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Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Volontà di Dio paradiso mio... e o seu?

É... a Vontade de Deus é o meu paraíso, repetia constantemente Santa Paulina...

O mundo em que vivemos está marcado pela discórdia, pela balbúrdia, pelas contradições, divisões, desentendimentos, enfim, pelos conflitos e guerras... guerras interiores, guerras conjugais, guerras familiares, guerras urbanas, guerras religiosas, guerras econômicas, sociais, culturais, étnicas... guerras, guerras, guerras e mais guerras...

Toda guerra, via de regra, é o ato de combater. Uma guerra se estabelece sempre que duas forças opostas se enfrentam. Ou quando uma vontade ou escolha se estabelece contra o que está instalado ou proposto a partir das circunstâncias ou da vontade alheia.

A guerra é a oposição assumida - como escolha - contra algo ou alguém (que pode ser eu mesmo).

O ser humano, em razão do que denomina ser seu mais legítimo direito individual – a sua vontade – entra permanentemente em situação de combate contra tudo e contra todos...

Podemos dizer sem hesitação: o ser humano está permanentemente em estado de guerra contra si mesmo, contra seu semelhante, contra o mundo e contra Deus!

O ser humano é um soldado de causa própria, que segue religiosamente as patentes do seu querer. O general que ocupa o mais alto posto no comando das escolhas de um indivíduo é o querer. Quando o homem convence a si mesmo, decidindo: eu quero... sai de baixo... é capaz de coisas inimagináveis...

Nesta guerra que mantém diuturnamente contra tudo e todos – a começar por si - a primeira coisa que o homem mata, quando decide algo em seu íntimo, é a possibilidade de admitir que seu desejo não possa ser contemplado.

Como é difícil para o homem desejar alguma coisa e, junto com o desejo, incluir a aceitação da não realização daquele desejo como uma possibilidade factível... A turminha do sucesso que o diga...

Hoje - em dias que estão em voga auto estima, auto imagem, etc – os que perseguem o sucesso e a realização de seus sonhos, dirão que um desejo de conquista que surge de comum acordo com a aceitação de não se atingir o objetivo, é um desejo morto, estéril, sem força, impotente, enfim, fadado ao fracasso desde o momento de sua concepção...

Afinal, pensam: se eu não for forte o bastante para vencer a oposição que existe dentro de mim para atingir meus objetivos, como vencerei todas as demais oposições que contrariam as minhas vontades???...

E assim se estabelece o fogo cruzado entre o querer íntimo e o resto, sem tréguas e sem bandeira branca de paz...

De guerra em guerra a vontade do homem vai se multiplicando e construindo impérios, estabelecendo reinos, impondo ditaduras, negociando - vez ou outra - algum tipo de consenso democrático entre o querer e a não possibilidade de realizá-lo... Mas, em todos os casos, o jogo do poder, que determina quem vai governar o fato prático da vida, está estabelecido... E a voz universal de comando é: Fogo! Fogo! Fogo!

E as guerras dentro do homem avançam altivas contra o território da interioridade e invadem as terras alheias da exterioridade...

E elas se multiplicam, ad infinitum, rompendo dia e noite o sossego da consciência e destruindo a cada instante qualquer frágil tratado de paz...

Tal é a guerra do homem contra o homem...

Por isto a Religião diz que estamos fora do Paraíso... nós fomos expulsos dele... No Paraíso há paz, concórdia, entendimento... diz o profeta Isaías sobre a restauração do Paraíso onde Reina a Paz: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, o leão, como um boi, se alimentará de palha; e a serpente comerá terra. Nenhum mal nem desordem alguma será cometida, em todo o meu monte santo, diz o Senhor” (Isaías.65, 25).

Os espíritos desavisados prontamente concluirão: então a solução para a paz é harmonia conciliadora entre as forças opostas? A passividade total e absoluta diante dos desafios e responsabilidades? A indiferença mórbida face às escolhas e as exigências terríveis impostas pela liberdade? O aniquilamento puro e simples do querer, do desejo, da vontade? Enfim, a paz se estabelece quando “neutralizamos” a guerra com o quietismo?

Não. Definitivamente não...

A harmonia dos opostos, o aniquilamento da vontade, o quietismo das escolhas não promovem a verdadeira paz...

Ora, então, em que consiste a Paz???

