Antes
de prosseguir com a sequência prometida às reflexões iniciadas na Parte I desta reflexão, a qual considera um importante aspecto a cerca do Domingo de Ramos, gostaria
de registrar minha mais profunda gratidão a Deus:
- Obrigado, Senhor, pelo fato de
escolher um jumentinho para transportá-Lo, quer para haver entrado triunfalmente em
Jerusalém quer para atravessar a história em todas as épocas, afinal, de que
outro modo também este "jumentinho" indigno e pecador que, aqui neste blog, se
atreve a rabiscar seus pensamentos, poderia estar junto de Vós?!
E
agradecendo a Deus por uma parte, por outra, aproveito para antecipar aos
caríssimos leitores minhas sinceras desculpas pelas necessárias contundências
que nos vemos obrigados a abordar na sequência desta “provocação do pensamento”.
Por
que me antecipo em desculpar-me?!
Alguns
motivos:
- Porque
esta “provocação do pensamento” vai, de muitos modos, na contra mão dos
sentimentos modernos, os quais desejam relativizar a autoridade na Igreja – e da
Igreja – supondo que ela seria mais “justa” e mais “humana”, se mais
democrática... talvez, os donos destes sentimentos suponham que Deus também
deveria ter sido mais democrático com Lúcifer, antes que este Ser de luz e
inteligência inigualáveis viesse a se transformar no chefe dos demônios. Quem
sabe estes mesmos palpiteiros de uma superdemocracia religiosa pensem, sem que
tenham ainda percebido, que deveria Deus com muito maior razão ser mais
democrático ainda depois que o anjo quedado resolveu, por conta da sua
liberdade de escolher, fazer odiosa oposição à Bondade Divina Infinita, pondo-se
a desgraçar a vida no mundo para fazer Deus, Único Inocente, parecer culpado...
-
Preciso me desculpar porque, para fisgar no fundo da alma humana a gratidão
pela Verdade que só pode vir dAquele que é Verdadeiro, é preciso usar o “anzol”
da palavra franca, isto é, nada “politicamente correta”... e, o anzol, penetra,
fura, enfim, machuca a carne...
-
a lista de motivos geraria uma biblioteca de razões bem fundamentadas, todavia,
apesar de ser impossível registrá-las aqui, uma é crucial e não pode deixar de ser
apresentada. Preciso me desculpar porque, para ser coerente com a Autoridade do
Cristo Deus - que eu como um jumentinho sacerdotal devo carregar até a entrada
na Jerusalém Celeste – terei que usar minha palavra pobre e insignificante para
cortar na própria carne... na carne da catolicidade... e isto será difícil... e
isto vai doer!
Por
mais que o faça com caridade. Por mais que explique se tratar de uma análise
com o fim estrito de chamar a atenção para os riscos embutidos nos
comportamentos das linhas de pensamento internas à própria Igreja, sem, contudo,
absolutamente condenar essas correntes em si, as quais caracterizam belamente a
diversidade da Igreja para construir sua unidade, ficarei exposto à
incompreensão dos integrantes dessas correntes, ou pelo menos, de todos aqueles
que pertencendo a elas, sentirem-se feridos no modo por vezes idolátrico com
que estão a elas ligados...
Que
posso fazer?! Afinal, sou só um jumentinho sacerdotal de Cristo Deus!
E
se eu não mais servir ao propósito de carregar Deus numa consciência intrépida,
na opinião dos que compartilham comigo a Fé cristã, então, restar-me-á o bom
chicote da língua alheia e, em última instância, a partir da intolerância dos
que pretendem tudo tolerar – menos o que penso sobre a legitimidade das
Autoridades constituídas por Deus na Igreja – restar-me-á ser conduzido a um matadouro
qualquer do julgamento humano, como apraz a qualquer jumento que não tem mais
serventia no campo...
Como
de nada irá adiantar antecipar minha defesa em favor da minha justificação
sobre a contundência desta “provocação do pensamento”, passo logo a desenvolver
o tema proposto, dando sequência à Parte I.
Terminei a Parte I de
Burrico
de Deus recordando o fato de que, segundo o Evangelho de Mateus, o povo
estendeu seus mantos para o Cristo Deus entrar em Jerusalém montado num
jumentinho, “filho de uma jumenta”.
