontificado (insisto na sugestão de leitura – ou releitura – das duas primeiras cartas abertas ao Papa publicadas neste blog a respeito deste penoso fato);

- um conclave sob severa pressão midiática (que torceu e distorceu, à valer, a partir de escândalos e falhas dos filhos da Igreja);

- e, claro, a eleição de um novo Francisco... desta feita Papa... e, pela primeira vez, Jesuíta...

Tudo isto corrobora a Providência Divina, que permanece sendo intrigante gestora da História...

Agora sim! Dito isto - e finalmente! - vamos ao encontro da cruz que nos está reservada por conta desta “provocação” da verdade... a verdade que pode ser extraída a partir da objetiva e concisa análise da falsa unidade de muitas realidades internas à própria Igreja...

É preciso - de pronto e antes de tudo - registrar em ótimo tom: OS CARISMAS, EM SUA DIVERSIDADE, SÃO OS ELEMENTOS CONCATENANTES DA GRAÇA UNITIVA DE DEUS NA IGREJA!

Na mesma medida anterior, sem aumentar ou diminuir o tom, registramos também: EM GERAL OS MOVIMENTOS REUNIDOS EM TORNO DOS CARISMAS, INVERSAMENTE AO QUE REALIZAM OS CARISMAS, SÃO DOLOROSAMENTE OS ELEMENTOS QUE FEREM A UNIDADE INDEFECTÍVEL DE CRISTO NA IGREJA, PELA IGREJA E COM A IGREJA!

Isto é tão duro quanto verdadeiro. Tão historicamente repetitivo quanto o é misteriosa e aparentemente contraditório. É a base mais submersa do ice berg do “espírito da divisão”, sobre o qual São João versou doutoralmente em sua epístola:

“Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivesse sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são nossos.” (1 Jo 2, 18-19).

Que constatação dramática, penosa, quase inenarrável...

Se, por um lado, os Carismas são Graças autênticas distribuídas por Cristo através do Espírito em toda a Igreja, por outro, a gênese da divisão (que caracteriza o anticristianismo) dá-se a partir da apropriação indébita dos Carismas, acrisoladas na conveniência de quem quer que integre esta ou aquela corrente do catolicismo.

Em outras palavras, sem profunda e perfeita união com a Autoridade Instituída por Cristo, todo Carisma legítimo tende a se corromper. Note-se que é exatamente assim que surgem os cismas, as heresias e as apostasias. Em verdade:

- nenhum cismático feriu a unidade pelo desejo perverso de partir institucionalmente aquilo que sacramentalmente continua unido, apesar de separado eclesialmente;

- nenhum herege dividiu a assembleia, separando-se do Corpo Místico de Cristo, ao torcer, contorcer e distorcer a doutrina de Cristo em favor do casuísmo do livre arbítrio, pelo simples gosto em contradizer aquele que também ama o mesmo e único Mestre;

- ou, ainda, nenhum apóstata negou a fé recebida só pelo prazer de cultivar em si o ódio gratuito contra Deus e Sua Igreja, mas pelo fato de que julga ser o paradoxo da história refém de duas únicas possibilidades: ou porque Deus existe e permite incompreensíveis desmandos (inclusive o da apostasia); ou porque Ele não existe, o que ‘justificaria’ a renúncia da Fé recebida no Batismo;

Todas estas situações são, todavia, o resultado final de dois movimentos internos à consciência, os quais se estabelecem antes mesmo da separação eclesial, no íntimo da alma católica, a saber: o “espírito revoltoso” e seu irmão de danação, o “espírito da divisão”.

Estas coisas se dão no foro íntimo da consciência, mesmo daquelas que se mantém “católicas”, isto é, sem separar-se visível e efetivamente da Igreja, como acontece com muitos indivíduos que acabam juntando-se a outra comunidade cristã ou “cristã” (posto que há comunidades separadas que, embora cristãs deficitárias, são cristãs em algum grau de verdade; e há comunidades divididas que são “cristãs” entre aspas mesmo).

Como não é nosso objetivo nesta “provocação do pensamento” discorrer sobre estas separações formalizadas, voltemos à ‘vaca fria’ da natureza íntima da divisão, que se dá internamente aos ambientes católicos, o que torna nossas observações ainda mais delicadas...

Mas, que tem o tema do BURRICO DE DEUS que ver com tudo isto?

Ora, o comportamento interior de um BURRICO DE DEUS é o único meio capaz de transportar a Verdadeira Fé sem causar divisões internas ou externas... este é o ponto!

