Páginas


Bem vindos ao blog do Frei Flávio Henrique, pmPN

Caríssimos(as),
é, sim, nosso objetivo, "provocar" a reflexão para poder confrontar o modelo mental instalado e o paradigma de conhecimento que se arrasta há mais de cinco séculos, na esteira do renascentismo, do humanismo, da reforma protestante, do iluminismo e de todo processo de construção do conhecimento que atenta contra a Razão sadia - que inexiste sem o discurso metafísico - e contra a Verdadeira Fé, distorcida pelos pressupostos equivocados das chamadas nova exegese e nova teologia. (Ler toda introdução...)


* "PROVOCAÇÕES" MAIS ACESSADAS (clique no título):

*1º Lugar: Arquidiocese de Juiz de Fora reconhece avanço da Obra do Pater Noster...

*2º Lugar: Lealdade, caráter e honestidade... no fosso de uma piada!

*3º Lugar: Fariseu ou publicano, quem sou?

*4º Lugar: Retrospectivas e balanços de fim de ano...

*5º Lugar: “A sociedade em que vivemos”: um big brother da realidade...

* "PROVOCAÇÕES" SUGERIDAS:

*Em queda livre na escuridão...

*Somos todos hipócritas... em níveis diferentes, mas, hipócritas!

*Vocação, resposta, seguimento...

*O lugar da auto piedade...

*A natureza íntima da corrupção...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Alegria interior causada pelo desprezo...

Certa feita li um texto que dizia referir-se a uma suposta “pesquisa” - um tanto estranha - que teria sido realizada pela Agência Espacial NASA. Claro, nem me preocupei em buscar pela autenticidade e veracidade da tal “pesquisa”, apesar de considerar que seria muito valioso se, porventura, aquela constatação tivesse, de fato, valor científico.

Mesmo assim, a conclusão hipotética da suposta “pesquisa”, que é no mínimo muitíssimo curiosa pela inventividade construtiva do raciocínio, servirá para introduzir a “provocação” de hoje.

A suposta “pesquisa” era descrita através de um texto com forte linguagem técnica e científica. De toda maneira, reconheço o texto, ainda que não comprobatório, como sendo uma obra prima da engenhosidade literária do ente humano, no afã de exprimir as coisas que lhes são mais caras.

Narrava o texto que, a NASA, teria desenvolvido uma engenhoca, com toda tecnologia disponível em nossa era, para fazê-la circular na órbita terrestre, com o fito de captar algum tipo de freqüência ou ondas sonoras que pudessem registrar eventuais contatos de vida inteligente nesta ou em outras galáxias.

Estaria acoplada ao tal artefato orbital, ou faria parte do conjunto desta parafernália tecnológica, uma espécie de decodificador de sons, que seria capaz de transformar os tais sinais captados, em linguagem compreensível.

Segundo o inventivo autor, grande surpresa teria tomado os responsáveis pelo suposto “projeto” aeroespacial que, ao coletarem os dados do estranho equipamento e decodificarem os sons captados, registraram um número gigantesco de sons variados. Estudando mais atentamente o fenômeno, ter-se-ia chegado à conclusão de que eram reverberações de sons da terra que se propagavam permanentemente no espectro do globo, através de uma espécie reverberação contínua, com se fosse um eco ad aeternum.

De fato, eu, apesar de ter trabalhado muitos anos com tratamento térmico e acústico de ambientes, antes de tornar-me monge, não saberia dizer as verdadeiras implicações e possibilidades físicas da idéia em questão, visto que minha experiência no campo da acústica era mais de ordem prática com relação aos meios de absorção do som para qualificação de ambientes.

De modo que não me detive antes - e não me deterei agora - com os pressupostos físicos do fenômeno da hipotética “pesquisa”. De fato, tomo a suposta “pesquisa” como alegoria, e não me deterei em absoluto em perder tempo raciocinando a variação do comportamento das ondas sonoras no espectro do globo terrestre.

Mas, prossigamos com a idéia subjacente ao referido texto, o qual indicava que nas avaliações dos “cientistas” responsáveis por este suposto “projeto” da NASA, os sons captados e decodificados diziam respeito às tais propagações reverberantes das ondas sonoras produzidas em todo globo.

Muito bem, ao fazerem a separação e identificação dos sons, uma inusitada surpresa, segundo a magnífica inventividade do autor (que para mim permanece tão desconhecido como a veracidade da pesquisa). Entre tantos sons e vozes misturadas, um discurso parecia completo e plenamente descodificável...