Mas, asseverei,
propositalmente, o destaque feito pelo próprio Evangelho de que o Corpo Santo
de Cristo não tocou nenhum destes mantos estendidos pelo povo que, como disse,
ao longo da mesma semana que se tornou para sempre Santa, “não mudou de manto”
para mudar de grito: de “Hosana ao Filho de Davi”, para “Crucifica-O!
Crucifica-O!”.
Fiz realçar com
maior relevância ainda o fato de que fora o manto dos Apóstolos os únicos que
neste contexto teológico tocaram o Santo Corpo de Cristo: “Trouxeram a jumenta e o jumentinho,
cobriram-nos com seus mantos e fizeram-no montar.” (Mt 21, 7).
Que
isto significa?!
Se
este texto fosse escrito pelo Tadeu Schmidt, talvez respondesse: NADA! ISTO NÃO
SIGNIFICA ABSOLUTAMENTE NADA!
Mas,
não é só para comentarista de futebol que talvez isto não significa nada. Suponho que
qualquer exegeta douto concordaria facilmente com o apresentador do Fantástico...
Para
mim, contudo, que não sou nem apresentador do fantástico nem exegeta, pois que
não passo de um jumentinho sacerdotal de Cristo Deus, então, significa TUDO!
ABSOLUTAMENTE TUDO!
O
manto dos Apóstolos está teologicamente estendido intermediariamente sob o Corpo Santo de Cristo e sobre o “lombo” do jumentinho que,
aqui, significa por primeiro o Ministério Ordenado, Sacerdócio de Cristo.
Ou
será por outra razão que a Liturgia Bizantina incluiu no Condaquion aquela
oração que deu origem à primeira parte desta reflexão:
“Ó Cristo Deus,
que no céu ESTAIS sentado num trono,
e na terra montado num jumentinho...”
O Cristo Deus ESTÁ, na terra, montado num
jumentinho. Ele está, de fato, presente no Sacerdócio: que perpetua o Batismo,
que absolve os pecados, que distribui o Único Alimento para a Vida Eterna, que
deixa tudo para servir a Deus e aos homens. É aí que o Cristo Deus está como
primícias em cada época da Nova Aliança, para a partir daí – do sacerdócio –
estar em todas as outras realidades temporais que escolheu estar: no pobre, no enfermo, no injustiçado, etc, etc, etc.
Que aqueles que não creem tenham o direito natural –
visto que a própria Fé é um Dom Sobrenatural – de afirmar que estes argumentos
são meras justificativas para autoafirmação da religião e dos religiosos, isto
é plausível.
Que aqueles que dizem crer tenham a ousadia de
compartir da mesma opinião cética acima, isto é lamentável, senão, anatemático,
sim!
Ora,
quem assim o decidiu que fosse foi o próprio Cristo Deus. Foi ele quem escolheu
para si Apóstolos. Foi Ele quem deu a estes Apóstolos a Autoridade de “ligar e
desligar” coisas entre o Céu e a Terra. Foi Ele quem ORDENOU que assim o fizessem
em memória d’Ele até o Último Dia! Por isto as portas do inferno jamais
prevalecem contra a Igreja. Por isto há mais de dois milênios todas as
instituições humanas, em todas as épocas, sem exceção alguma, odiando a Igreja
Católica e perseguindo-a, passaram e deixaram de existir, fortalecendo ainda
mais a Instituição Divina deixada por Cristo, que permanece atravessando a História da Humanidade rumo ao Último dia.
Isto
pode não ser nada fácil de admitir para os incautos inimigos de Cristo e da
Igreja, mas, que é simplesmente impossível de provar o contrário, é! Doa em
quem doer!
Eu
não avisei no princípio que tamanha contundência haveria de incomodar?
Mas,
se para um não católico - ou para um mal católico - estas palavras podem até mesmo
ser detestáveis, onde estaria em tudo isto, o prenunciado doloroso “corte na
carne”, visto que para o bom leitor católico, tudo o que foi dito até aqui é
puro regozijo?
Tomemos
fôlego! Afinal, o “burrico de Deus”, sendo só um jumentinho, avança e para na
medida de seus limites e na medida de quem o comanda.
Na
Parte III, tentaremos abordar com os necessários melindres da caridade, a velada
– e geralmente despercebida – insurreição contra a Autoridade de Cristo Deus,
que permanece atualizada século por século através do Sacerdócio Ordenado, para:
horror do demônio, desespero dos céticos, mal estar dos falsos crentes,
regozijo dos verdadeiros cristãos e, definitivamente, para a Glória de Deus!
Pe.
Frei Flávio Henrique, pmPN
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