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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

domingo, 7 de novembro de 2010

O ORGULHO DO SABER...

Ao recorrermos uma vez mais a este tema, não pretendemos mergulhar passivamente na angústia própria da realidade instalada.

Não se trata da dramatização de um argumento, mas da evidência terrificante dos fatos.

Fatos estes que atestam com clareza, no desenvolvimento da história, a evolução do mecanismo intrínseco daquilo que a religião chama pecado: a gula humana pelo conhecimento do bem e do mal.

Ao fazermos este mergulho nada passivo, produzimos um movimento ad intra (pra dentro), fazendo deste mergulho um exercício de reação ao modo como as coisas se estabelecem.

O saber em si não é mau nem mal...

O que dá ao saber a conotação de bem ou de mal, de bom ou de mau, é o que move o ser pensante na direção do saber, isto é, as intenções adjacentes do ser ao desvendar o conhecimento.

O propósito íntimo, o desejo latente, a vontade a priori movida por uma curiosidade de saber como seria a experiência inversa ao bem dado - e ainda não conhecido – é o mecanismo interno do mal.

Este mecanismo intrínseco do mal é o gatilho que dispara a escolha do saber a qualquer custo, de qualquer modo, sem qualquer critério ou respeito ao bem dado como potência primária das coisas, latente no âmago de tudo à espera de uma escolha compatível que se desenvolva como ato secundário correspondente.

O bem É!

O mal se constrói NÃO SENDO.

Se tomarmos como metáfora a narrativa moral encenada no paradisíaco jardim do Éden, o que é indicado como pecado, não foi propriamente o ato de comer o “fruto” do conhecimento.

O homem foi feito para conhecer.

Não faria sentido a natureza humana estar dotada de capacidade para desenvolver o conhecimento e, por uma proibição, ser-lhe impedido o exercício desta faculdade.

Isto seria de uma gigantesca falta de bom senso. Aí sim, teríamos o mal na raiz da criação, anterior à liberdade para estabelecermos escolhas.

Mas, não é esta a realidade apriorística dos fatos relativos ao princípio das coisas.

O bem é universal e constitutivo da natureza própria das coisas existentes.

O mal é a possibilidade estabelecida pela liberdade em escolher, conhecer e investigar a realidade das coisas à revelia do que está dado nelas mesmas ou explorando a negação do que está estabelecido pelo conjunto de suas relações, como critério de verificação.

Portanto a proibição paradisíaca diz respeito a tal mecanismo de desenvolvimento do saber: a investigação da realidade a partir da verificação pela prova de oposição, pela refutação ou rejeição à natureza intrínseca das coisas e dos processos e pela manipulação desrespeitosa das leis naturais.

O fruto proibido não é o fruto do conhecimento, posto que o homem foi feito bom para conhecer o bem.

O fruto proibido é o do conhecimento do bem (verificação das coisas pelo reconhecimento do que elas de fato são) e TAMBÉM do mal (verificação das coisas pela experiência de negação e/ou oposição ao que elas de fato são em si mesmas).

Passadas gerações sem fim e mesmo depois do nascimento do novo Adão, quer dizer, o Novo Homem (biblicamente chamado de Filho do Homem, ou Cristo, que é Ungido de Deus) que fez e conheceu exclusivamente o bem ao acessar o conhecimento de todas as coisas considerando-as como de fato elas são (por isto se diz em obediência a Deus), aquele velho homem adamítico continua a reinar em nós.

Dois mil anos após a intervenção ímpar de Deus na história humana, enviando o Verdadeiro Deus Filho, feito Verdadeiro Homem, nós, humanidade, embora legítimos co-herdeiros desse processo de recriação, continuamos transgredindo o acesso à árvore do conhecimento do bem e do mal...

E, o que é pior, nós continuamos realizando mais o mal do que o bem, embora, sempre usamos como pano de fundo, a “intenção” de fazer o bem para justificar o mal que realizamos...

Analisando a dinâmica da linguagem, que exprime o comportamento humano através de conceitos e idéias, a partir de uma pesquisa recente feita por lingüistas, poderemos observar a força obtusa do conhecimento do bem e do mal perpetuado na história e suas consequências enquanto crescimento prático do mal evidente nos indivíduos e nas coletividades.

