Quando
inaugurei este blog, há alguns anos, não pensei prioritariamente em resultados. É
claro que qualquer escritor que se dedica a juntar palavras compondo sinfonia de
ideias, deseja alcançar um público leitor. Seria hipocrisia – mais uma, dentre tantas
(visto que sigo preferindo me acusar que a outros) – de minha parte,
não considerar isto. Todavia, esta que é uma razão inerente a qualquer um que
escreva, neste blog, é mais secundária que primária. Como razão primária, escolhi o mote do blog: “provocação
do pensamento”.
Sim,
“provocar” o pensamento: convidando, chamando, às vezes apelando para que o uso
da razão não se renda quer à odiosa presunção intelectual quer à terrível
apatia – apodrecida ou preguiçosa – do raciocínio. Tarefa de equilíbrio que
tange a irrealização.
Seja
como for, tentei cumpri-lo em muitas postagens. Se não consegui para além de
mim mesmo, atingi o objetivo para dentro de mim mesmo, na medida em que
expurguei em cada letra, palavra e frase, todos os pensamentos que me
provocavam na eterna busca pela verdade íntima de todas as coisas. Note-se:
verdade íntima, não, verdade aparente. Verdade que cobra da própria
consciência, não da consciência alheia. Verdade dos fatos, não das opiniões sobre
os fatos.
Trazer
à tona os movimentos internos dos meus pensamentos, em forma de textos por
vezes obtusos (reconheço) pela linguagem que parece embotada, vítima do gigantismo
da tremenda falta de cultura de nossos dias, exigiu-me, desde o princípio, a
despretensão do crédito alheio. Essa mesma liberdade permitiu-me devolver-me ao
silêncio sem maiores satisfações aos mais de 15 mil leitores deste blog.
Dentre
eles, àqueles mais assíduos, estou seguro que meus respeitos foram demonstrados
e compreendidos pelo necessário hiato do meu silêncio prolongado. Minha
palavra, aqui, não é, jamais, para além dela mesma. É tão somente: nela mesma.
Se
minhas reflexões ou “provocações do pensamento” – frize-se: em favor da purificação
do raciocínio em mim mesmo – reclamaram um certo silêncio obsequioso, não foi
só isto que me afastou de novas publicações desde a última postagem em 2013. Pesou,
sobretudo, o dever de priorizar um mal sucedido contrato comercial com a JMJ
acontecida no Brasil ano passado. De toda forma, ainda com gosto de cinzas na
boca, volto aqui para reinaugurar mais um período de “provocações”.
Numa
frase bem oportuna: estou na área. Embora seja mera coincidência que isto
aconteça durante a Copa do Mundo de Futebol!
Tendo
estado “de molho” durante o desenrolar de mais um aparente fracasso, retomo a
arte de fazer da palavra uma lâmina, a separar o que jamais deveria ter se
misturado na razão humana. Refiro-me à contundência da verdade calcada na
essência das coisas e a mais absurda pretensão de todas as épocas: o
relativismo hermenêutico devedor da conveniência.
Xô
lero lero... enganar para me dar bem é tudo o que eu não quero!
Pululam
em mim pensamentos “provocantes”. Para muitos, eles serão nenhum pouco cativantes.
Para a emoção das massas: irritantes...
Que
fazer? Se eu desejasse me “dar bem” com minhas palavras, teria de trair minha
consciência. Entre viver bem com minha consciência e malfadado com a opinião alheia,
lamento informar: no dia final que me aguarda, nenhum aplauso me valerá para
aplacar o juízo de mim mesmo e tampouco o Juízo d’Aquele que não erra na
sentença e nem faz do ego coletivo testemunho válido no veredito das almas.
Neste
espaço que me é oportuno não me apetece acumular a riqueza da opinião alheia.
Antes, me serve para dividir a pobreza de minha própria opinião.
Se
o mal estar coletivo dos leitores, eventualmente me punir, benfazejo me será o
bem estar das almas que, instigadas pela minha “provocação”, assim como eu
mesmo, hão de preferir fazer destas ideias uma bela carapuça para si próprias.
E
é bem deste modo, após mais de um ano sem postar aqui, que desejo retomar um ou
outro texto para fazer rolar a bola no campo das ideias, em plena Copa do
Mundo, onde as pernas, mais que as cabeças, valem: milhões de vozes apaixonadas
e de dólares patrocinados. Nada contra elas, as pernas habilidosas. Nem contra os
meritórios atletas que sabem explorá-las para delírio das massas. Talvez, algo contra
mim mesmo, que escolhi usar a cuca invés de chuteiras, para meu próprio delírio
e desgosto daqueles que fazem do grito de gol uma vitória contra tantas
desilusões.
Pe.
Frei Flávio Henrique, pmPN
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