A Paz tem seu princípio não na anulação das forças de guerra, estabelecidas no gênero com as marcas do pecado original (que são as motivações do querer e do desejo à revelia da Vontade de Deus).

A Paz tem seu princípio na mudança de alvo. Neste permanente processo de guerra instalado no gênero humano - após o ato intrínseco de perpetuar a oposição à ordem estabelecida na criação (= Vontade de Deus) - o alvo visado para principiar a Paz é o que noutro texto chamamos de vontade indômita.

A Paz começa quando - neste inevitável campo de batalha que é a vida no mundo presente - redirecionamos o canhão da nossa liberdade (carregado com a pólvora de nossas escolhas) e redefinimos o único alvo válido nesta guerra fora do Éden, a saber: a nossa vontade, sempre que ela estiver disposta a destruir a legítima vontade do outro e a Perfeita e Soberana Vontade de Deus.

Isso mesmo, a Paz começa quando o canhão da nossa vontade dispara contra a nossa própria vontade se, ela (nossa vontade), está prestes a invadir o território da vontade alheia (dos homens ou de Deus).

Por uma questão de lógica, a revolta (que amplia as guerras internas e externas ao homem), se é destruída quando a nossa vontade está amotinada, pronta para promover revoluções dentro e fora de nós, então, a Paz se restabelece.

Por isto a Paz não vem do quietismo que aceita a liberdade de todas as vontades (boas e más). A Paz vem da guerra que se trava contra as más vontades, que são todas aquelas que invadem, como já dito, o território particular da vontade legítima do outro e o Universo sem fronteiras da Soberana Vontade de Deus.

A Paz, portanto, não está intrinsecamente dentro do homem. Nem tampouco extrinsecamente fora dele.

A Verdadeira Paz está nAquele que criou o homem para o Paraíso e consentiu que ele pudesse escolher viver fora dele, na medida em que aplica a liberdade de acordo com sua vontade e contra a legítima vontade alheia (Eva insistiu na desobediência contra a vontade de Adão) e contra a inquestionável Vontade de Deus (“Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da CIÊNCIA DO BEM E DO MAL; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente”) (Gn 2, 16b-17).

Logo, a Verdadeira Paz será encontrada dentro do homem se lá puder Reinar a Vontade de Deus e se lá for respeitada a vontade do outro, desde que esta vontade seja também compatível com a Vontade Divina.

A Verdadeira Paz será encontrada fora do homem na medida exata em que todos os fatos – ainda que incompreendidos por nós, devido às evidências do mal aparente – são reorganizados para que na história e para além dela a Vontade de Deus chegue ao seu termo.

Por esta razão, mesmo quando tudo na vida dos Santos parecia acontecer contra eles, causando-lhes o que para nós é um verdadeiro inferno, a Paz permanecia neles. O Céu acontecia na vida deles...

Quem já leu que algum(a) Santo(a) não sofreu horrores? Em contrapartida, qual deles revoltou-se ou fez guerra contra os que lhes impingiram injustiças?

Costumo repetir com freqüência (visto que sou Padre e Monge): o dia que me for apresentado um único Santo (ou uma única Santa) que não padeceu horrores nesta vida (em grande parte das vezes dentro da própria Igreja), então, na mesma hora eu abandono o hábito monástico e o Sacerdócio Católico!

Santa Paulina, primeira Santa do Brasil, padeceu continuamente humilhações, desprezo, indiferença... Foi um suplício a rotina cotidiana dela... E repetia sempre, intrépida: volontà di Dio paradiso mio!

Quer conhecer o Paraíso nesta terra de ninguém, verdadeiro campo de batalha de todos?

Pare de apontar sua vontade contra a vontade alheia que se opõe à sua vontade...

Pare de apontar sua vontade contra a vontade de Deus, mesmo quando você reza dubiamente, apresentando-Lhe uma lista de vontades e, depois, conclui seus pedidos rezando o Pai Nosso, onde pede que Ele mesmo desconsidere tudo o que você pediu antes ao dizer as palavras: seja feita a VOSSA VONTADE!...

Pare de apontar sua vontade contra ela mesma quando: ela é honesta, não fere a vontade alheia (se esta for legítima) e não desrespeita a Vontade Divina...

Volontà di Dio paradiso mio... e o seu?

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

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