Caros leitores,
devotos como eu, de São João Crisóstomo e de São Pio V (por causa, sobretudo,
de suas Divinas Liturgias),
O Silêncio
de Deus diante da empáfia dos homens, faz brotar das vísceras do orgulho social,
como se fora um verme a carcomer o ego ferido (o amor próprio
"ofendido"), um odioso grito contra tudo que é mais Sagrado!
Há alguns
anos, meditando sobre o silêncio obsequioso da Santíssima Virgem Maria, Mãe de
Deus e nossa, quis tributar a ela uma frase que significasse a altura, a
largura e a profundidade do Seu Silêncio Obsequioso, o qual contribuiu
efetivamente na história para que Deus oferecesse ao mundo a gratuidade
da Divina Salvação.
Eis a frase
que minha pobre inteligência reflexiva concluiu sobre a nobreza eficiente e
eficaz do Silêncio da Santíssima Virgem:
"De
todos os gritos cósmicos, o mais potente, é o Silêncio da Virgem Maria!"
De fato,
segredando, inclusive, sua vontade própria, consentiu, com toda força do seu
arbítrio livre, de sua vontade soberana e de sua inteligência devedora da
Sabedoria de Deus, o maior e mais magnânimo prodígio da História da Humanidade:
a partir da natureza fraca dos homens deu Carne à Natureza Forte de Deus.
Claro, no
curso da história, o Silêncio da Virgem Maria, como via secundária para a
Palavra de Deus - que é por Seu Próprio Verbo a Via Principal - escandaliza a
palavra orgulhosa e pretensa dos homens e mulheres cheios de si mesmos...
O Silêncio
da Igreja não é diferente, porquanto, senão, grata atualização deste fecundo
Mistério de Maternidade geradora da Graça Soteriológica!
Que seria
das gentes insanas se não tivessem em favor de suas consciências o Poder da
Igreja de trancafiar os pecados da humanidade, "cum clave" do
Sacramento da Confissão, os mais perversos movimentos ocultos do ego humano. Ao
contrário de Freud - que abriu a caixa de pandora cheia de escorpiões negros,
enlouquecendo de vez o mundo - a Igreja, ciosa de proteger o homem das
maquinações perversas de seu próprio ego, mantém os escorpiões diabólicos da
concupiscência trancafiados no 'She-ol' da inconsciência (ou consciência
profunda) do homem... lá, trancafiados sob o lacre do silêncio obsequioso,
acontece a tsedaká (Justiça de Deus), a saber: a um só tempo o escorpião negro
da concupiscência pica com a força da morte o ego e o amor próprio, impedido
que está de sair para fora do homem para picar com a força do EGOísmo o seu
semelhante...
O Silêncio
de Bento XVI, o "Papa Sansão", vai dizer mais que o conjunto
eloquente de suas palavras, que figuram entre as mais sábias palavras dirigidas
aos homens, por um homem, depois da modernidade...
O silêncio
obsequioso do “Papa Sansão” fará ruir sobre as consciências do século, que insiste
em opor-se odiosamente à Igreja de Jesus Cristo, o peso das Colunas do sonho de
Dom Bosco, as quais sustém a Barca de Pedro em “águas agitadas”, como bem
definiu o próprio Papa emérito antes de recolher-se no claustro da vida humilde
e dedicada à contemplação e oração.
O “Papa
Sansão” que tombou emérito, cansado e exaurido física e espiritualmente pela
truculência dos católicos, que se lhe opuseram pela falta de franco apoio, como
se portassem “lança em riste” contra o Papa - conforme suas próprias palavras
dirigidas em carta aos bispos do mundo inteiro em 2010 (cf.: Primeira carta aberta ao Papa...) – fará tombar atrás de
si, não as colunas do sonho de Dom Bosco (a Eucaristia e a Virgem Maria), as quais, como dito anteriormente, sustentam a Nau de Pedro em "águas agitadas", mas,
fará tombar contra esta geração incrédula o peso da negligência desta época a
estes elementos fundamentais da Verdadeira Fé Cristã...