E este mesmo discurso predominava em matéria de repetição em relação aos demais: era o Sermão da Montanha, tal qual descrito no Evangelho de São Mateus, capítulo V...

Caso o eco dessa suposta “pesquisa” não passe, como imagino que seja, da formidável inventividade criativa de meu semelhante, aqui, contudo, vamos fazer ecoar uma vez mais a eloqüência nada inventiva do Sermão da Montanha:

1.Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.

2.Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:

3.Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!

4.Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!

5.Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!

6.Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!

7.Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!

8.Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!

9.Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!

10.Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!

11.Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.

12.Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós (MT 5, 1-12)

Ah! Não fosse o eco perpétuo do Logos de Deus em favor dos desvalidos de todos os séculos!!!

Sim, Glória a Deus no mais Alto dos Céus pela magistral eloqüência desse discurso que, se não reverbera fisicamente como pretendia essa suposta “pesquisa” da NASA, reverbera metafisicamente através dos séculos em favor dos desprezados que tem no Cristo Crucificado a mais relevante imagem do desprezo e do escárnio humano...

Quão digna de piedade é a estultice desse cristianismo maquiado de vanglória humana, que varre o globo de ponta a ponta em nossos dias...

Oh meu doce Crucificado! Quão afortunado é vosso discurso feito naquelas impactantes paragens do Monte Santo das Bem-Aventuranças, que meus pés indignos tocaram no ano de 2009, quando eu completei um ano de sacerdócio...

O que seria de nós, desprezados e desvalidos, se não fosse o Vosso Consolo Celeste que aniquila - na Vossa própria Cruz - a empáfia dos homens cheios de presunção, os quais, cegos na pretensão de atingirem na Terra a Glória que só é devida a Vós? Aquela mesma Glória que recebeste de Deus e que, Vós, havíeis dedicado na Cruz unicamente ao Pai do Céu?!... não dedicada, portanto, aos falíveis “pais” da terra, os quais, como pó, serão devolvidos para ela...

Como vós sois Bom e Sábio, Senhor, ao nos precaver:

“E a ninguém chameis de pai sobre a terra, porque um só é vosso Pai, aquele que está nos céus.” (Mt 23, 9)

Quão verdadeiras são as Palavras que saem da boca de seus profetas:

“Eis o que diz o Senhor: Maldito o homem que confia em outro homem, que da carne faz o seu apoio e cujo coração vive distante do Senhor!” (Jer 17, 5)

E por falar em pai, não posso ser injusto e não admitir a virtude concedida por Deus, Único Pai, ao meu pai biológico, aquele que me trouxe à existência como co-criador aliado de Deus no processo de geração da vida. Ainda hoje, aos 78 anos de vida, tomando um tombo atrás do outro, vejo-o repetir intrépido uma afirmação de Verdadeira Fé, que ele próprio compôs de um misto de humilhações padecidas na existência terrena e de escuta humilde dos ensinamentos da segunda Bíblia (aquele livrinho atribuído à Tomás de Kempis, entitulado Imitação de Cristo):

“Quero ser o último a ser lembrado e o primeiro a ser esquecido!” (Papai Antônio Preste de Castro)

Uma variação sábia e muito interessante do mesmo princípio bíblico adotado pela grande mística da Pequena Via, a doce Santa Terezinha do Menino Jesus que repetia:

“Verdadeira alegria é ser desprezada e tida por nada!”

Desculpem-me o desabafo, mas, é gente desse galardão interior que falta ao nosso século de peripécias tecnológicas, fazendo os homens crerem iludidamente que, inclusive na religião, pode se prescindir da Cruz para viver uma vã glória de realizações temporais exigidas aos berros de um “não sacrifício de louvor” para corroborar a Fé em Deus...

Desculpem-me novamente, mas, isto, é um assalto acintoso aos Céus e à Glória que é devida somente a Deus!

Quanta mediocridade move o interesse humano, meu Deus! Piedade, Senhor! Essa gente não sabe o que faz!

Termino esta “provocação” de hoje com uma reflexão que compus outro dia:

O completo desconhecimento é a finitude da total ignorância...

O conhecimento ou entendimento parcial sobre algo é ignorância parcial sobre todo o resto...

O conhecimento pleno de alguma coisa, ou seja, a consciência justa a respeito de um entendimento adquirido é o que podemos chamar de ignorância sensata ou entendimento possível...

A aplicação ou vivência da consciência que se adquiriu sobre o entendimento das coisas como elas são em si mesmas é, apenas, o primeiro passo para a não ignorância...

Pe. Frei Flávio Henrique, pmPN

Nenhum comentário:

Postar um comentário