Então, fica o alerta: quem quer que não se separe formalmente da Igreja Católica, mas, mantém-se nela dividido interiormente entre o que ela ensina e pratica e o que julga ser o que ela deveria ensinar e praticar, está no rol - talvez sem que o saiba conscientemente - daqueles que regam dentro de si, invés da perfeita unidade, a imperfeita revolta ou imperfeita divisão, com a água contaminada do amor próprio.

Não ficou claro???

Desculpe-me dizer assim, mas, leia de novo o parágrafo acima. E leia com atenção. Leia e releia quantas vezes necessário.

E saiba:

- se a sua consciência ficou de alguma maneira incomodada ou sentiu-se acusada, então, fique em paz, pois isto é sinal de que você também é um BURRICO DE DEUS! Neste caso, basta reconhecer, confessar e recomeçar o itinerário da sua consciência trotando humildemente rumo à entrada da Jerusalém Celeste, exercitando a mudança das suas concepções de foro íntimo e seus sentimentos presunçosos a respeito da Igreja, que não é minha nem sua nem nossa: é de Cristo!

- se, ao contrário, sua consciência não se sentiu acusada, ou muito pior, sentiu-se exageradamente ofendida a ponto de fazer valer ao meu Ministério Sacerdotal alguns “coices” de “cavalo de guerra batizado” - e ferrado com ideias próprias e cravos do livre exame -, então, meu dolorido conselho: CUIDADO!

Cuidado não comigo, pobre burrico de carga, acostumado a levar patadas de todo lado de quem é mais forte e imponente... cuidado com a própria ferradura... pois se você não se separou da Igreja Católica e está nela acusando o Sacerdócio que é de Cristo (ou os sacerdotes, Filhos Prediletos da Mãe de Deus), que embora exercido por gente indigna como eu, a ferradura pode viajar como um bumerangue na história e voltar mortalmente contra sua própria cabeça.

Portanto, se dentro da linha ou corrente católica a que sua consciência está filiada (‘libertadora’, ‘carismática’ ou ‘tradicionalista’), houver apropriação indébita dos Carismas próprios de cada qual (Serviço, Graças Sobrenaturais ou Ensino, respectivamente a cada uma), então, fique atento, pois, se neste caso não se pode atribuir os infelizes rótulos de apóstata, herege ou cismático (em respectiva ordem às correntes apresentadas), caberá, doloridamente, a evidência de uma forte inclinação semi-apóstata, semi-herética ou semi-cismática (igualmente em respectiva ordem), ainda que escondida no véu de uma ‘catolicidade’ nada universal em termos de unidade, e bem particular em termos de divisão...

Meu conselho de padre (que largou tudo para fazer o que você não faz por estar preso a muitos amores ainda neste mundo), de monge (por querer continuar renunciando permanentemente ao amor próprio, com o qual você pode encontrar-se vivendo em plena lua de mel) e de frei sacerdote (irmão menor na Hierarquia Eclesiástica, considerando que talvez nem dela por pura Graça de Deus você faça parte, desprovido, portanto, de qualquer autoridade para assuntos eclesiásticos), mas, sobretudo, meu conselho de BURRICO DEUS mesmo: converta-se a Cristo e à Sua Verdadeira Igreja UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA, a qual atravessa a História, sim, com as Autoridades que Deus se Dignou chamar e constituir para a Salvação dos que elege!

... a propósito, para que esta conversão seja mesmo honesta, ela deve ser humilde, sem protestar interna ou externamente, capaz de sujeitar disciplinarmente a consciência aos mediadores constituídos por Deus, a salvo do livre exame!

Do contrário, por duro que seja dizer isto (para o que já anunciei desde a Parte I desta ‘provocação do pensamento’, esperar duras retaliações), corre-se o risco de conservar-se – invés de converter-se – num ‘catolicismo’ semi-apóstata, semi-herético ou semi-cismático (sempre na mesma ordem de relação com o ‘libertacionismo’, com o ‘carismatismo’ e com o ‘tradicionalismo’).

Por fim, para aliviar um pouco o impacto contundente deste post, e já que citei o apresentador televisivo na Parte II, uma exortação final a la Tadeu Schmidt: “que isso rapaz! Deixa disso!” (serve para as moças também...rsrs).

Nesta Santa Sexta-Feira da Paixão, desejo-lhe uma boa morte para o seu si mesmo, a fim de que Cristo, nesta Páscoa, ressuscite verdadeiramente em sua consciência para que ela seja verdadeiramente cristã, e, humildemente, possa permitir livremente que o Cristo Deus esteja, na terra, montada nela como se ela fora um jumentinho, “filho de uma jumenta”!

BOA PÁSCOA!!!

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN


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