O peso deste incômodo que tombará sobre a consciência de uma geração, é devido a
força Divina do Silêncio de Deus – e do silêncio feito por Amor a Deus – como podemos
ver que incomoda o silêncio da Igreja sobre o que Ela, e só Ela, decide
reservadamente com Deus, através do Espírito Santo, sobre Sua Ação na História,
como, por exemplo: guardar em segredo - "cum clave" de sacramento - os pecados
cometidos pelos homens (quaisquer que sejam eles, leigos ou hierarcas) ou
guardar "cum clave" no âmago da intimidade com Deus, a escolha de
Deus - e somente dEle - de quem deve Suceder a Pedro, agora ou no futuro...
A mídia,
cuja fama de seus jornalistas depende da capacidade de conseguirem "furos de
reportagem" embasados por fontes confiáveis, está ensandecida com o Método
de Deus de esconder - "cum clave" - do orgulho humano as decisões de Sua Íntima Vontade...
A sociedade
organizada, em todas as suas estruturas de organização, está "agredida"
com o fato de que Deus reserve a Si, na intimidade de Sua Santa Igreja,
"cum clave", os critérios de escolha do Sucessor de Pedro, a quem
confiou Seu rebanho na terra, sem que possam por pressão midiática influenciar
no processo...
Conclusão:
quem espera da Igreja de nossos dias algo diferente do Calvário e da Cruz está
tão cegamente enlouquecido pelo orgulho de decidir as coisas em nome de Deus
quanto entupido da mesma vaidade do mundo de que vai transformar a história com
a pseudo transparência dos jogos de poder patrocinados pelos sistemas de
comunicação...
Não será
por menos que Bento XVI, em uma de suas últimas falas públicas, junto ao
clero de Roma, teria atribuído à pressa dos meios de comunicação, pelo deslocamento de seu real contexto, a responsabilidade pelos desvios e distorções daquilo que o Concílio Vaticano II
pretendia comunicar ao mundo, pastoralmente, diga-se de passagem, e não
dogmaticamente, como pretendem tantos...
Eis abaixo
o artigo incutido de ódio contra o Mistério do Silêncio Obsequioso que rege a
Igreja na História, que despertou-me do meu silêncio monástico para voltar a
escrever algo e postar em meu blog, calado pelo cansaço de tentar dizer ao
mundo o que o mundo não quer ouvir em favor de sua própria salvação
escatológica...
Pe. Frei
Flávio Henrique, pmPN
p.s: Há quem vá dizer que eu estou fazendo
apologia à falta de transparência da Cúpula da Igreja ou defendendo o “direito”
da Hierarquia Eclesiástica de pecar à vontade e se auto proteger... não se
trata disto. Antes, estou defendendo o Direito Divino de reservar a Si, através
da Sua Única Igreja, os pecados de todos aqueles que tão facilmente acusam a
Igreja Católica e Apostólica, embora esperam dela uma transcendente
luminosidade histórica que lhes aponte um Caminho para religarem-se de algum
modo com Deus... vai entender os homens?!
Abaixo a reportagem intitulada "Dilema entre segredo e transparência é o desafio do futuro papa no Vaticano":
ROMA - Não bastassem os escândalos financeiros e sexuais que abalaram a imagem da Igreja Católica na última década, o sucessor de Bento XVI terá de enfrentar um desafio cada vez mais importante em Roma: o da comunicação.
A disputa entre cardeais por mais
transparência ou pela preservação da cultura do segredo que norteia até aqui a
instituição ficou clara nessa semana, quando o Colégio Cardinalício impôs a seus
membros a lei do silêncio em meio às reuniões pré-conclave, estrangulando -
pelo menos por ora - o esforço de relações públicas empreendido por um grupo
crescente no Vaticano.
O prenúncio da
disputa por maior abertura da Cúria Romana foi o caso VatiLeaks, que trouxe a
público durante o pontificado de Bento XVI informações sigilosas sobre
corrupção e tráfico de influência na cúpula do poder. O vazamento teria sido
para muitos um acerto de contas entre facções italianas, mas também uma
demonstração de que a relação entre o Vaticano e seus fiéis não pode mais ser
baseada na opacidade.
Apesar de sua
repercussão negativa, o VatiLeaks não foi suficiente para convencer a maior
parte dos cardeais sobre o problema. Há dez dias, os cardeais brasileiros d.