Como se diz amplamente que contra fatos não há argumentos, então, vamos aos tristes fatos, que atestam esse nosso argumento.

Segundo uma pesquisa realizada - tendo por fonte pessoas de variadas classes culturais, econômicas e sociais dos cinco continentes do globo - levantou-se uma listagem contendo 102 (cento e dois) neologismos surgidos no final do segundo milênio.

Lembrando que, neologismo, é o nome dado a uma palavra que surge sem precedentes na linguagem (ou cujo novo significado é sem precedente), que é criada para nomear ou designar algo que surge e precisa ser comunicado, uma pesquisa contabilizou, a partir destes 102 neologismos, 20 palavras mais citadas por todos os povos e culturas do século XX.

Das 20 palavras mais citadas, 18 (portanto 90%) são usadas para designar coisas relativas à tecnologia, por exemplo: televisão, rádio, computador, informática, avião, etc.

Como não existiam estas tecnologias e estes aparelhos, naturalmente, não existiam estas palavras.

Elas surgiram na língua humana para nomear e significar as realidades que antes não existiam e que passaram a existir ou significados novos que não possuíam e passaram a possuir.

Desse montante de 20 novos vocábulos (neologismo) selecionados como sendo as palavras mais usadas em todas as línguas do globo durante o século XX, apenas 02 (portanto 10%) tem uma conotação de caráter social: holocausto (que a partir do séc XIX passou a significar grandes massacres e catástrofes) e genocídio (também surgida no contexto científico do séc. XIX).

Segundo a pesquisa, que realizou o objetivo de verificar quais os termos, palavras e expressões, sem precedentes nas línguas dos povos e que surgiram para designar realidades até então desconhecidas dos homens, tiramos uma constatação desastrosa...

Os 90% de avanço tecnológico (18 palavras das 20 mais faladas no século XX), realizados com o pretexto de qualificar a vida humana, foram capazes de realizar, na prática, os piores massacres da história de todos os tempos.

Não obstante representadas por “insignificantes” 10% (apenas 2 dos 20 novos neologismos) de termos com sentido social e não tecnológico (holocausto e genocídio), estas duas míseras palavrinhas designam o enorme poder destruidor do homem, causado por sua “grande” capacidade de desenvolver a ciência do bem e do mal.

Das 20 novas palavras mais usadas em todas as línguas do século XX - o século do conhecimento - podemos concluir que: 90% de tecnologia (desenvolvimento da ciência do bem e do mal) foram aplicadas com a máxima concentração destrutiva contra o próprio homem, justificando a condensação da potência do mal em aparentemente “insignificantes” 10% de malefício social.

O mal aqui aparece na sua máxima potência, pois, estatisticamente, como fenômeno lingüístico, ele aparece com “insignificantes” 10% (apenas duas novas palavras de significado social contra 18 novas palavras com significado tecnológico, entre as mais recorrentes no século do conhecimento).

Contudo, insistindo com necessária redundância, tais numericamente “insignificantes” 10% de significado social, exprimem a máxima capacidade de o homem destruir-se a si mesmo (visto que holocausto e genocídio dizem respeito à morte em massa de seres humanos) com o conhecimento que desenvolve acerca do bem e do mal.

Como dissemos na introdução deste texto, não se trata da dramatização de um argumento, mas da evidência terrificante dos fatos, que continuam demonstrando o gigantesco déficit produzido pelo salário do pecado (a morte) ao se continuar comendo do fruto do conhecimento (ciência) do bem e do mal segundo o critério da desobediência.

Se os argumentos da religião - que procuram chamar atenção para o desmando humano - nunca são suficientes para alertar o homem sobre os desmandos do conhecimento aplicado, então, que estes fatos colhidos da lógica instalada pela realidade, sejam ao menos capazes de sensibilizar as potências cognitivas orgulhosas do saber, antes que se complete a indevida invasão do paraíso intra celular humano, na tentativa furtiva de se apropriar indebitamente do segredo concernente ao mistério da vida, que a Escritura Sagrada chama de Árvore da Vida, o que certamente custará ao homem, a segunda e definitiva morte, já que a primeira é um fato universal inexorável.

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

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