Raymundo Damasceno e d. Geraldo Majella Agnelo vieram a público para fazer
pressão pela revelação, nas reuniões pré-conclave, de detalhes de uma
investigação sobre o VatiLeaks. O argumento era simples: para melhor escolher o
papa, é preciso saber o que de fato se passa na Cúria Romana.
Outra
iniciativa por mais transparência vinha sendo feita até a semana passada pela
Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), que convocava
entrevistas coletivas nas quais seus cardeais falavam - de forma superficial e
sem violar segredos de Estado - sobre os principais temas discutidos nas
congregações-gerais.
Nas
entrevistas, cardeais como o americano Daniel DiNardo, arcebispo de
Gavelston-Houston, no Texas, manifestavam preocupações quanto aos escândalos de
pedofilia, sexo e corrupção no Vaticano. "Nós queremos saber o máximo
possível sobre a governança na Igreja", disse na terça-feira, explicando
que essas discussões estavam retardando o início do conclave.
As
declarações, entretanto, geraram ciúmes e insatisfação entre cardeais mais
conservadores. Na quarta-feira o Colégio Cardinalício impôs a lei do silêncio,
fato confirmado em nota oficial pela diretora de Relações com a Mídia da USCCB,
irmã Mary Ann Walsh. "Por causa das preocupações sobre relatos publicados pela
imprensa italiana, o que quebrava a confidencialidade, o Colégio de Cardeais
decidiu não conceder entrevistas."
Para alguns
dos mais importantes vaticanistas e estudiosos da Igreja consultados pelo
Estado desde então, o atrito revela a dificuldade de parte dos cardeais de se
adaptar a um público que exige mais clareza nas informações e menos segredos -
mesmo se tratando do Vaticano.
"O
segredo não é apenas para a opinião pública, mas também dentro do colégio dos
cardeais. Muitos, em especial os italianos, gostariam que as reuniões
pré-conclave se passassem como sempre foram: em total segredo", diz
Lucetta Scaraffia, vaticanista e historiadora da Universidade La Sapienza, de
Roma.
"Agora há
diversos grupos na Igreja interessados em levar à opinião pública o que se
passa na Cúria Romana, e por isso há tantos vazamentos de informações. É uma
forma de fazer pressão por mais esclarecimentos."
Tensão. Para
Marco Tosatti, célebre especialista do blog Vatican Insider, as dificuldades em
lidar com a mídia são tantas que mesmo as ações tomadas contra os escândalos
acabaram pouco conhecidas do público. "Joseph Ratzinger fez um trabalho
enorme de limpeza da Igreja, escolhendo bispos muito capazes e afastando outros
no mundo inteiro", lembra. "Mas fez um pontificado muito duro, pouco
midiático, muito trabalhoso e obscuro."
O problema da
opacidade é tão central que, paradoxalmente, preocupa até os grupos mais
secretos da Igreja. Desde 1990, o Opus Dei - uma das organizações
historicamente mais conhecidas por seu culto ao sigilo - mantém em uma
universidade pontifícia de Roma, a Santa Cruz, uma escola de comunicação da
Igreja, em que oferece aulas de media training e gestão de crises de
comunicação. Um de seus professores é o espanhol Manuel Sanchez Fandila, que
reconhece o déficit de informação, mas lembra que Bento XVI o enfrentava.
Não à toa o
papa foi objeto de quatro livros-entrevistas, realizados em longos encontros
com jornalistas independentes. "Bento XVI dizia: o problema não está nos
meios de comunicação, mas nos nossos pecados", lembra Fandila. "Temos
de gerenciar melhor nossa postura em uma época de grande tensão
informativa."
Para alguns, a
abertura, ainda que difícil e lenta, está em curso. A existência de um twitter
papal teria sido um esforço - para muitos artificial e próximo do fiasco - de
se aproximar do público jovem. Outra medida foi tomada há três meses, quando o
jornalista Greg Burke, ex-correspondente em Roma da rede de TV americana Fox
News e da revista Time, e ex-professor da Santa Cruz, tornou-se conselheiro de
comunicação do Vaticano. Falta agora doutrinar o futuro papa, para que ele não
repita Bento XVI, que anunciou sua histórica renúncia em latim, uma língua
morta.
(fonte: http://estadao.br.msn.com)
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